POESIA do Luis Tavares
Amamentar é bom
Quando é no Shopping,
Quando é na quitanda,
Quando é no galpão,
É bom quando é no Maracanã lotado,
É bom no feriado,
E no engarrafamento, por que não?
Amamentar é bom quando é em praça publica,
No Plenário da Camara,
No chão,
Amamentar é bom no meio da aula,
E mesmo matando aula,
Ou comendo pão,
É bom amamentar quando é deitada,
Em pé,
Na missa,
Na passeata,
No salão,
Amamentar é bom de madrugada,
Na parada de 7 de setembro,
No verão,
Na fila do banco,
No Cirque du Soleil,
Assistindo um filme de Jece Valadão,
Vendo novela,
Lendo livro,
Orando,
(Amamentar às vezes é uma forma de oração),
Amamentar é bom atravessando a rua,
Amamentar é bom escutando Lobão,
Amamentar é bom fazendo campanha,
Fazendo boca de urna em dia de eleição,
Amamentar é bom no facebook,
Dando entrevista pra um programa de televisão,
Na UTI Neonatal amamentar é bom,
Pra mãe canguru amamentar é bom,
No dia da alta,
No meio do plantão,
Na casa da sogra, no niver da prima,
Na beira da praia, andando de lotada,
Até na queda do seu time pra segunda divisão,
É bom cantando,
Imitando Carlitos,
Aprendendo inglês,
Traduzindo alemão,
Falando aramaico,
Fotografando Londres,
Escrevendo poesia,
Ou lendo a mão,
Amamentar é bom de qualquer jeito,
O peito que dá leite de peito é campeão,
Amamentar é bom no Banco de Leite,
Amamentar é bom até na solidão…
Em prosa,
Em verso,
Em conto,
Em pegadinha,
No youtube,
No face,
No telão,
Amamentar faz bem pra mãe e pro bebê,
Amamentar faz bem pro coração.
Amamentar não tem tempo,
Amamentar não tem hora,
Não tem lugar,
Não tem inibição,
Atentado é não amamentar por medo,
Atentado aceitar a proibição
Da placa no shopping,
Da regra do Banco,
Das normas da casa,
Da repressão,
Mulheres do mundo inteiro,
Amamentai seus filhos,
Felizes,
Amamentar não é pecado,
Não tem perdão,
Amamentação:
Ampla, geral e irrestrita,
Como quem faz a revolução.
Poesia de Luis Alberto Mussa Tavares