Iniciativa: Governamental e Não-Governamental
Programa de Disseminação do Método Mãe Canguru no Brasil
Os primeiros saltos
Em 1979, há 26 anos, na Colômbia, surgiu a idéia de manter os recém-nascidos prematuros em contato permanente com suas mães, em “posição canguru”. Acreditava-se que assim os bebês estariam devidamente aquecidos, as taxas de infecções hospitalares diminuiriam e eles poderiam ir para casa em menor tempo. Isto, por sua vez, reduziria os custos para o sistema de saúde, substituindo-se as incubadoras.
O método difundiu-se em diversos países, pelo mérito de promover maior vínculo afetivo entre o recém-nascido e seus familiares, além de contribuir para um melhor desenvolvimento da criança. Abandonou-se, assim, o discurso meramente utilitário de redução de custos, verificando-se que esta metodologia também está em plena consonância com a noção de humanização do atendimento perinatal.
É importante lembrar que o método “Mãe Canguru” não deve ser entendido como um substitutivo de tecnologia, sendo imprescindível que se faça com critérios e somente quando houver condições clínicas e emocionais adequadas de ambas as partes: criança e adulto (mãe, pai ou outro familiar).
No Brasil, esta forma de assistência neonatal foi normatizada pela Portaria 693 GM/MS, de 5 de julho de 2000, integrando-se à política nacional de saúde, sendo a partir de então disseminada pelo Ministério da Saúde com a participação da Fundação Orsa e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Mãe Canguru, um contato de amor
O método Mãe Canguru consiste, basicamente, num contato precoce gradual, pele a pele, entre a mãe e o recém-nascido de baixo-peso, que evolui para a colocação do bebê contra o peito da mãe, na posição vertical. A utilização do termo “mãe” não exclui a participação do pai ou de outros familiares neste procedimento.
São três as etapas: a primeira começa antes mesmo do nascimento do bebê, com a orientação da mãe diante do risco de um parto prematuro. Após o nascimento, o contato físico dos pais com a criança é estimulado ainda na unidade de terapia intensiva neonatal, se as condições clínicas assim o permitir. Se o bebê ganhar peso regular por pelo menos três dias, ter peso superior a 1250g, e atingir uma situação clínica estável, passa-se à segunda etapa do procedimento, que consiste na colocação da criança em posição canguru junto à mãe, para que fiquem o maior tempo possível e desejado juntos, na enfermaria do hospital. A terceira etapa acontece com a alta hospitalar, quando ocorre o acompanhamento
O método consiste num contato pele a pele,
entre a mãe e o recém-nascido de baixo-peso, que evolui para a colocação do bebê contra o peito da mãe, na posição vertical.
ambulatorial. Isto, desde que o bebê tenha no mínimo 1500g, esteja clinicamente estável e ganhando peso exclusivamente com o aleitamento materno. Geralmente, quando a criança atinge o peso mínimo de 2500g recebe alta do programa.
Durante todas as etapas, mãe e filho devem ser supervisionados e orientados por uma equipe de saúde capacitada. É importantíssimo que haja suporte familiar e institucional.
Espalhando o método Brasil adentro
O método Mãe Canguru apresenta diversos fatores positivos, que começa com o melhor desenvolvimento da criança. Isto porque o bebê, estando em contato constante com a mãe, sente-se mais seguro, aquecido, além do incentivo ao aleitamento materno e ao estreitamento dos vínculos afetivos entre pais e filhos. Os pais, por sua vez, são supervisionados por uma equipe preparada e recebem orientações e instruções, perdendo, assim, o medo de cuidar da criança prematura.
Além disso, pode-se citar também que a introdução do método nas maternidades não demanda grandes investimentos, pois requer basicamente a capacitação dos profissionais, além de diminuir a necessidade de uso de equipamentos e a estadia no hospital.
O bebê, estando em contato constante com a mãe, sente-se mais seguro e aquecido
Entretanto, para que se atinjam resultados positivos é imprescindível que o método seja aplicado com muita responsabilidade. Por esta razão, o Ministério da Saúde, conjuntamente com o BNDES e a Fundação Orsa, preocuparam-se em disseminar o método por todo o País, por meio de cursos para capacitar os profissionais de diferentes especialidades que lidam com o recém-nascido de baixo-peso, pautado no atendimento humanizado.
A metodologia utilizada consiste em aulas expositivas, leitura de textos, dinâmica de grupo, dramatizações, debates e exercícios práticos. Cada unidade hospitalar interessada no método pode inscrever cinco profissionais para serem treinados juntos. Os cursos já realizados foram desenvolvidos nos centros hospitalares compatíveis com a proposta de treinamento, identificados pelo MS.
Para o treinamento, foi elaborado um material didático para que haja a uniformização na aplicação do método. O manual técnico do método Mãe Canguru é fornecido nas capacitações e esta disponível na internet.
Comemorando os resultados
Até o final de 2004, o programa capacitou 4.981 profissionais, por meio de 158 cursos e atendeu a 590 maternidades brasileiras.
Em novembro de 2004, foi realizado, no Rio de Janeiro, o I Seminário e o 5º workshop Internacional de Humanização da Assistência ao Recém-Nascido de Baixo-Peso, Método Mãe Canguru.
O programa, que tem como proposta disseminar o método por todo o País, capacitou 4.981 profissionais e atendeu a 590 maternidades brasileiras até o fim de 2004.
O Programa de disseminação do método Mãe Canguru ganhou o Prêmio Racine 2002 e o Prêmio ECO 2004, na categoria saúde, como reconhecimento do projeto social. Pode-se dizer que este programa atingiu seus propósitos com êxito, sendo um bom exemplo de política pública de saúde.
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