QUAIS OS PROCEDIMENTOS CIENTIFICAMENTE COMPROVADOS PARA O PARTO NORMAL e HUMANIZADO ?
CLASSIFICAÇÃO DE CONDUTAS EM NASCIMENTO NORMAL
Este capítulo classifica as práticas comuns e as condutas na categorias de partos normais, dependendo da utilidade delas, efetividade e complicação. A classificação reflete a visão do Grupo de Trabalho Técnico em Nascimento Normal. Argumentos para esta classificação não são determinados aqui. O leitor tem a referencia do capítulo precedente que é o resultado da reflexão e o debate do Grupo de Funcionamento baseada na melhor evidência disponível (números de capítulos entre parênteses).
CATEGORIA A:
6.1. Condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas
1. Realizar um plano pessoal que determine onde e por quem será assistido o nascimento: se será feito com a pessoa que atendeu a mulher durante a gravidez e se conhece marido ou companheiro dela e, se aplicável, para a família (1.3).
2. Avaliar os fatores de risco da gravidez durante o cuidado pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde e durante todo o tempo desde o primeiro contato com o obstetra durante o trabalho de parto e parto (1.3).
3. Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher ao longo do trabalho de parto e parto, assim como o desfecho do processo do nascimento (2.1).
4. Oferecer líquidos orais durante o trabalho de parto e parto (2.3).
5. Respeitar a escolha informada pelas mulheres do local do nascimento (2.4).
6. Prever cuidados durante o trabalho de parto e parto onde o nascimento será possivelmente realizado com segurança e confiança para a mulher (2.4, 2.5).
7. Respeitar o direito de isolamento das mulheres no local do nascimento (2.5).
8. Enfatizar o apoio através dos obstetras durante o trabalho de parto e parto (2.5).
9. Respeitar a escolha de companhia durante o trabalho de parto e parto (2.5).
10. Oferecer às mulheres muita informação e explicações sobre o que elas desejarem (2.5).
11. Não utilizar métodos invasivos nem métodos farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto e parto e sim métodos como massagem e técnicas de relaxamento (2.6).
12. Fazer monitorização fetal com ausculta intermitente (2.7).
13. Usar materiais descartáveis ou realizar desinfeção apropriada de materiais reutilizáveis ao longo do trabalho de parto e parto (2.8).
14. Usar luvas no exame vaginal durante o nascimento do bebê e na dequitação da placenta (2.8).
15. Dar liberdade na seleção da posição e movimento durante o trabalho do parto (3.2).
16. Encorajar posição não supina no parto (3.2; 4.6).
17. Monitorar cuidadosamente o progresso do trabalho do parto, por exemplo pelo uso do partograma da OMS (3.4).
18. Utilizar ocitocina profilática na terceira fase do trabalho de parto em mulheres com um risco de hemorragia pós-parto, ou com risco em constante, ainda que pequena perda de sangue (5.2; 5.4).
19. Esterilizar adequadamente o corte do cordão (5.6).
20. Prevenir hipotermia do bebê (5.6).
21. Realizar “precocemente” contato pele a pele, entre mãe e filho, dando apoio na iniciação de alimentação ao peito dentro de 1 hora do pós-parto, conforme diretrizes da OMS sobre alimentação ao peito (5.6).
22. Examinar rotineiramente a placenta e as membranas (5.7).
CATEGORIA B:
6.2. Condutas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas
1. Uso rotineiro de enema (2.2).
2. Uso rotineiro de raspagem dos pelos púbicos (2.2).
3. Infusão intravenosa rotineira em trabalho de parto (2.3).
4. Inserção profilática rotineira de cânula intravenosa (2.3).
5. Uso rotineiro da posição supina durante o trabalho de parto (3.2, 4.6).
6. Exame retal (3.3).
7. Uso de pelvimetria radiográfica (3.4).
8. Administração de ocitócicos a qualquer hora antes do parto de tal modo que o efeito delas não possa ser controlado (3.5).
9. Uso rotineiro de posição de litotomia com ou sem estribos durante o parto (4.6).
10. Contínuo uso de puxos dirigidos (manobra de Valsalva) durante o período expulsivo (4.4).
11. Massagens ou estiramento do períneo durante o parto (4.7).
12. Uso de tabletes orais de ergometrina na dequitação para prevenir ou controlar hemorragias (5.2; 5.4).
13. Uso rotineiro de ergometrina parenteral na dequitação (5.2).
14. Lavagem rotineira do útero depois do parto (5.7).
15. Revisão rotineira (exploração manual) do útero depois do parto (5.7).
CATEGORIA C:
6.3. Condutas sem evidência suficiente para apoiar uma recomendação e que, deveriam ser usadas com precaução, enquanto pesquisas adicionais comprovem o assunto.
1. Método não farmacológico de alívio da dor durante o trabalho de parto, como ervas, imersão em água e estimulação nervosa (2.6).
2. Uso rotineiro de amniotomia precoce durante o início do trabalho de parto (3.5).
3. Pressão do fundo do útero durante o parto (4.4).
4. Manobra relatada para proteger o períneo e retenção da cabeça do feto no momento do nascimento (4.7).
5. Manipulação ativa do feto no momento de nascimento (4.7).
6. Utilização de ocitocina rotineira, tração controlada do cordão ou combinação de ambas durante a dequitação (5.2; 5.3; 5.4).
7. Clampeamento precoce do cordão umbilical (5.5).
8. Excitação do mamilo para aumentar contrações uterinas durante a dequitação (5.6).
CATEGORIA D:
6.4. Condutas freqüentemente utilizadas de forma inapropriadas
1. Restrição de comida e líquidos durante o trabalho de parto (2.3).
2. Controle da dor por agentes sistêmicos (2.6).
3. Controle da dor através de analgesia peridural (2.6).
4. Monitorização fetal eletrônica (2.7).
5. Utilização de máscaras e vestidos estéreis durante o atendimento do parto (2.8).
6. Exames vaginais freqüentes e repetidos especialmente por mais de um assistente (3.3).
7. Aumento de ocitocina (3.5).
8. Movimentar rotineiramente a parturiente para um quarto diferente para ser atendido o parto (4.2).
9. Cateterização da bexiga (4.3).
10. Encorajamento à mulher para realizar puxos quando a dilatação ainda que completa ou quase completa do colo forem diagnosticadas, antes que a mulher sinta o desejo para puxar (4.3).
11. Aderência rígida para uma duração estipulada do trabalho de parto como 1 hora, se as condições maternas e do feto forem boas e se houver progresso do trabalho de parto (4.5).
12. Parto operatório (4.5).
13. Uso liberal ou rotineiro de episiotomia (4.7).
14. Exploração manual do útero depois do parto (5.7).
Trecho do Documento:
Care in normal birth: report of a technical working group
WHO/FRH/MSM/96.24
Tradução do
MaterNatura