CARLA + CINTHIA = I L A N
NOVAS FAMÍLIAS
Ilan é um maravilhoso bebê de 18 meses, foi gerado por Inseminação Artificial com sêmen de doador anônimo e tem duas mães completamente apaixonadas por ele.
Após o nascimento achamos que não pudesse existir algo mais prazeroso e fantástico do que o parto, mas, logo depois, descobrimos que existe sim, a amamentação. Ilan mama bastante, não usa chupeta e só tomou mamadeira nos dois dias após o nascimento, oferecida pelas enfermeiras da UTI.
Nasceu com pouco menos de 37 semanas, num parto “relâmpago”, Apgar 9/10, mas, infelizmente teve que passar quase dois dias na UTI. Logo após o parto eu estava em perfeitas condições de amamentar, porém, só me convocaram para extrair leite no lactário quase 18 horas depois, e claro que o resultado não foi nada bom, não consegui juntar nem 10ml! Enquanto isso, na UTI, deram ao Ilan mamadeira e chupeta. Somente 24 horas após o nascimento, ofereci o peito pela primeira vez, sem muito sucesso e precisando complementação com mamadeira. As enfermeiras não ajudaram muito, dizendo que meu bico era plano e colocando mil travas para me permitir amamentar durante a noite.
Quase dois dias depois tivemos alta e saímos da maternidade com a orientação de comprar uma lata de fórmula infantil por “segurança”. Ainda bem que minha mãe, que veio para nos dar uma força nos primeiros dias, nos alertou a não dar ouvidos a tão péssimos conselhos! Não compramos nada e fomos para casa dispostas a tentar com todas as forças fazer o Ilan mamar, para isso, precisamos esquecer momentaneamente a pressão coletiva do ganho de peso, Ilan saiu da maternidade com 2.300kg.
Os primeiros dias foram muito difíceis, era necessária uma equipe de apoio! A Carla segurando as mãozinhas e minha mãe mantendo a cabeça dele junto ao peito, enquanto eu chorava de frustração, mas, logo, logo tudo foi se ajeitando e o Ilan passou a mamar bastante e a aumentar de peso rapidamente. O trabalho de equipe do casal é fundamental, brincávamos que eu era mãe “teta” e a Carla a mãe “pum”, acho que eu nunca fiz o Ilan arrotar, sempre a Carla foi a responsável por essa tarefa.
No entanto a felicidade durou pouco, menos de um mês após o nascimento comecei a ter vários problemas: ingurgitamento, muitas dores e até dias de febre. As dores foram se intensificando, era como se facas ou vidros atravessassem os peitos logo após cada mamada, e a sensação demorava horas para sumir. Embora me considerasse bem informada, acreditei na máxima popular “amamentar dói”, me resignei a sentir dores absurdas e me preparei para ser bastante infeliz nos meses que durasse o aleitamento.
Quando Ilan completou 3 meses, começou a recusar a mama esquerda, coincidentemente aquele era o peito que eu sentia mais dor, entendi que tinha chegado a hora de procurar ajuda. Estávamos na Argentina e agendamos com uma puericultora que foi ao nosso encontro, observou o Ilan mamar, deu uma olhada em mim e suspeitou de Candidíase, recomendou uma medicação e após algumas semanas de cuidados, tudo se resolveu, a amamentação passou de ser uma atividade extremamente dolorosa a puro prazer.
Nesse período também optamos por passar o Ilan para nossa cama, assim ele podia mamar o quanto quisesse e eu não precisaria levantar, ele passou a mamar no esquema “self service” e eu, muitas das vezes, sequer acordava. A sensação de noites mal dormidas por amamentar praticamente não existiu. Hoje, somos partidárias convictas da “cama compartilhada ou familiar” no período de aleitamento.
Cada dia com mais leite e me preparando para voltar ao trabalho após 6 meses de licença, resolvi começar a estocar, aluguei uma bomba elétrica e passei a extrair leite sistematicamente. Como Ilan não quis nem saber de tomar mamadeira ou copinho de leite materno, passei a doar uma parte. Assim, todas as semanas, até os 10 meses do Ilan, o banco de leite do Fernandes Figueira retirava, na nossa casa, alguns vidros.
O tempo foi passando e Ilan continuava mamando normalmente, após os 6 meses introduzimos outros alimentos, o processo foi muito, muito lento, mas hoje, ele tem um paladar inacreditável, come com muito prazer rúcula, queijo parmesano, pratos temperados ou qualquer outra coisa que os adultos ao seu redor estejam comendo, porém, em porções de passarinho… Sempre que possível, uma vez ao dia praticamos a que chamamos de “mamada familiar”, os três deitados na cama, fazendo carinhos, mamando e cantando.
Quando Ilan completou 15 meses, começou a frequentar uma escolinha e alguns dias depois teve a primeira virose da vida! Após três dias de febre, de uma hora para a outra, parou de mamar. Tentamos reverter a situação das mais diversas formas, sem obter sucesso. Eu não conseguia me conformar, Ilan adorava mamar, sempre pedia “teta” da forma mais charmosa do mundo, como agora preferia passar a noite chorando ao invés de mamar? Alguma coisa tinha que estar errada. E passaram-se 4 dias, eu não queria perder as esperanças e mantive uma rotina de extração com bomba para estar preparada caso ele mudasse de ideia. Após troca-troca de pediatra, foi diagnosticado com estomatite, tinha uma ferida enorme no fundo da boca. Estava explicado: quem gosta de comer machucado desse jeito? A medicação certa e menos de uma hora depois: – mamãe, teta, teta!!. Choramos de felicidade! Ainda não estava na hora de parar de mamar. Quando esse dia chegar, tenho certeza que os dois vamos saber.
Desde que ele nasceu que as pessoas perguntam: até quando você vai amamentar? E desde então a minha resposta continua a mesma: até quando ele quiser, por mim, pelo menos mais um ano…
Dar de mamar a um bebezinho que depende daquilo para viver é lindo, mas, dar de mamar a um bebezão que sabe o que quer e pede com todas as letras, é demais!
Não desistam de amamentar, sempre, sempre vale a pena, seu filho vai ficar com uma herança de saúde e amor para a vida toda!
Carla Rincón e Cinthia Berman, mães de Ilan Berman Rincón (18 meses)
17 de maio – Dia Internacional do combate à HOMOFOBIA
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