Observatório da Medicina: analisa transformações da prática profissional
Observatório da Medicina:
analisa transformações da prática profissional
Em 18 de outubro de 2018, data em que se celebra o Dia do Médico, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) lançou o Observatório da Medicina, uma plataforma digital conduzida por professores, pesquisadores e pós-graduandos sobre as questões que norteiam a profissão, sobretudo a respeito da prática médica, suas transformações e impactos sociais, culturais, tecnológicos, econômicos, laborais e no SUS.
O ObMed foi idealizado pelo médico e doutorando do Programa de Pós-graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva (PPGBIOS) Luiz Vianna. A ferramenta pretende funcionar como um radar captando as principais transformações da medicina contemporânea, como a grande implementação da tecnologia, da inteligência artificial e a interferência da gestão e do mercado na atuação médica.
“Reunimos um grupo de médicos da área da saúde coletiva para pensar a medicina contemporânea e o uso das novas tecnologias na gestão do conhecimento médico, do conhecimento científico e sua interferência na autonomia do profissional”, afirmou Vianna.
A plataforma traz as seções:
Pesquisas e Artigos, Mídias, Notícias e Boletins. As publicações, por sua vez, serão divididas nas áreas de Ensino, Políticas e Práticas, com coordenação dos pesquisadores Sergio Rego, Ligia Bahia e Nelson Sousa e Silva, respectivamente.
“O objetivo é problematizar questões da Medicina atual, suas origens e consequências e, quem sabe, ousar prever seus futuros caminhos olhando para além de seu próprio plano conceitual e prático. Sem se furtar ao debate, por vezes volátil e pontuais, de cada um destes e outros tópicos em que se sentir provocado, a intenção do Observatório é escalar o complexo multicultural, político e econômico de onde possa observar, estrategicamente, o território onde ocorrem as inter-relações que constroem a Medicina. Nosso grupo alimentará os boletins a partir dessa análise” explicou.
Na opinião do diretor da Escola Nacional de Saúde Pública, Hermano Castro, a plataforma é uma ferramenta estratégica para observar as transformações no campo médico e suas consequências na saúde da população. “É de extrema importância que a principal escola de saúde pública do país crie ferramentas para monitorar as transformações no mundo da medicina, principalmente no que tange às influências do mercado, da saúde suplementar e o modo como isso influenciará o atendimento e a saúde da população. Precisamos fortalecer o SUS e, diante do atual cenário de cortes e desmontes, os centros de pesquisa devem monitorar essa realidade”.
O idealizador do Observatório lembra que a plataforma estará atenta às transformações na Medicina e à interferência desse movimento na autonomia do médico.
“Pela primeira vez, a autonomia da decisão médica está saindo do médico. E a preocupação com isso não é moral, é ética. O conhecimento médico está sendo tomado por um conhecimento sistêmico baseado num modelo informatizado e, obviamente, o sistema econômico domina esse saber e interfere nas decisões. Isso é claramente visualizado hoje na prática hospitalar e analisado em termos econômicos financeiros para trazer resultados positivos para quem é dono do negócio. Esse movimento já é forte na área privada e está invadindo a área da saúde coletiva”, reforçou Luiz Vianna.
OBSERVATÓRIO da MEDICINA
Problematizar questões da Medicina atuais, suas origens e consequências, o ousar prever seus futuros caminhos da Medicina. Se o tema central do Observatório é a medicina, o que se pretende é olhar atento, para além de seu próprio plano conceitual e prático. Não se trata de concentrar o estudo sob o viés público ou privado, sob olhar ético ou técnico. Sem se furtar ao debate, por vezes volátil e pontuais, de cada um destes e outros tópicos em que se sentir provocado, a intenção do Observatório é escalar o complexo monte multicultural, político e econômico de onde possa observar, estrategicamente, o território onde ocorrem as interrelações que constroem a Medicina. Mesmo com foco na realidade brasileira, as motivações transnacionais deverão ser motivo de análise. Não se limita, assim, aprioristicamente, temas a serem tratados pelo observatório. Serão consequência da Observação.