III Seminário preparatório para o #agostodourado:
“Fortalecer a amamentação: educando”
Em razão da continuidade da pandemia de Covid-19, mantivemos a edição do Seminário preparatório em versão online, realizado principalmente na última sexta (24), com duas pré-conferências nas noites do dia 22 e 23 de junho, organizado pelo portal aleitamento.com
O evento contou com conferencistas de várias áreas do conhecimento: nutricionista, pediatras, docentes, puericultora, enfermeiras, economista, odontóloga, atriz que é ativista e jornalista. As conferências abordaram:
- Amamentação diversa e inclusiva: o que é? Como praticar?
- Manejo clínico na atenção às famílias LGBTQI+;
- Capacitação de profissionais de maternidade na perspectiva dos novos 10 passos: limites e possibilidades;
- As contribuições da Puericultura
- A história da SMAM no Brasil
- O ensino de Aleitamento na graduação e como Conferência de encerramento
- ODS 2030, na perspectiva de gênero, raça e classe social.
A temática central do evento se concentrou na importância de se abordar todas as perspectivas em relação à amamentação na educação, do ensino fundamental à graduação, e com as novas pós-graduações – Especialização em Aleitamento Materno.
STEP up for breastfeeding: educate and support
“To step up” significa tomar posição a favor ou contra algo, promover uma ideia, S.T.E.P também é a abreviação de Support – Time – Education – Place, que significa: Apoio – Tempo – Educação – Lugar. A tradução oficial para a SMAM no Brasil é: “Fortalecer a Amamentação: educando e apoiando”.
Apresentamos um breve resumo das conferências:
Pré-conferência 01 – As Semanas Mundiais de Aleitamento – retrospectiva histórica
O pediatra e curador do evento, Prof. Marcus Renato, inicia sua exposição com uma bate-papo informal onde apresenta os palestrantes do Seminário e seus temas.
Com a conferência “As Semanas Mundiais de Aleitamento” (SMAM), o docente da UFRJ recorda que a WABA – World Alliance Breastfeeding Action, Aliança Mundial pró Aleitamento propôs celebrar o dia mundial da amamentação no dia 1º de agosto para difundir as metas da Declaração de Inoccenti de 1990. A primeira SMAM aconteceu em 1992, tendo como tema a IHAC – Hospitais Amigos da Criança. E somente em 1999, o Ministério da Saúde assume a SMAM como uma política pública que visa promover o aleitamento no Brasil. Em 2021, o tema do Código da OMS de 1981 se repetiu pela 3ª vez com o slogan “Proteger a amamentação: uma responsabilidade compartilhada.” Denunciou a falta de ética de algumas madrinhas da SMAM que depois de cederem suas imagens para a campanha, fizeram publicidade para a indústria de fórmulas e alimentos infantis.
Ainda foi debatido o fato de que logo de 2022, não parece representar a Semana da Amamentação, já que apresenta um símbolo masculino (seta apontada para cima e para a direita), destoando do enfoque principal que é a mulher que amamenta. Essa desobediência civil está sendo chamada “Revolta da logo”. A Prof. Ludmila, uma das conferencistas justifica o nosso protesto:
Neste século, com tantos questionamentos, reflexões e mudanças, não podemos mais aceitar que o “machismo estrutural” impere em nossas práticas e condutas. Faremos um ato de “desobediência civil” modificando o logo oficial proposto. Não dá para fazer a diferença seguindo com atitudes iguais. O nosso logo mostra nosso posicionamento político e ético. A SMAM somos nós!
Pré-conferência 2 – Como ser uma PUERICULTORA?
A segunda pré-conferência, que aconteceu no dia 23 de junho, traz a escritora e mãe ativista Gabrielle Gimenez, com o tema: “Como ser uma Puericultora?”. Gabrielle, que deixou a carreira de advogada para se dedicar a Puericultura e traz sua experiência como mãe de 3, lembrando de como foi o desmame precoce do primeiro filho. Ela conta que, através de muito estudo e informação, conseguiu fazer diferente com os filhos gêmeos, com a amamentação em livre demanda e prolongada.
A Puericultora, que nasceu no mesmo dia em que o Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno foi adotado – 21 de maio de 1981, fala sobre como a questão cultural atrapalha a normalização da amamentação, com mitos e crenças falsas. E que ela, que hoje mora na Argentina onde a profissão de Puericultora ainda não é legalizada luta e se organiza para que haja um reconhecimento desta profissão.
Gabrielle diz que ao passo que as pesquisas avançam, se entende que a Puericultura começa antes mesmo da criança nascer, com a pesquisa genética dos pais, mudanças de hábitos desde a gestação para que cuidado seja completo e para que haja menos riscos de prematuridade, evitando o baixo peso ao nascer, e prevenindo as infecções sexualmente transmissíveis etc. E ao se falar de Puericultura, também se fala de amamentação e que o tema deveria ser abordado desde a educação básica, afinal ela faz parte da vida de todos e por falta de conhecimento e tabus, acaba ficando esquecida e desvalorizada.
Gabrielle ainda cita a questão dos brinquedos que induzem o desmame e a toda a cultura ao redor disso, como a falta de conhecimento teórico sobre psicofisiologia da lactação onde muitas vezes, a mãe já pari com bloqueios e preconceitos. E diz que o tema deveria ser fundamental na educação, para ser normalizada.
Ela coloca a falta de abordagem sobre a amamentação no pré-natal, onde o foco é apenas no parto havendo o esquecimento de como é o puerpério. Comenta também sobre falta de capacitação da equipe para dar suporte às famílias e prepará-las para a chegada do bebê e traz relatos reais de pacientes sobre o assunto.
Sugere começar pelo básico em relação às orientações da OMS já que muitas mães ou até mesmo profissionais da saúde, não sabem nem mesmo as recomendações fundamentais. Gabrielle ainda afirma que a decisão do desmame é, ou deveria ser, apenas da mulher e que nem médico, nem família deveriam ser os responsáveis por isso. Ela cita como o “peso do jaleco” influencia e amedronta as pessoas que amamentam.
Em relação às recomendações importantes, Gabrielle destaca que normalmente, não há orientação sobre o comportamento do bebê, sobre o fato de que o choro é comunicação, mas quase sempre dizem: “choro é fome, o leite está fraco, dê fórmula!”. Além de ser preciso perceber a classe social e nível de acesso ao conhecimento que a família tem e adaptar a linguagem para que a informação seja melhor absorvida.
E traz a ideia de que, enquanto não há uma capacitação oficial dos profissionais de saúde, é necessário empoderar as famílias para que a amamentação seja devidamente respeitada. Muitas vezes há pressa, falta de pessoal, despreparo. É preciso haver mudança em todo o sistema desde o pré-natal para evitar os conflitos na orientação da assistência pós-parto, sendo o ideal, haver um centro de puericultura nos hospitais, onde haja respeito ao plano de parto da mãe. Além das orientações importantes para quando essa mãe vai para a casa, evitando que médico receitem fórmulas e remédios para estimulação da produção láctea, informações sobre bancos de leite e finaliza: “sua prática clínica não pode ser um obstáculo para a mãe amamentar”.
Ao final, Gabrielle traz as questões sobre a amamentação continuada e tudo que ainda precisa ser feito para que a pessoa que amamenta, tenha plenas condições tanto em casa como no ambiente de trabalho e responde às dúvidas do público, tendo trocas muito relevantes.
Caso queira saber mais sobre esse conteúdo, leia o artigo da Gabrielle que acabamos de publicar 1100 dias, Puericultura & Amamentação: o que eles têm em comum?
Conferência 1 – Leite Materno: inimitável!
A primeira convidada da conferência inaugural da sexta-feira é a nutricionista Rachel Francischi que já inicia sua fala contando que em seu nascimento, o médico de sua mãe receitou, além do leite materno, chá e água, e que sua mãe seguiu as recomendações resultando que ela fosse desmamada em muito pouco tempo. E, 30 anos depois, ela registra seu filho sendo amamentado.
Raquel aborda sobre como a representação do ambiente da amamentação, dentro da arte, foi se modificando. Antes, era sempre um cenário sombrio e solitário e hoje, há a presença da família, num ambiente cheio de luz e tranquilidade. Ela também cita o “período de mil dias”, que é o momento mais importante do bebê, sendo o início de seu crescimento, à base somente do leite materno.
A nutricionista fala um pouco sobre a função de cada nutriente do leite materno e destaca que a ciência sempre estará atrás da evolução na natureza e que a indústria está ainda mais atrás. E ainda coloca que, além dos benefícios para a saúde, a amamentação é o ideal para a economia, já que ela diminui doenças e mortes.
Rachel cita a promoção comercial que existe sobre o ômega 3 e reforça o quanto o leite materno é rico nesse componente. Ela também apresenta as diferenças entre o leite humano e o leite de vaca, assim como também as diferenças do leite materno durante o dia, a chamada chrononutrição, mas reforça que não há restrição. Se a mãe tirou o leite pela manhã, ela pode dar esse mesmo leite a noite para o seu bebê sem nenhum risco de ter havido perda de nutrientes.
Finalizando sua participação, Rachel cita os vírus e bactérias presentes no leite materno, deixando claro que existem muitos que são benéficos para o sistema imunológico do bebê. A pesquisadora também lembra que o leite materno é rico em células-tronco e o quanto isso é importante para a saúde e desenvolvimento do bebê.
Conferência 02 – Amamentação diversa e inclusiva: o que é? Como praticar?
A segunda conferência foi apresentada pela Pediatra Ana Carolina Lorga Salis que pertence ao CADI – Comissão pró Amamentação Diversa e Inclusiva, abre sua apresentação dizendo que o seu lugar de fala é de uma pessoa que apesar de ter nascido e vivido na heterocisnormatividade sempre teve a necessidade de lutar contra o preconceito e a invisibilidade desses grupos sociais. E cita dados sobre a situação atual do Brasil em relação à violência contra pessoas trans, sendo o país que mais mata no mundo e onde a expectativa de vida de uma pessoa trans é de apenas 35 anos.
Ana traz também algumas informações importantes sobre como o sistema heterocisnormativo, impõe as definições de orientação sexual e identidade de gênero na sociedade e explica as diferenças entre: orientação sexual, expressão de gênero, identidade de gênero e sexo biológico. E esclarece também o que é Intersexo, anteriormente chamado de “hermafrodita”, que é são as pessoas que nascem com órgãos reprodutores, genitálias ou cromossomos diferenciados “que apresentam uma anatomia reprodutiva e sexual que não se ajusta às definições típicas do feminino e do masculino”.
A Pediatra também aborda que a identidade de gênero está no cérebro, a orientação sexual está no coração, o sexo biológico está nos cromossomos e acrescenta que a expressão de gênero está na forma como a pessoa se mostra para a sociedade, incluindo roupas, ornamentos etc. A partir disso, ela questiona: como atender de maneira empática a população LGBTQIA+? Entre vários pontos estão conhecer as terminologias, perguntar a/ao paciente sobre qual pronome usar (antes de pressupor o gênero), ter atenção no manejo e no exame físico entre outras questões acerca do tema. E entender que é preciso localizar todos os preconceitos para que sejam desconstruídos.
Ao final de sua apresentação, Ana troca experiências e responde às perguntas do público participante.
Conferência 03 – Capacitação de Profissionais de Maternidades na Perspectiva dos Novos 10 Passos da IHAC: Limites e Possibilidades.
A terceira conferência é ministrada pela Professora e Enfermeira Evangelia Kotzias e dá uma breve introdução à temática da amamentação, enfatizando que a cada dia são descobertos novos benefícios do leite materno para os bebês, para as mães e para a sociedade num modo geral. E lembra que no início da década de 70, a recomendação era que se desprezasse o colostro. Sabendo-se que a amamentação “é um dos investimentos mais eficazes que um país pode fazer para garantir uma população mais inteligente e saudável”.
Evangelia coloca também que a IHAC (Iniciativa Hospital Amigo da Criança) é considerada um dos esforços internacionais de maior sucesso para promover, proteger e apoiar a amamentação no contexto hospitalar e faz uma rápida abordagem sobre todo o caminho que que a IHAC vem percorrendo desde sua criação, em 1991, trazendo uma linha do tempo, mostrando as iniciativas antecedentes e toda a evolução do conhecimento científico ao longo dos anos. Traduzida em mais de 25 idiomas, a Declaração Conjunta WHO-UNICEF se tornou peça central para a IHAC.
Em 2017 e 2020 a OMS/UNICEF lançaram documentos com guias e cursos de implementação da IHAC para treinamento de equipes das maternidades, e mais uma vez, Evangelia reforça os benefícios dos 10 Passos para o sucesso do aleitamento materno. Dando continuidade, a Professora explica cada um dos dez passos e comenta as mudanças durante os anos, como o uso de certos termos e como os cursos foram se adaptando a realidade de cada país que eram implementados. Ela cita o Módulo 3, o mais recente, e diz que o manual foi elaborado para dar sustentação ao treinamento das instituições de saúde que têm contato direto com mães e bebês.
Antes de encerrar, Evangelia comenta sobre os limites e possibilidades do treinamento da IHAC, entre os desafios estão a capacitação dos avaliadores da IHAC do Brasil em relação a nova versão dos 10 Passos, aos instrumentos de avaliação e da nova proposta do Curso de Capacitação e a ampla divulgação dos materiais entre os gestores. Entre as possibilidades, ela cita a criação de GT (grupos de trabalho) de especialistas da Iniciativa pelo Ministério da Saúde, para discussão e encaminhamentos necessários, entre outros.
Conferência 04 – Ensino do Aleitamento na Graduação em Medicina
A quarta conferência traz a Pediatra Cecília Freire, que iniciou sua fala com a importância das orientações sobre o manejo, serem mais humanizadas e menos “técnicas”. E a partir disso, cita algumas barreiras para que a amamentação seja um tema de extrema relevância dentro da graduação, como a influência de empresas de fórmulas no ambiente de educação médica. Assim como a falta de conscientização e apoio da própria população. Cecília fala ainda que há uma recomendação para o aleitamento, mas sempre há um “tudo bem, qualquer coisa tem a fórmula”.
A médica observa que a alimentação alternativa e novos medicamentos tem sua importância, mas o leite materno ainda é o maior aliado da saúde do bebê e da pessoa que amamenta. E lembra que a mãe nunca chega sozinha para amamentar, com ela vem toda uma cultura, todo um sistema social que a faz ter dúvidas e bloqueios. E sobre a classe médica, é preciso entender o que mensagem o profissional envia quando se diz pró-aleitamento, mas compartilha propaganda de fórmulas infantis.
Chegando ao fim de sua fala, Cecília lista alguns conhecimentos e competências em cuidados de aleitamento materno para os estudantes da área da saúde como por exemplo, compreender o papel cultural, social e ambiental como fatores que influenciam as decisões de práticas da alimentação infantil, conhecer a fisiologia da amamentação, conhecer os impactos de uma gravidez, as contraindicações baseadas em evidências e não em crenças pessoais, entre outros.
Em seguida, entra a debatedora da terceira conferência, a médica pediatra Flávia Schaidhauer que começa falando que não há um aprofundamento sobre o apoio ao aleitamento e percebe que os hospitais que são Amigos da Criança, têm um contato maior com a ciência do aleitamento, principalmente na área da enfermagem. E recomenda que as residências sejam feitas em hospitais adeptos à IHAC, pois assim, a amamentação vai estar mais presente – e na prática – na vida dos futuros médicos e médicas.
Juntando-se à Flávia, a segunda debatedora, a Odontóloga Ludmila Tavares fala sobre a amamentação dentro dos cursos de pós-graduação latu e stricto sensu e cita brevemente sobre os pilares que devem sustentar esses cursos. E que é sim preciso entender que não há um manual fechado para lidar com o tema na prática hospitalar, já que cada família tem uma questão, uma experiência individual e que é preciso encontrar o equilíbrio entre a razão e a emoção, ou seja, o conhecimento e as individualidades de cada paciente, mãe e bebê.
Encerrando suas falas e em meio às trocas com o público, as profissionais frisam sobre a importância da amamentação também ser discutida e divulgada de forma correta pelos profissionais da comunicação. Além de pensarem juntas sobre como seria o “mundo ideal” do ensino sobre a amamentação dentro das graduações dos profissionais da saúde.
Conferência 05 – ODS 2030: Na perspectiva de gênero, Raça e Classe Social
A palestrante seguinte foi a Professora da UFRJ, Juliana Kaiser, trazendo uma visão “de fora” do setor da saúde. Juliana cita, como já falado antes por todas as convidadas, que é preciso entender as realidades de cada família para que a prática do aleitamento materno seja eficaz.
Juliana traz um pouco do histórico do ODM, Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, citando os oito grandes objetivos globais assumidos pelos países-membros da ONU que tinham como principal ponto, a erradicação da pobreza e que a Declaração do Milênio e os ODM foram adotados pelo Estados-membros da ONU no ano de 2000.
A professora fala sobre os dados do aumento da fome, sobre a insegurança alimentar e a diferença da classe social e cor em meio a sociedade. Além do fato, das mulheres serem hoje, maioria como chefes de família. Além de abordar outras realidades, fora da cidade como as aldeias, onde ainda prevalecem costumes milenares, onde há a introdução precoce, por meio de grandes empresas, de farináceos e biscoitos, trazendo doenças para uma população que tem uma vivência diferente dos povos urbanos. Tendo inclusive um contexto de muita pobreza, e com ele problemas como prostituição até venda de crianças em troca de comida ou dinheiro. E ainda cita o alto valor da alimentação saudável.
Juliana também aborda a conduta médica que muitas vezes se modifica de acordo com a classe social e cor da pele dos pacientes, além do uso de uma linguagem nada popular, muitas vezes inacessível para pessoas de uma classe social mais baixa, o chamado “mediques” que dificulta o acesso a informações importantes sobre alimentação.
Ao final, Juliana tem importante troca com os presentes, enriquecendo ainda mais o debate.
Um momento de arte, cultura, luta e informação
A atriz Renata Martelli, vem com o grupo LOS MUCHOS e em meio a algumas apresentações musicais, traz um vídeo exemplificando suas intervenções artísticas e contou que as apresentações são feitas em todos os lugares como ruas, calçadas, carros, ônibus, praças públicas, escolas, empresas, universidades, entre outros.
Renata acredita que o teatro é um recurso que facilita o contato entre o público e os profissionais interessados, estimulando a consciência, a reflexão e a compreensão da realidade de forma mais ativa, participativa e humana, fomentando o exercício da cidadania, além de ser uma fonte de cultura e entretenimento.
Os vídeos das apresentações do Grupo Los Muchos tcha-tcha-tcha, se encontram no youtube.
Conferência 06 – Manejo Clínico de Amamentação na atenção às famílias LGBTQIA+
A última palestrante, é a Enfermeira especialista e consultora em amamentação Alessandra Campos que também é membro do @CADI, inicia sua fala com algumas definições sobre termos do universo LGBTQIAP+ e faz uma pesquisa dinâmica entre os participantes. A proposta é tentar entender quais são as dificuldades e preconceitos que as profissionais ali presentes têm acerca do atendimento às essas famílias. E, a cada resultado, trocou informações e experiências com a audiência.
Alessandra fala rapidamente sobre o fato de que pessoas, inclusive alguns profissionais da saúde, não acreditam na amamentação exclusiva, e lista alguns pontos que causam o oferecimento imediato de outras alternativas, sugerindo a maneira correta de se abordar as famílias, observando caso a caso. E, como também já citado por outras profissionais neste seminário, fala da importância da disseminação correta das informações para a família, de todo o contexto que envolve o aleitamento antes e depois do nascimento da criança.
A especialista também apresenta dados de que ainda há pouco estudo sobre amamentação lésbica, como também cita os dados da transfobia no país e a dificuldade do mercado de trabalho para mulheres trans. Alessandra também fala que o conhecimento, habilidades e atitudes são a chave para o manejo clínico correto em qualquer família. Perguntando sobre os pronomes corretos a serem usados e se certificando que a pessoa que pariu a criança, deseja amamentar, principalmente ao se tratar de famílias LGBTQIA+.
Alessandra também faz observações relevantes sobre pessoas trans, onde muitas vezes, alguns procedimentos, sejam cirúrgicos ou hormonais podem ter sido feitos e isso leva a conversa e o manejo, a uma abordagem mais cuidadosa e respeitosa. Logo após, ela faz um resumo importante sobre o Plano de Alimentação Infantil de Co lactação, pré-natal, questões sobre a indução à lactação, entre outros.
Para fechar a noite de sexta, a enfermeira orienta sobre o pós-parto de uma pessoa trans e aconselha que tanto o profissional envolvido quanto a família, podem e devem oferecer ajuda. A amamentação deve estar presente em todos os ciclos, ambientes e formatos familiares.
ENCERRAMENTO
As participantes do Seminário anual de preparação para a SMAM desse ano concorreram ao sorteio de 10 livros atualizados.
Os livros e as sortudas foram:
- Leite Fraco? – Guia prático para uma amamentação sem mitos / Thatiane Avila, Enfermeira Obstetra de Londrina, PR;
- Puericultura no Dia a Dia / Ana Luiza Malzoni, Enfermeira de Ribeirão Preto, SP;
- Manual prático de aleitamento materno: 2a edição / Carina Oliveira, Doula de Guaxupé, MG;
- Um presente para a vida toda: guia de aleitamento materno / Ana Cristina Silvestre, Pediatra de São Paulo, SP;
- Só grávida mesmo / Luciana Reis Baum, Endodontista de Blumenau, SC;
- Histórias de aleitamento em tirinhas / Cristina Gobbo, Médica de Uberaba, MG;
- Só mãe mesmo / Angela Batista, Enfermeira, Especializanda em Aleitamento de Pau dos Ferros, RN;
- Mamãe Desobediente: Um olhar feminista sobre a maternidade / Graciela Alves, Terapeuta Ocupacional de São Paulo, SP;
- Atlas da Amamentação 7ª edição / Graziele Andrade, Nutricionista de São José dos Pinhais, PR.
Agradecemos às Editoras e autoras que doaram os exemplares para os sorteios:
- Editora Timo
- Editora Rubio
- Editora GEN
- Liga de Aleitamento Brasil
- Gabrielle Gimenez / Editora Matrescência Felizmente, o Brasil tem uma tradição de publicação e estudos na área da Amamentação.
Esperamos que o Seminário tenha contribuído para que possamos celebrar o #AgostoDourado com mais preparados e com entusiasmo.
Marquem na agenda, o nosso 4º Seminário preparatório em junho do próximo ano.
Muito obrigado pela presença de tod@s!
Prof. Marcus Renato de Carvalho