A segunda etapa:
Mãe e RN prematuro juntinhos na Enfermaria o tempo todo
Durante o primeiro período, enquanto a mãe era, de certo modo, preparada para assumir seu bebe e formar com ele uma espécie de binômio-canguru, seu filho, na Unidade de Cuidados Neonatais, recebia tratamento para as afecções apresentadas.
Antibióticos, banho de luz, oxigênio e toda uma série de recursos necessários para o tratamento de sua dor.
Mas o tempo passou.
Sua mãe se convenceu da possibilidade de traze-lo junto ao peito e passou a aguardar com carinho esse momento.
E este momento é chegado.
O bebe já não apresenta-se ligado a tubos e fios plásticos. Já respira espontaneamente e não precisa de oxigênio suplementar para ficar rosinha. Já iniciou a alimentação. Evacua normalmente e pode se dizer que entrou para a deliciosa fase de ganho de peso.
Tradicionalmente deveria ser transferido para uma Unidade Intermediária onde, em uma incubadora, aguardaria o momento de atingir o peso e a estabilidade necessárias para ser entregue à sua mãe, recebendo alta.
Mas hoje seu dia vai ser diferente.
O Hospital onde ele nasceu adotou a metodologia canguru.
E o que vai acontecer com nosso microcampeão?
Vai ficar peladinho. Só de fralda.
Sua mãe vai tirar a blusa. O soutien também.
Daí o campeãozinho vai ser colocado assim, só de fralda, junto ao seio da mãe, mais precisamente entre os seios dela. Sobre suas costas também peladinhas vai ser colocada uma flanela. A flanelinha não esquenta viu? Mas protege do frio. Evita a perda de calor. O que esquenta é a pele da mamãe, que gera calor. E calor na quantidade chamada ótima. Ou fisiológica. Ou ideal. Nem demais nem de menos. E nem alarma, como faz a incubadora quando se complica.
Bem… Feito isso, colocado o bebe de fraldinha no colo materno e aplicado sob suas costas uma flanela, o bebe vai ser, digamos, amarrado junto à sua mãe por uma faixa que pode ser, para não perder o costume, chamada faixa canguru.
Eu disse amarrado, mas você pode dizer colocado, ajustado, preso… Como quiser… Mas não se esqueça da faixa. Bem justa. Feito isso o bebe fica colado à mãe. Recebe dela calor e companhia. Companhia que é coisa tão boa quanto à que nos vem quando precisamos. O bebe, desse momento em diante não mais vai se sentir sozinho numa caixa de vidro como ficaria na incubadora. Na boa companhia daquela que o gerou e o ama, e ser mãe canguru é dar-se inteiramente, é dar seu próprio calor a seu filho, nosso pequeno herói vai ser, por longos e doces dias, acalentado pelo som do coração da sua mãe. O som que escutou por todos os meses em que viveu naquela casinha, protegido, dentro dela, a que os adultos chamam ventre materno.
O MMC devolve ao bebe o conforto dos primeiros tempos de sua vida. A sua posição em pé vai evitar que ele golfe (em prematuros, regurgite)
A respiração da mãe junto à seu corpo vai lembrar sempre à sua: respire, filho…
À mamãe canguru caberá o ônus santo de trazer 24 horas por dia seu filho junto a seu seio. Para quem acabou de viver um período de susto onde a única pergunta repetida a cada momento era COMO É QUE ELE ESTÁ, DOUTOR? Esse fardo é um perfume.
Preso a seu corpo, o bebe permanecera esses em confortável posição. Enquanto isso a mãe esta livre para atividades com as mãos e os braços. Pode fazer atividades manuais sem restrições. Vai deitar e dormir com o bebe agarrado, é verdade. Isso causará, nas primeiras noites um sono pesado, tenso. O medo de deitar e se virar sobre o bebe esmagando-o não a deixará dormir bem. Mas logo isso passará. Seu leite vai render porque sua paz vai chegar. Seu filho vai crescer mais depressa do que cresceria numa incubadora. Só vai sair dela paro o banho diário…
É o MMC…
Nesses 20 anos de pratica não aprendi nada mais doce, nada mais terno, nada mais simples, nada mais eficaz…
Continuaremos