Bebês da Idade Média sobreviveram devido à amamentação
Martin Wainwright – The Guardian
23 de agosto de 2003
Uma pesquisa inédita realizada com ossos de crianças de uma aldeia medieval deserta, confirma o slogan: “Breast is best”.
Evidências demonstram que na aldeia de Wharram Percy em Yorkshire Wolds – Inglaterra, abandonada quando quase toda a população foi dizimada pela Peste Negra, crianças que não foram desmamadas eram tão saudáveis quanto as atuais.
Desnutrição, doenças e outras maldições da vida do camponês nos séculos X a XIV, só começavam quando as crianças deixavam o peito – o que parece ter acontecido mais tarde do que normalmente ocorre nos dias de hoje.
Investigação através de isótopos de nitrogênio nos ossos mostraram que crianças ainda estavam mamando leite de peito aos 18 meses de idade.
Crescimento insatisfatório e desnutrição realmente só começaram depois do desmame. Simon Mays, biólogo especialista em esqueleto humano que levou a cabo este estudo com arqueólogos de Universidades de Oxford e Bradford, afirma:
“As condições de vida, eram tão pobres e adversas que os adultos em Wharram Percy continuavam crescendo até mais tarde, aos vinte anos, para compensar o começo lento, ao contrário da juventude atual que pára de crescer aos 18 anos”.
Esta investigação, a mais recente contribuição para um arquivo enorme de descobertas desta aldeia que é estudada desde os tempos vitorianos, concluiu que a zona rural medieval era até mesmo mais insalubre que as cidades da época.
Dr. Mays comenta que: “a taxa de crescimento das crianças de Percy sugere condições mais insalubres que os meninos de rua da atualidade.”
Amamentar era uma das raras formas de defesa natural contra as adversidades tão duras.
Dr Mays afirma:
“o aleitamento materno promoveu a saúde infantil porque o leite materno contém ingredientes naturais importantes que fortalecem o sistema imune. Mas em tempos medievais, permitiu também que as crianças evitassem comida e água contaminada. Fontes principais de doenças em aldeias rurais.”
A análise usou técnicas com isótopos, inclusive um espectrômetro de massa que pesou átomos individuais. Do conjunto de dados científicos, emergiu um quadro de “uma luta terrível para a sobrevivência”. Dr Mays conclui:
“Enquanto foram amamentadas, estas crianças cresceram como os bebês modernos, mas quando parou, o ambiente fez seu impacto maléfico. A amamentação estendida protegeu as crianças do nível muito alto de mortalidade infantil esperado”.
Os achados também sugerem que o conselho médico em tempos medievais, incluíram a convicção na recomendação do doutor romano Soranus de amamentação estendida, estava sendo seguido na aldeia. As evidências confirmam que a amamentação e o uso de amas-de-leite era a norma.
Belinda Phipps, chefe executivo da ONG National Childbird Trust, declara:
“Estas mulheres do período medieval tiveram uma vantagem de viver em uma cultura que era particularmente encorajadora da amamentação e onde nutrizes experientes ofereciam ajuda à mãe nova. Tristemente, isso é muito diferente do que é agora.”
Obs.:
* A OMS, o Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Pediatria, eu também, recomendamos atualmente, que a amamentação continue até os 2 anos ou mais.
* Leia ainda em nosso site, na seção PROFISSIONAIS: “Desmame Total – quando ?” e na seção MÃES: “Até quando Amamentar ?”
Marcus Renato de Carvalho