OMS recomenda: Amamente no momento que seu bebê for vacinado
“Mamanalgesia”
Fonte: EVA PARIS@paris_eva
Uma questão que preocupa muito os pais e profissionais de saúde: como reduzir a dor das vacinas injetáveis?
Pela primeira vez a OMS elaborou um documento sobre esse tema recomendando que é conveniente amamentar os lactentes quando eles estão tomando vacinas e imediatamente depois: a sucção é analgésica.
Ou seja, agora é oficial a “Mamalgesia” ou o efeito de diminuir a dor e acalmar os bebês quando são amamentados. Uma prática que já defendíamos e muitas mães já haviam comprovado sua efetividade.
Um Grupo de Especialistas da OMS em Assessoria Estratégica de Imunizações (SAGE = Strategic Advisory Group of Experts) estudou a possibilidade de adaptar as diretrizes vigentes no Canadá para reduzir o sofrimento e o medo que as vacinas injetáveis causam. É uma questão importante, já que o temor as injeções e à dor que causam é um dos fatores que podem induzir pais a atrasar o calendário vacinal ou mesmo abster-se de levar seus filhos.
Baseando-se em evidências científicas realizado pelo grupo SAGE, a OMS publicou recentemente o documento “Redução da dor causada pela vacinação”, com as seguintes medidas gerais que se recomenda sejam incorporados aos programas nacionais de imunização aplicáveis a todos os países e grupos de idade.
• Os profissionais de saúde que aplicam vacinas devem estar bem informados e ter uma atitude calma e cooperativa. É preferível utilizar expressões neutras; por exemplo, “agora eu irei aplicar” do que “agora irei injetar ou vacinar”.
• É importante ter em conta a idade do lactente para colocar mãe e bebê em uma posição confortável. Quando se tratar de um lactente pequeno, é conveniente que esteja no colo de sua mãe.
• Não se recomenda a aspiração da seringa durante as aplicações intramusculares, já que pode aumentar a dor.
• Quando se injetam várias vacinas de forma sequencial no mesmo momento, devem aplica-las primeiro a que causa menor dor e por último a mais dolorida.
Além dessas medidas gerais, se recomendam outras medidas específicas para os lactentes e crianças pequenas, entre as abaixo:
• A pessoa mais próxima do bebê deve estar sempre presente durante e depois da injeção, é um direito da mãe/pai e do bebê.
• É conveniente amamentar durante a vacinação injetável ou imediatamente depois, sempre que não se fira costumes culturais locais. Infelizmente em alguns raros países amamentar em público pode ser um tabu ou causar constrangimento.
• É recomendável distrair as crianças menores de 6 anos com um brinquedo, um vídeo ou música. Hoje em dia já está sendo usado óculos de realidade virtual. Levar seu boneco(a) predileta ou canção preferida em um celular ou tablet.
Artigo científico comprava a recomendação de Amamentar na vacinação:
INTERVENÇÕES NÃO FARMACOLÓGICAS DE REDUÇÃO DA DOR EM USO NA VACINAÇÃO DE LACTENTES
NON-PHARMACOLOGICAL PAIN RELIEF INTERVENTIONS USED IN INFANT VACCINATION
Escrito pela nossa amiga Dulce Maria Pereira Garcia Galvão, Pós-Doutoramento em Enfermagem, Professora Coordenadora na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra – ESEnfC – Coimbra, Portugal.
Um resumo (o artigo completo está publicado na nossa Biblioteca Digital no Slide Share)
Entre as estratégias não farmacológicas estudadas na prevenção da dor de crianças que receberam vacinas, os estudos têm mostrado que o uso de:
– sucção nutritiva (amamentação) e sucção não-nutritiva,
– administração de soluções orais açucaradas (glicose ou sacarose), e o
– contato pele-a-pele diminui a percepção de dor nos recém-nascidos.
Recentemente, a amamentação também tem sido estudada como uma alternativa para procedimentos dolorosos, com resultados positivos (Tansky & Lindberg, 2010).
O aleitamento materno é atualmente considerado como uma prioridade no desenvolvimento da criança, prevenção de várias patologias e uma fonte de segurança e proteção contra infeções desde os primeiros dias de vida.
A amamentação aumenta a segurança da mãe e diminui a ansiedade. O leite materno contém endorfina, substância química que ajuda a suprimir a dor. É uma boa ideia amamentar o bebê na hora da vacina ou logo após ele ser vacinado. Ajuda a superar a dor e o leite materno também reforça a eficiência da vacina (Castro, 2012). A amamentação é uma estratégia natural, facilmente disponível, fácil de usar e livre de intervenção que pode ser facilmente adotada pelos prestadores de cuidados de saúde e pais (Shah, Aliwalas & Shah, 2006).
Também para Tansky e Lindberg (2010) a amamentação é uma intervenção natural que se tem revelado eficaz na diminuição da dor durante a vacinação. Não tem custos e é a técnica ideal a ser utilizada em ambientes de cuidados de saúde. No dizer dos autores engloba três componentes confortáveis e analgésicos para as crianças: o paladar, a sução e o contato pele-a-pele. Nas Orientações técnicas sobre o controle da dor em procedimentos invasivos nas crianças (1 mês a 18 anos) a DGS (2012) recomenda “Colocar o lactente ao seio antes e durante o procedimento, mantendo-o durante alguns minutos após o final.”
Também Taddio et al (2010) aconselham que a amamentação seja iniciada antes e deve continuar durante e após a administração da vacina, por vários minutos após a última injeção estar completa. Recomendam que a pega adequada, que pode demorar cerca de um minuto, seja estabelecida antes da injeção. A amamentação envolve a presença de uma pessoa que cuida do bebê. Segurar o bebê ajuda na moderação da experiência dolorosa. Para além disso, o leite materno contém agentes que têm propriedades analgésicas ou pode ser endogenamente convertido em substâncias analgésicas (Agarwal, 2011) e no dizer de Shah, Aliwalas e Shah (2006) o leite materno contém uma maior concentração de triptofano, precursor da melatonina, que serve para aumentar a concentração de beta endorfinas, que pode ser um dos mecanismos para os efeitos nociceptivos do leite materno. Na opinião de Tansky e Lindberg (2010) no contexto dos cuidados de saúde primários os profissionais de enfermagem devem usar a evidência científica para incentivar as mães lactantes a utilizarem a amamentação na minimização da dor produzida pela vacinação. Alertam, porém, que por vezes podem ser apontadas como desvantagens para a amamentação durante a vacinação o tempo necessário para que a criança faça a pega e da possibilidade de que a equipe ou a mãe se sinta desconfortável por ter a criança a ser vacinada durante a amamentação. Algumas mães podem também sentir-se desconfortáveis por terem uma mama exposta durante a vacinação, enquanto alguns enfermeiros podem sentir-se desconfortáveis com a vacinação de uma criança que está tão perto da mãe. Mas, esses embaraços devem ser superados em benefícios dos bebês.
Concluindo, esperamos que estas recomendações se tornem oficiais, principalmente a amamentação durante a administração de injetáveis. Vamos divulgar essas dicas para que mães e profissionais de saúde aceitem esse procedimento como natural e seja promovido nos postos e clínicas de imunização.
Veja na TV aleitamento.com o vídeo
Breastfeed to minimize vaccination pain
(Amamentação minimiza dor da vacina injetável)
31 de julho de 2018: 22 anos do aleitamento.com