Eu sempre sim. O sim que é pela vida.
Pela não cooperação, o sim, com o mal.
A não violencia como unica saida.
A não violencia como habito essencial.
Eu sempre o sim da alma convencida
A não cooperar com o caos social,
Com a morte por tiro, com a bala perdida,
Com o revolver como simbolo nacional,
Com a violencia banalizada,
Com a estupidez como gesto habitual,
Com a morte, como se a vida fosse nada
E como se matar fosse normal…
Se a bala que estraçalha o corpo humano
E faz jorrar o sangue onde antes não,
Gerando panico por causar o dano,
Causando a morte por hipotensão,
Se a bala que transpassa a artéria aorta,
Se a bala, causadora da lesão
Que torna a coisa viva coisa morta
Contar com minha eventual aprovação,
Eu perderei a minha dignidade…
Eu nunca mais merecerei perdão…
Quem se associa à animalidade
Não faz por merecer a compaixão…
Eu sempre sim. Até quando as pistolas
Forem expulsas das nossas escolas
E ali entrarem somente a letra e o pão…
Eu sempre sim. Até quando os gatilhos
Pouparem a vida dos nossos filhos,
Poupando a honra da nossa nação…
Um sim para que mortes desse jeito:
Um tiro no abdome, outro no peito,
Desapareçam de circulação…
O armamentismo cruel e insensato
Vulgarizou a morte, o assassinato,
O crime, o sangue, o ódio sem razão…
Eu sempre sim. Pela vida. Menos tiros.
Mais alegrias. Menos suspiros.
Diante da bala ninguém é cidadão…
Pela esperança. Pela decencia.
Pela não cooperação com a violencia.
Não disse Cristo a Pedro assim, em vão:
Pedro, embainha a tua espada…
Passarão o Céu e a Terra, como um nada,
Mas as palavras de Jesus não passarão…