Análise descritiva do desenvolvimento de recém-nascidos prematuros que participaram do programa
Método Mãe-Canguru
Objetivo:
Este estudo é uma revisão da aplicação da “Assistência Humanizada ao RN de Baixo Peso – Método Mãe Canguru” e pretende descrever o desenvolvimento motor dos recém-nascidos (RN) prematuros que participaram do programa e suas possíveis correlações, na perspectiva de que o Método Mãe-Canguru (MMC) também pode ser aplicado como intervenção psicossocial e de desenvolvimento.
Métodos:
Participaram do Programa 226 RN, nascidos entre abril 1999 e abril de 2002. Foram selecionados os RN AIG com IG abaixo de 35 semanas que permanecem no programa de forma integral por pelo menos três dias e seguiram em acompanhamento por no mínimo cinco meses. Foram excluídos RN com Broncodisplasia Pulmonar (BDP), sindrômicos, com malformações, com sinais de comprometimento neurológico e óbitos após a alta hospitalar (2,6%). Restaram 70 crianças com idades entre 5 e 34 meses com o seguinte perfil: IG média de 32,5 semanas (27,3-34,2), PN médio de 1565g (1.050-2.295), Apgar médio no 5º minuto de 8,8 (7-10), 56% do sexo masculino, 22 gemelares, 40% nascidos de parto cesáreo. Foram acompanhados após a alta hospitalar até 3,000g e posteriormente no Ambulatório de Desenvolvimento.
Resultados:
A média de ganho de peso/dia de 17g/dia no MMC e 32g/dia na fase ambulatorial. Registramos 8,6% de reinternações na 2ª fase do programa, todas em função de apnéia. O início de Seio Materno Exclusivo (SME) foi com IG média de 35,3 semanas e idade média de 18,8 dias. A alta hospitalar foi com idade média de 29 dias e peso médio de 1.734g. A amamentação na alta hospitalar: 85,7% SME; 2,9% Seio Materno e leite materno ordenhado (oferecido no copinho) e 11,4% SM + fórmula. O número de consultas ambulatoriais variou de duas a 15, e o tempo médio de seguimento foi de 52 dias. Os resultados do ultra-som transfontanela (USTF) foram: 92,5% normais e 12,2% alterados. Quanto ao desenvolvimento: 85,7% exame normal e 14,3% com alterações motoras (4,2% paralisia cerebral, 5,8% atraso motor e 4,3% com alterações tônicas transitórias). A resolução de 42,8% das alterações motoras inicialmente identificadas para 14,3% na revisão de final de arquivo foi atribuída às alterações motoras transitórias. Essas alterações são freqüentes em RN prematuros e não têm valor prognóstico, porém reforçam a necessidade de acompanhamento de longo prazo.
Conclusões:
O MMC não está associado a aumento de risco de mortalidade ou morbidade; os riscos são inerentes à condição de prematuridade e independem da forma de manejo neonatal. O MMC pode ser considerado instrumento facilitador do vínculo mãe-bebê e da amamentação, atando simultaneamente como intervenção psicossocial e de desenvolvimento.
Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie ao
Curso de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento como
parte das exigências para obtenção do grau de Mestre.
Olga Penalva Vieira Da Silva
Descriptive analysis of the development of premature newborns in KANGAROO MOTHER CARE Program
São Paulo, 2003
Hospital Geral de Itapecerica da Serra,
Itapecerica da Serra, SP – BRASIL