Tomar Sulpirida para aumentar o leite?
O uso de remédios, com o intuito de aumentar a produção de leite, está cada vez mais comum e cada vez mais perigosa, é muito comum em grupos de mães a frase que diz:
“meu médico me receitou e não tive problemas”; “eu tomei e funcionou bastante, tome também. ”
Mas é importante saber, que nem todo remédio que funciona em um corpo terá a mesma receptividade em outro, ou seja, em certos casos a auto- medicação pode agravar um problema que não era grave e que podia se resolver com apoio e informação de qualidade, como é o caso da produção de leite materno e alguns casos, a automedicação pode levar o paciente ao óbito. Por isso, é sempre necessário consultar um médico que esteja atualizado e que entenda que produção de leite não pode ser tratada como problema e muito menos com remédios que não tem esse fim.
Diversos profissionais de saúde, entre eles obstetras e pediatras, indicam o uso de Equilid ou Dogmatil a lactantes no intuito de aumentar a produção de leite materno para o bebê. Embora o fabricante desse medicamento não aconselha seu uso para aumentar a produção láctea. E a ANVISA – Ministério da Saúde só reconhece seu uso para os casos de doenças psiquiátricas.
O que são estes medicamentos?
Equilid ou Dogmatil são nomes comerciais da Sulpirida. Esta, é um psicofármaco, um antipsicótico, um neuroléptico do grupo das benzamidas indicado para controlar sintomas psicóticos, assim como para elevar o estado de humor de paciente com quadros de depressão. Ele deve ser prescrito por profissionais psiquiatras, depois de uma avaliação.
Porque ele é usado para aumentar a produção de leite materno?
Um dos efeitos colaterais observados pelo Equilid/Dogmatil é o aumento da prolactina. A prolactina é um hormônio secretado pela adeno hipófise e tem como função principal estimular a produção de leite pelas glândulas mamárias e o aumento da mama.
A utilização recomendada para este remédio é o controle de sintomas psicóticos assim como para elevar o estado de humor de pacientes depressivos, tratar quadros neuróticos depressivos, síndrome vertiginosa ou esquizofrenia. Tendo em vista que a Sulpirida é um dos poucos psicóticos compatíveis com a amamentação, profissionais da área psiquiátrica costumam indicá-lo como opção para o tratamento da depressão pós-parto ou no “baby blues”, quadros de ansiedade e outros sintomas psicóticos de mães lactantes. A paciente deve, porém, estar ciente de que este remédio, como qualquer outro psicofármaco, irá não só atuar no equilíbrio cerebral como também vai passar tais substâncias para o leite materno e, consequentemente, para o bebê.
Como age?
Sulpirida exerce uma ação depressora no órgão gravito receptor no ouvido interno, responsável pela manutenção do equilíbrio. Há eficácia no tratamento de vertigens diversas: vasculares, pós-traumáticas, pós-operatórias, de origem cervical, neurológicas, psicossomáticas, iatrogênicas, dentre outras. Eles também atuam inibindo a dopamina, podendo produzir reações extrapiramidais, sedação, inibição central da êmese (vômito) e a produção de prolactina. A dopamina é um neurotransmissor, precursora natural da adrenalina e da noradrenalina cuja função é estimular o sistema nervoso.
Efeitos colaterais
Os efeitos colaterais que podem ser observados são: desencadeamento de crises hipertensivas (arritmia); alteração do ritmo menstrual; corrimento; diminuição do desejo sexual; aumento da mama (inclusive em pacientes do sexo masculino) tonturas; dores de cabeça; sono; pode aumentar o risco de um AVC (acidente vascular cerebral) e produzir síndrome neuroléptica maligna.
Interação
Interage com álcool, levodopa, anti-hipertensivos, outros depressores do sistema nervoso central (analgésicos, morfínicos, barbitúricos, benzodiazepínicos, etc.)
Contraindicação
É contraindicado a pacientes com suspeita de feocromocitoma.
Suspender o tratamento em caso de hipertermia (febre); cautela nos casos de insuficiência renal grave, epilepsia, doença de Parkinson; evitar a condução de veículos ou operar máquinas perigosas durante o tratamento. Realizar avaliação rigorosa durante a gravidez e a lactação.
Uso durante a gravidez
Apesar dos estudos clínicos de teratogenicidade não demonstrarem toxicidade fetal e também não haver registro de malformação fetal durante o uso clinico, deve-se evitar o uso deste remédio nas primeiras 16 semanas de gestação.
Posologia
A dose diária de remédio recomendada pelo fabricante varia entre 200 e 800mg, administradas duas vezes ao dia. E há uma variação da dosagem de acordo com a indicação: Estados neuróticos depressivos; Síndromes vertiginosas; Esquizofrenia; Quadros excitatórios (delírios, alucinações); Sintomas predominantemente depressivos; e Pacientes com sintomatologia mista.
Texto escrito por Ute Ritter, Farmacêutica em Bonn, Alemanha para o site
Mãe de Leite, idealizado e criado pela Conselheira em Aleitamento Materno,
Claete Brito Koch, casada e mãe de duas meninas que a ensinaram que amamentar é um ato aprendido e que a maternidade não é tão simples e nem tão acolhedora como desejamos, mas com certeza a melhor coisa que podia ter lhe acontecido.
“Quando o Pediatra, Obstetra ou Médico de Família não sabe: Aconselhar, Observar uma mamada, fazer uma Avaliação Motora Oral… ele prescreve!”
Marcus Renato de Carvalho
Referências bibliográficas:
Deutsche Apotheker Zeitung, Sulpirid. Site da Deutsche Apotheker Zeitung. Disponível em:
ASCHAU, Christine Vetter, Sulpirid, Quereinsteiger bei den. Antidepressiva. Site da Pharmazeutische Zeitung Online. Disponível em:
DocCheck Flexikon, Sulpirid, Site da DockCheck Flexikon. Disponível em: