Alimentação de crianças de 6 a 12 meses filhos de mulheres em trabalho formal na Grande São Paulo.
Projeto de dissertação apresentado à banca de qualificação do Programa de Pós- Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para obtenção do Título de Mestre em Ciências.
Área de Concentração: Saúde Coletiva
Orientadora: Profa. Dra. Marina Ferreira Rea.
2006
DESCRITORES: Mulher trabalhadora; trabalho; creche; amamentação e alimentação infantil
RESUMO
São Paulo é hoje uma metrópole onde a inserção da mulher no mercado como mãe e lactante, necessita ser mais bem documentada e analisada. Embora grande número de empresas obedeçam às leis trabalhistas oferecendo os benefícios que as mulheres trabalhadoras tem direito, poucas são as que oferecem creche no local de trabalho – condição ideal para a mulher seguir amamentando mesmo após a volta ao emprego.
Objetivos:
analisar as práticas de alimentação infantil e as dificuldades encontradas pelas mulheres que trabalham em empresas com creches e que estão amamentando, assim como suas opiniões sobre a legislação trabalhista.
Metodologia:
através de corte transversal examinou-se uma população de mulheres empregadas em regime trabalhista CLT com filhos na creche da empresa na faixa etária entre seis e doze meses, em 12 empresas. Utilizou-se um questionário estruturado e auto-aplicado pelas mães.
Resultados:
dos 105 casos analisados os dados revelaram que: a prevalência do AM foi de 65,7%. Das que desmamaram cerca de ¼ alegaram que o bebê não quis mais mamar, e 20% que a mamadeira levou ao desmame. As mulheres que trabalham até 8 horas diárias amamentam mais e quando utilizam o transporte da empresa para o seu deslocamento diário, também. Neste grupo de crianças ter nascido de parto normal, não introduzir chupeta nem mamadeira favoreceu a duração da amamentação. Apesar do anseio pelo aumento do tempo de licença maternidade para seis meses, existe muita dúvida se este aumento levaria a mais desemprego para a mulher. Mostrou-se também que a licença paternidade foi importante no pós-parto para a mulher.
Conclusão:
observamos que o desmame já se inicia antes da criança entrar na creche, o que mostra que há outros fatores, tanto relacionados à empresa como a outras questões que interferem na manutenção da amamentação entre mulheres trabalhadoras.
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