D-MER: mal-estar na ejeção láctea
Disforia no reflexo de descida do leite na nutriz
Algumas mulheres ao amamentar se sentem mal com a atuação do hormônio Ocitocina responsável pelo reflexo de descida do leite. Esses sinais e sintomas do fenômeno denominado “D-Mer” podem impossibilitar o aleitamento materno.
D-MER vem do nome em inglês – Dysphoric Milk Ejection Reflex e é caracterizado por uma disforia abrupta, ou seja, a nutriz é tomada por sintomas negativos, como tristeza, desconforto, ansiedade, irritabilidade e inquietação, que ocorrem imediatamente antes da liberação do leite (reflexo de ejeção) e duram alguns minutos.
Conceito
O Reflexo de Ejeção Disfórica do Leite é uma condição que afeta lactantes e é caracterizada por uma disforia* abrupta, ou emoções negativas, que ocorrem logo antes da liberação do leite, continuando por alguns minutos.
D-MER é frequentemente encontrado por meio de pesquisas do Google, como “tristeza ao amamentar”. As informações sobre o D-MER estão se expandindo por meio da conscientização e do aumento do conteúdo online.
A evidência preliminar mostra que o D-MER é tratável e a investigação preliminar mostra que a atividade inadequada da dopamina no momento do reflexo de ejeção do leite é a causa do D-MER.
*Disforia é definida como um mal estar, desconforto, tristeza, mal humor, depressão, ansiedade, irritabilidade ou inquietação. Etimologicamente, é o oposto da euforia.
D-MER é um reflexo neuroendócrino e não pode ser controlado pela mãe. Ela não consegue se livrar da disforia sem ajuda.
O que D-MER não é
Esse fenômeno não é uma resposta psicológica à amamentação. É uma resposta fisiológica à liberação do leite.
D-MER não é “blues” ou depressão pós-parto, nem pode ser classificado como um transtorno de humor puerperal.
Essa síndrome não é uma aversão à amamentação, impaciência com o bebê no peito, irritabilidade por dores nos mamilos, tristeza durante a expressão manual por causa da separação do bebê; essas intercorrências não são D-MER.
Características
A disforia que uma mãe sente surge repentinamente antes da descida do leite e desaparece em 30 segundos a 2 minutos.
Ela sente o mal-estar antes de perceber os sinais dos efeitos da ocitocina (formigamento, fisgada nas mamas…), embora nem todas as nutrizes sentem os sintomas do reflexo de descida.
Pode acontecer em uma mamada ou em todas as mamadas, dependendo da intensidade do D-MER.
Ela pode ter ou não disforia com a ordenha manual ou com bombas tira-leite, ou ainda com o desencadeamento espontâneo da ocitocina – isso também depende da gravidade do D-MER.
D-MER não tem a ver com contato com o mamilo ou com irritação com a sensação de puxão do complexo mamilo-areolar. A mãe nem mesmo precisa estar amamentando (por exemplo, com descidas espontâneas) para que a disforia aconteça quando uma liberação de leite é acionada.
O papel da dopamina
O D-MER foi associado a uma queda inadequada na dopamina que ocorre sempre que o leite é liberado. Em uma mãe com D-MER no momento da descida, a dopamina diminui de forma abrupta, causando sentimentos negativos. A Dopamina* está estreitamente ligada aos sentimentos de alegria, de bem-estar se estão na “dosagem” certa.
A dopamina atua inibindo a prolactina (que é o hormônio que age na produção láctea), então os níveis de dopamina precisam cair para que os níveis de prolactina retornem a produzir mais leite. Normalmente, a dopamina cai adequadamente e as mães que amamentam nunca souberam que isso aconteceu; nas mães D-MER, no entanto, não cai corretamente e causa uma onda instantânea e breve de uma reação emocional negativa que dura até que os níveis de dopamina se restabeleçam.
D-MER segue o mesmo padrão de qualquer outro reflexo (automático) – as lactantes não conseguem controlá-lo.
Espectro e intensidade
Os sinais e sintomas de D-MER são muito variáveis, desde um ligeiro desânimo leve, ansiedade ou agitação intensa e raiva.
Por causa disso, D-MER é definido em um espectro.
Para efeitos didáticos, podemos classificar a D-MER em leve, moderada e severa. Essas graduações são determinadas pela interpretação da mãe da intensidade, quanto tempo o D-MER leva para se autocorrigir, quantas “descidas do leite” por mamada ela sente a disforia e outros critérios.
Na apresentação “leve”, muitas vezes, há autocorreção nos primeiros 3 meses, moderada por 9 meses e grave às vezes não corrige até depois do primeiro ano ou mais tarde.
Terapêutica
Para nutrizes com D-MER leve, a informação é muito importante no tratamento. Muitos acham que seus sintomas são mais facilmente controlados quando estão cientes de que se trata de um problema fisiológico e não emocional.
O D-MER moderado também pode ser reduzido usando a informação como tratamento. Se isso não for suficiente, então essas mães devem ser encorajadas a rastrear seu D-MER em um registro (“diário”) para ajudá-las a se conscientizarem de coisas que podem agravar seus sintomas (estresse, desidratação, cafeína) e coisas que podem ajudar a aliviar os sintomas (descanso extra, melhor hidratação, exercícios.) Eles devem examinar mudanças no estilo de vida e remédios naturais para ajudá-los ainda mais.
As lactantes com D-MER mais grave podem precisar de uma prescrição médica para administrar o D-MER se ela sentir que pode desmamar por causa disso. Até agora, os tratamentos que aumentam os níveis de dopamina na mãe tratam o D-MER com eficácia. Se seu D-MER é grave, mas ela não corre risco de desmame, usar a informação como tratamento, remédios naturais e mudanças no estilo de vida é o curso de ação mais apropriado.
Fonte: https://d-mer.org