Mães soropositivas podem amamentar
Quando se descobre que uma mulher portadora do vírus HIV está grávida, grande parte da atenção volta-se para a saúde do bebê. Todo o possível é feito para que o feto não contraia o vírus e possa se desenvolver adequadamente. Uma das medidas tomadas, nesse sentido, tem sido além de precauções na gestação e no parto, a interrupção da amamentação ao peito com o objetivo de diminuir a exposição do bebê ao vírus, que pode ser transmitido pelo leito materno.
Nesse contexto, estudos sugerem que há uma relação entre a mortalidade dessa criança e o número que a mãe apresenta de linfócitos T CD4, células do sistema de defesa do organismo que são atacadas pelo vírus e que indicam o estágio da infecção do portador. Acredita-se que o grau de imunossupressão da mãe (defesa do organismo) afete diretamente a saúde do bebê.
Uma pesquisa, conduzida por pesquisadores dos Estados Unidos e da Zâmbia, mostrou que os filhos não-infectados de mães com contagem de CD4 inferior a 350 tinham 2,9 mais chances de morrer em até 4 meses do que aqueles cujas progenitoras apresentavam um CD4 acima desse valor. Em geral, os valores normais de um indivíduo saudável não-portador de HIV variam entre 600 e 1200.
De acordo com artigo sobre o estudo, que aguarda publicação no International Journal of Epidemiology, os pesquisadores analisaram um total de 1.435 mulheres grávidas infectadas por HIV entre maio de 2001 e setembro de 2004, atendidas em duas clínicas, na cidade de Lusaka, capital da Zâmbia.
Além disso, segundo os dados apresentados, as crianças de mães com CD4 inferior a 200 durante a gravidez tinham 3,2 mais chances de óbito em até 18 meses se comparadas àquelas cujo CD4 materno era superior a 500. A interrupção da amamentação, por sua vez, também foi associada a um CD4 baixo.
“Nós identificamos que os filhos não-infectados de mães com imunossupressão mais avançada foram amamentados por menos tempo e apresentaram mortalidade mais alta em até 18 meses de vida comparadas às crianças de mães que não estavam imunocomprometidas (com a defesa do organismo prejudicada durante a gravidez)”, afirmam Matthew P Fox, da Boston University (EUA) e colegas, autores da pesquisa. “Por isso estamos discutindo até que ponto, mesmo uma mãe com CD4 baixo, deva ou não dar de mamar a seu bebê”, explicam.
De acordo com os pesquisadores, se confirmados, os resultados devem ser levados em consideração quando da decisão de se recomendar ou não a amamentação para crianças de mães soropositivas não-infectadas pelo HIV.
“Os dados sugerem que é particularmente importante para mães com uma contagem baixa de CD4 próximas do parto persistir em tentar dar de mamar aos seus bebês não-infectados, embora este risco deva ser balanceado com o risco elevado de transmissão do HIV e uma duração maior da amamentação”, destacam.
Proteção e benefícios
Os autores chamam a atenção, ainda, para um problema que assola sobretudo a África, onde os números de infectados pelo HIV são altíssimos e crescem assustadoramente, mas o acesso aos medicamentos é precário.
“Uma disponibilidade maior de terapia anti-retroviral (medicação para o HIV) de alta eficácia deve também permitir às mães que amamentam a oportunidade de prolongar essa fase sem que haja um risco elevado substancial de transmissão do vírus e, conseqüentemente, dar aos seus filhos não-infectados a proteção e os benefícios adicionais decorrentes do leite do peito durante os primeiros meses críticos de vida”, concluem.
“Nossos resultados devem ser levados em consideração quando da decisão de se recomendar ou não a amamentação para crianças de mães infectadas por HIV”, alertam os médicos.
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