Dezoito por cento — no Sudeste o percentual é 8,3% — das crianças de Feira de Santana, na Bahia, fazem uso exclusivo de aleitamento materno até os seis meses de idade
Baixa renda, saneamento básico precário e pouca escolaridade estão entre os muitos problemas sociais enfrentados pela população da cidade de Feira de Santana, na Bahia. De acordo com estudo realizado por Graciete Vieira, da Universidade Estadual de Feira de Santana, e sua equipe, apesar das dificuldades, quando o assunto é amamentação, a cidade se destaca de forma positiva: 18% das crianças completam seis meses de vida recebendo somente leite materno, o que é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Na média brasileira, menos de 10% dos bebês são amamentados exclusivamente até o sexto mês. Na região mais desenvolvida do país, a Sudeste, esse percentual é de apenas 8,3%.
Os bons resultados em Feira de Santana podem ser explicados por vários fatores. “Podemos ressaltar o trabalho sistemático de aleitamento realizado há 15 anos pelos dois bancos de leite humano existentes na cidade, localizados em hospitais credenciados como Amigos da Criança, o Projeto Bombeiro Amigo do Peito e o Projeto Carteiro Amigo do Peito, os treinamentos de agentes de saúde, a realização de eventos científicos, os trabalhos desenvolvidos pela universidade e escolas, além do reconhecido apoio da imprensa e da comunidade”, afirmam Graciete e sua equipe em artigo publicado no Jornal de Pediatria (volume 79; número 5) *.
“Entretanto, será necessário realizar novos estudos qualitativos, para se entender o que está por trás dos resultados matemáticos e possibilitar a reprodução desta experiência em outras localidades”, dizem também.
Graciete e sua equipe comprovaram ainda os benefícios do aleitamento materno.
“A alimentação ao seio é de grande relevância na proteção das crianças contra diversas infecções, sobretudo a diarréia aguda”, garantem no artigo. Depois de entrevistarem mais de 2300 mães, os pesquisadores chegaram à conclusão de que crianças menores de seis meses de idade que não mamavam, se comparadas às que recebiam apenas leite materno, corriam 82% mais risco de terem diarréia. “Quanto maior o número de mamadas, maior a proteção. A simples introdução de água e chá na alimentação da criança esteve associada a um aumento de risco de diarréia”, concluem no artigo.
* Leia a íntegra deste artigo no nosso site www.aleitamento.com
AMAMENTAÇÃO EXCLUSIVA é o tema da Semana Mundial da Amamentação de 2004.