Fumo e amamentação: efeitos a curto prazo no sono e na alimentação de crianças
Mulheres grávidas fumantes causam uma séria ameaça a sua saúde e a saúde da criança. Esta ameaça a criança continua após o nascimento quando elas são expostas passivamente a nicotina e aos outros constituintes tóxicos do cigarro no ar ambiente e no leite materno.
Apesar de a nicotina ser encontrada em grande quantidade no leite materno de mães que fumam, a amamentação ainda assim é protetora. A incidência de doenças respiratórias agudas em crianças cujas mães fumavam foi reduzida com a amamentação, quando comparada aos leites de fórmula.
A nicotina não é considerada contra-indicação para a amamentação,
apesar das recomendações de interrupção do fumo na gravidez e amamentação. Existem poucas evidências de que o fumo provoca efeitos adversos na criança, possivelmente devido ao pequeno número de estudos nesta área.
Mulheres fumantes amamentam menos freqüentemente do que as que não fumam, e quando o fazem, é por um tempo mais curto. As possíveis explicações são que acima de 10 cigarros/dia afeta o processo de aleitamento reduzindo a produção e alterando a composição do leite. As mães são mais propensas a acreditar que seu leite foi insuficiente e ficam menos motivadas a amamentação. As crianças de mães que fumam menos de 5 cigarros/dia apresentam comportamentos de choro e cólica que promovem a interrupção precoce da amamentação.
Este estudo experimental foi realizado para a determinação de como o fumo influencia a amamentação a curto prazo. Quinze mães fumantes foram analisadas em dois dias diferentes, separados por uma semana: o primeiro fumando (não na presença dos seus filhos) e o segundo sem o fumo.
Apesar de não terem ocorrido diferenças entre a quantidade de leite ingerido pelas criancas, houve mudanças no sabor do leite.
As crianças apresentaram um tempo de sono significativamente menor após o fumo (53,4 minutos vs. 84,5 minutos) quando comparados ao dia com abstenção do fumo. Esta redução deveu-se ao encurtamento dos períodos mais longos de sono e redução na quantidade de tempo do sono ativo e profundo. Com o aumento das doses de nicotina ocorreu uma redução na duração do tempo de sono.
Os autores concluem que um episódio de fumo por mães que amamentam altera o padrão de sono da criança. As crianças dormem um tempo significativamente menor e acordam mais cedo dos cochilos. Estas mudanças são atribuídas à nicotina, e quanto maior a sua dose, maior a interferência no padrão de sono.
Mennella J.A., Yourshaw L.M., Morgan L.K. et al
Monell Chemical Senses Center, Philadelphia, Pennsylvania, USA
Se amamentar, não fume.
Se fumar, não amamente.