Apoio à mulher que trabalha e amamenta
é o foco da Semana Mundial do Aleitamento Materno
que acontece entre 1º e 07 de agosto
Conciliar a vida profissional com a amamentação não é uma tarefa fácil. Mesmo que a legislação tenha avançado em alguns pontos, como a licença maternidade facultativa de seis meses e o horário destinado à amamentação, a proteção ao direito ao aleitamento da mulher trabalhadora ainda não foi alcançado.
Por essa razão, a Waba (World Alliance for Breastfeeding Action) focará seus esforços este ano em procurar formas de facilitar o aleitamento materno para mulheres que trabalham.
A abordagem é o tema da Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), que acontece entre os dias 1º e 7 de agosto. Entre os objetivos da semana mundial estão: informar as pessoas sobre os avanços mais recentes dos direitos de proteção à maternidade, aumentar a conscientização sobre a necessidade de fortalecer a legislação nacional e sua implementação e reforçar as ações dos empregadores tornando-os facilitadores da amamentação.
O pediatra e especialista internacional em aleitamento materno, Marcus Renato de Carvalho, explica a necessidade de ampliar os direitos para a mulher que trabalha e amamenta.
– Existe diferença entre os termos amamentação e aleitamento materno?
Sim. A amamentação é o ato de a mãe dar o peito para o bebê mamar diretamente. Já aleitamento materno são todas as formas do lactente receber leite materno e o movimento social para a promoção, proteção e apoio a esta cultura.
– Desde 1992, a SMAM estimula a promoção da amamentação em centenas de países. Na opinião do senhor, quais foram as maiores conquistas desse período?
A mais importante conquista foi a mobilização social, mostrando que a amamentação não é um tema do setor de Saúde e, sim, da sociedade. A promoção da amamentação é interdisciplinar, envolve a Economia, a Política e, inclusive, o sistema judiciário.
– A edição 2015 da SMAM vai abordar o tema “Amamentação e Trabalho”. Quais são os gargalos que impedem a melhora do aleitamento materno entre as brasileiras que estão ativas no mercado?
São várias as razões. Entre elas: a necessidade de ampliar a licença maternidade de quatro para seis meses em todos os setores e paternidade de cinco dias para 15 dias; os altos índices de cesáreas que prejudicam a amamentação; a estrutura das maternidades que não oferecem boas condições para mãe e bebê ficarem juntos desde o momento do parto; profissionais pouco qualificados, entre outros.
– O que seria necessário para melhorar as dificuldades citadas na resposta anterior?
O fortalecimento da legislação nacional. As salas de apoio à amamentação, por exemplo, fazem parte de uma resolução do Ministério da Saúde. Não é uma lei. Esse local daria melhores condições às mães na prática do aleitamento dentro das empresas.
A divulgação da SMAM poderia demandar mais empenho do Ministério da Saúde. Há um histórico de atraso na distribuição do material de divulgação e pouco apelo na imprensa. Além disso, não considero que o slogan “Amamentação e Trabalho – Para dar certo o compromisso é de todos”, adaptado para o Brasil pelo Ministério da Saúde, não mobiliza os ativistas.
Se cada um de nós trabalharmos para a melhora das condições de trabalho para a mulher trabalhadora que amamenta em nossas próprias instituições, isso já fará uma grande diferença – pense só no número de mulheres, crianças e famílias que serão beneficiadas, sem contar com os benefícios para o empregador.
– O que é o “Agosto Dourado”? E qual a sua importância?
O “Agosto Dourado” tem o objetivo de disseminar o laço dourado, símbolo da campanha da amamentação. A iniciativa é uma extensão do trabalho realizado na Semana Mundial do Aleitamento Materno. O objetivo do “Agosto Dourado” é conferir maior visibilidade à prática que beneficia a mulher, o seu bebê, sua família, bem como às redes sociais de apoio e o meio ambiente em que vivemos. Para tal, durante todo o mês de agosto a cor dourada iluminará vários pontos turísticos, simbólicos, espalhados pelo mundo todo, como o Cristo Redentor, para energizar o mundo e incentivar o aleitamento materno.
A Organização Mundial da Saúde recomenda o leite materno como o melhor alimento exclusivo para o bebê nos primeiros seis meses de vida por possuir todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento. A amamentação deve ser continuada até dois anos ou mais. Entre os benefícios para a mãe, amamentar previne o câncer de mama e reduz as chances de a mulher ter hipertensão, obesidade e diabetes tipo 2.