Banco de Leite tem 50% de redução nas doações
Em 22 anos de existência, o Banco de Leite Humano (BLH) da Maternidade Odete Valadares, referência em Minas Gerais, já atendeu cerca de 15 mil crianças e recebeu doações que somam mais de 118 mil litros de leite materno. Porém, entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, o número de doações diminuiu. A média diária de leite doado era em torno de 50 litros, mas essa quantidade caiu pela metade, uma redução de 20% se comparado ao mesmo período de férias anterior. Segundo a enfermeira do BLH da maternidade, Iêda Ribeiro, um dos motivos da diminuição é a falta de conscientização e sensibilização das mulheres quanto à importância do ato de doar. Para ela, um fator importante é quebrar mitos. “É importante informar que o leite doado passa por um rigoroso controle de qualidade, pasteurizado e analisado para depois ser distribuído”, informa.
A referência em aleitamento materno da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Karla Caldeira, explica que existe uma legislação que regulamenta a qualidade, o funcionamento e o número de bancos de leite que funcionam no Estado. A maternidade conta com 18 postos de coleta espalhados por Belo Horizonte, região metropolitana e municípios próximos. “Esses postos são usados para abastecer a maternidade. Já Minas Gerais conta com oito bancos de leite humano espalhados pelas regiões de Betim, Montes Claros, Araxá, Juiz de Fora, Uberlândia, Uberaba, Ouro Preto e Varginha”, diz Karla.
E o ato de doar muitas vezes ultrapassa gerações. Camila Naiana, mãe de Leonardo, que está com um mês de idade, já doa seu leite. Ela foi orientada pela tia, que também foi doadora da maternidade. Camila percebeu a necessidade de doar quando sentiu que tinha mais leite do que o filho precisava diariamente. “É a primeira vez que venho e o procedimento é super tranqüilo e não dói nada”, esclarece. Para realizar a doação a mãe é orientada na primeira vez e nas outras passa a realizar o procedimento em casa. Elas recebem máscara, touca e os vidros para doação. Após a coleta, o leite deve ser armazenado no congelador e os profissionais da maternidade vão à residência recolher o leite doado.
Para as mães que vão ao banco buscar o leite é necessário levar uma caixa térmica ou de isopor. “Em casa o leite, mesmo pasteurizado, deve ser armazenado no congelador e descongelado em banho-maria com água morna, já que ele não pode ser fervido. Depois de descongelado ele pode ficar na geladeira por até 24 horas e, se congelado, a sua validade é de seis meses”, informa a técnica em enfermagem da Maternidade Odete Valadares, Maria Lúcia. Podem doar mulheres que estejam amamentando, não façam uso de cigarros, drogas ilícitas, bebidas alcoólicas e tenham seus exames de pré-natal sem alterações, além de não terem recebido transfusão de sangue nos últimos cinco anos.
O pediatra e especialista em aleitamento materno, editor do site www.aleitamento.com
Marcus Renato de Carvalho, explica que o ato de amamentar traz benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê. “O leite materno é um alimento perfeito para o bebê, pois previne doenças crônico-degenerativas, como a Hipertensão, Diabetes, Obesidades e Linfomas, além do fato do lactente mamar no peito ajudar a desenvolver a mandíbula e a face. Para o pediatra é importante esclarecer que toda mulher é potencialmente capaz de produzir leite. “Não existe leite fraco ou ralo, isso são mitos. Além disso, amamentar ajuda a mãe a recuperar o peso, previne Câncer de útero, ovário e mama. Quanto mais a mãe amamenta, mais ela produz leite, o que não a impede de doar”.
Marcus Renato criou há 12 anos o primeiro portal de amamentação – o www.aleitamento.com
em língua portuguesa, em que esclarece dúvidas sobre mãe-canguru, bancos de leite, redes como a WABA, IBFAN, ILCA/IBCLC com setores especiais para mães, pais e profissionais de saúde.