Um apelo à amamentação
OMS defende apenas leite materno até aos seis meses.
Falta apoio do Governo
A alimentação exclusiva dos bebés com leite materno até aos seis meses é um objectivo definido pela OMS que as mães portuguesas podem atingir, «se tiverem um apoio mais significativo do Governo», disse esta segunda-feira à Lusa a investigadora Adriana Pereira, membro do Comité Nacional para o Aleitamento Materno.
Para Adriana Pereira, um dos maiores problemas que se coloca às mães que amamentam os filhos está relacionado com a legislação laboral, que dificulta a possibilidade da criança ser exclusivamente alimentada com leite materno nos primeiros seis meses de vida.
«Ao contrário do que se possa pensar, apesar dos problemas, há muitas mães que fazem um grande esforço para poderem amamentar as crianças», salientou a especialista.
Uma das possibilidades mais utilizada passa pelo aproveitamento dos 120 dias (quatro meses) da licença de maternidade, juntando-lhe mais um mês de férias e um outro mês de licença, em que a trabalhadora perde uma pequena parte do vencimento, para perfazer os seis meses em que a criança deve ser exclusivamente alimentada com leite materno.
Adriana Pereira, que falava no âmbito da Semana Mundial do Aleitamento Materno que hoje começou, admitiu que, «com alguma ajuda do Governo», será possível a Portugal cumprir a meta definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela UNICEF, segundo a qual em 2010 metade dos bebés devem ser exclusivamente alimentados com leite materno no primeiro semestre de vida.
A investigadora e docente da Universidade Fernando Pessoa admitiu que em Portugal não existe nenhum mecanismo que permita saber quantas mães alimentam os seus filhos, os últimos dados são de 1999, defendendo que esta questão deve ser resolvida a curto prazo.
Adriana Pereira salientou, no entanto, que o contacto com profissionais de saúde e a investigação que tem feito nesta área permitem estimar que «a quase totalidade das mães saem do hospital a amamentar, o problema é depois a continuidade», alertou Adriana Pereira.
Nas iniciativas previstas para a semana mundial, que hoje começou, será dada uma especial atenção à amamentação na primeira hora de vida do bebé, atendendo a que ela pode contribuir para salvar um grande número de crianças.
Além disso, tem benefícios a curto e longo prazo na vida da criança, nomeadamente ao nível da redução de doenças agudas, crónicas e oncológicas, e ainda fomenta a relação afectiva entre a mãe e o filho.
As estimativas existentes indicam que a amamentação na primeira hora de vida poderá permitir salvar um milhão de bebés por ano a nível mundial, onde se registam, anualmente, cerca de 11 milhões de mortes de recém-nascidos.
Mais informações:
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Parabéns Adriana Pereira e todas as Portuguesas!
Marcus Renato