Amamentação no mundo globalizado
O processo é irreversível. Cada vez mais, as mulheres conquistam seu espaço no mundo do trabalho, mas nem por isso devem abrir mão dos seus direitos naturais de mulher: ser mãe e amamentar seus filhos.
Não é fácil conciliar as duas coisas, principalmente quando os empregadores ignoram as leis e convenções de proteção ao lactente.
O tema deste ano da Semana Mundial da Amamentação, de 1o a 7 de OUTUBRO, é “Amamentação no mundo globalizado”. A data marca o aniversário da aprovação da Declaração de Innocenti, produzida por representantes de governos, ONGs e especialistas no encontro “Breastfeeding in the 1990s: A Global Initiative”, organizado pela OMS e a UNICEF (clique nos links para mais informações). A declaração defende o aleitamento materno exclusivo a todas as crianças, desde o nascimento até os primeiros quatro a seis meses de vida.
Por que amamentar?
A ONG Origem enumera razões para se incentivar a amamentação, tais como:
– O leite materno contém todos os nutrientes de que a criança precisa nos primeiros seis meses de vida.
– As crianças que mamam no peito são mais inteligentes. Um estudo feito na Nova Zelândia, durante 18 anos, com mais de 1.000 crianças provou que aquelas que foram amamentadas eram mais inteligentes e tinham maior sucesso na escola e universidade. (Horwood and Fergusson, “Breastfeeding and Later Cognitive and Academic Outcomes”, Jan 1998 Pediatrics Vol. 101,N 1)
– O desenvolvimento psicomotor e social dos bebês amamentados é claramente melhor e resulta, na idade de um ano, em vantagens significativas. (Baumgartner, C.,”Psychomotor and Social Development of BreastFed and Bottle Fed babies During their First year of Life”. Acta Paediatrica Hungarica, 1984)
– Crianças em aleitamento materno exclusivo têm menos quadros infecciosos porque o leite materno é estéril, isento de bactérias e contém fatores anti-infecciosos
O site do grupo Origem também discute a situação da mãe que trabalha, o marketing pela alimentação artificial e lista algumas metas para a Semana Mundial da Amamentação, como aproveitar o potencial das comunicações globais para educar as pessoas sobre a importância da amamentação e a alimentação complementar adequada e apoiar o Código Internacional de Comercialização do Leite Materno e subsequentes resoluções da Assembléia Mundial da Saúde (AMS) e se opor a qualquer ação que coloque esses instrumentos em risco.
OMS: apenas 35% das crianças se alimentam exclusivamente com leite materno
Tintoretto, “A Via Lactea”, 1580
Pesquisa da OMS realizada em 94 países, abrangendo 65% das crianças menores de um ano, mostra que atualmente 35% delas são alimentadas exclusivamente por leite materno até pelo menos quatro meses. A meta das campanhas pró-amamentação é aumentar ao máximo essa percentagem. Os dados fazem parte do banco de dados sobre aleitamento da OMS, que aponta a África como o continente onde as crianças são menos amamentadas. Uma busca por “breastfeeding” no site da OMS traz muitas outras pesquisas sobre o assunto.
Outras boas fontes de informação online é a Biblioteca Virtual de Aleitamento Materno, a Rede Internacional pelo Direito de Amamentar (Ibfan) e a Rede Nacional de Amamentação, filiada à Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno.
Amamentação não precisa ser um suplício
Às vezes a própria mãe decide não mais amamentar a criança antes do tempo recomendado. Isso porque, especialmente no início, a amamentação pode ser dolorosa e desconfortável. Mas os médicos são unânimes na defesa da amamentação, a não ser que haja algumacontra-indicação, como no caso da mãe ser portadora do vírus HIV, causador da Aids.
O pediatra Marcus Renato de Carvalho é um grande defensor da amamentação. Em seus sites na internet, além de dar dicas para o sucesso da amamentação, ele promove uma campanha nacional para a ampliação da licença maternidade para as mães que tiveram bebês antes do tempo, divulga o método Mãe Canguru, que humaniza o tratamento de bebês prematuros e ainda defende a participação do pai no dia-a-dia do neném.
Amor em frascos
Leite materno também pode ser doado. O Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, é um dos mais avançados do mundo nessa linha de pesquisa, e até exporta a tecnologia. A Fiocruz criou a Rede Nacional de Bancos de Leite Humano, que divulga, pela internet, um manual técnico sobre o funcionamento de um banco de leite, da coleta à distribuição.
O Banco de Leite Humano do Instituto Fernandes Figueira está precisando de vidros vazios com tampa plástica para acondicionar leite humano. Os frascos mais utilizados são de maionese e de café solúvel, resistentes ao processo de esterilização. O Instituto Fernandes Figueira fica na Av. Rui Barbosa, 716, Flamengo, Rio de Janeiro. Tel: (21) 2553-0052.
Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ
Publicado originalmente em 18/9/2003
Antonio Allegri Correggio,
“A virgem do leite“