4 Razões para não precisar escolher entre sua saúde mental e a amamentação
Summary
Lactantes não precisam escolher entre sua saúde mental e a amamentação, pois a maioria dos tratamentos é compatível com o aleitamento. Profissionais de saúde, às vezes, recomendam o desmame em situações de tratamento medicamentoso, o que nem sempre é necessário. Casos extremos são raros, e a decisão final cabe à mãe, com informações adequadas. A amamentação pode ser uma aliada para a saúde mental, ajudando na produção de hormônios que reduzem o estresse e fortalecem o vínculo entre mãe e bebê. A depressão pós-parto não exige o desmame, já que existem medicamentos seguros. Além disso, o estresse não interrompe a produção de leite, mas pode prejudicar a amamentação. O texto conclui incentivando que mães recebam informações corretas e apoio, para que possam cuidar de sua saúde mental sem abrir mão da amamentação.
Gabrielle Gimenez @gabicbs *
Descubra por que não é preciso optar entre sua saúde mental e a amamentação, com informações precisas e dicas de onde consultar se o tratamento medicamentoso prescrito é compatível com a amamentação
Muitos profissionais, diante de uma situação de saúde da mãe (qualquer que seja!), a colocam contra a parede, afirmando que, se ela quiser receber tratamento adequado, precisa desmamar. Essa abordagem muitas vezes ignora a gravidade do quadro clínico e a idade do bebê.
No entanto, é importante destacar que a maior parte dos medicamentos e tratamentos são compatíveis com a amamentação. Somente em casos extremos ou muito pontuais é necessário o desmame, e ainda assim, essa decisão deve sempre ser tomada pela mãe, com base em informações adequadas.
Aqui estão 4 razões pelas quais você não precisa escolher entre sua saúde mental e a amamentação:
1. Tristeza pós-parto (Baby Blues) é comum e temporária
A maioria das mulheres experimenta, em diferentes graus, um quadro de tristeza logo após o parto, também conhecido como baby blues. Felizmente, essa condição geralmente desaparece em poucos dias ou semanas. Durante esse período, a amamentação pode ser uma ferramenta essencial para ajudar a mãe a superar esse estado emocional, favorecendo a produção de hormônios que promovem bem-estar.
2. Depressão pós-parto não exige desmame
Mulheres com histórico de depressão ou cujo quadro de disforia puerperal (tristeza) evolui para uma depressão pós-parto, não precisam desmamar para receberem tratamento adequado. Há medicamentos compatíveis com a amamentação que podem ser prescritos para ajudar no tratamento da depressão, sem a necessidade de interromper o aleitamento materno.
3. Amamentação pode reduzir o estresse
Estudos sugerem que os hormônios envolvidos na amamentação ajudam a reduzir os níveis de estresse da mãe1. Além disso, amamentar fortalece o vínculo entre a mãe e o bebê, promovendo uma interação mais saudável e afetuosa2.
4. O estresse não seca o leite, mas pode prejudicar a amamentação
Contrariando o mito de que o estresse seca o leite, é a maneira como lidamos com o estresse que pode afetar a amamentação. Se o estresse da mãe a leva a fazer uso de chupetas, mamadeiras ou a reduzir intencionalmente o acesso do bebê ao peito, com mamadas muito curtas ou espaçadas, tais interferências podem prejudicar a produção e descida do leite, criando um ciclo vicioso.
Onde obter informações confiáveis
Para aquelas mães que precisam de tratamentos ou medicamentos, é possível consultar a compatibilidade deles com a amamentação no portal e-lactancia.org, mantido pela fundação espanhola APILAM. Lá, você encontrará informações detalhadas sobre medicamentos, fitoterapia, homeopatia, procedimentos médicos, e outros produtos que possam impactar a amamentação.
Se a substância pesquisada não for compatível com a amamentação, o portal oferece sugestões de alternativas seguras que você pode discutir com o seu médico.
Mesmo quando o medicamento é compatível, é sempre uma boa ideia conversar com o profissional que a acompanha e pedir orientação sobre a melhor forma de usá-lo, considerando o tempo que a substância ativa permanece no seu corpo e o período de maior concentração, para minimizar ainda mais qualquer possível risco.
Para concluir
Vamos fornecer às mães as informações corretas e atualizadas para que elas saibam que não precisam escolher entre sua saúde mental e a amamentação. Com acompanhamento médico adequado, apoio efetivo e escuta ativa, é possível cuidar do bebê e da saúde mental ao mesmo tempo.
Cuide-se, mulher. Você e seu bebê merecem.
* Gabrielle é puericultora, mãe de três, editora especial do portal aleitamento.com e autora do livro “Leite Fraco? – Guia prático para uma amamentação sem mitos.
Referências:
1 Kendall-Tackett K. A new paradigm for depression in new mothers: the central role of inflammation and how breastfeeding and antiinflammatory treatments protect maternal mental health. Int Breastfeed J. 2007;2:6. Published 2007 Mar 30. doi:10.1186/1746-43582-6
2 Olza Fernández I, Marín Gabriel MÁ. Neurobiología del vínculo maternofilial: aplicaciones para la lactancia materna y/o artificial. AEPap ed Curso de Actualización Pediatría [Internet]. Madrid: Exlibris Ediciones; 2014. p. 29–39.