CAMPANHA NACIONAL pela PREVENÇÃO do EXCESSO e CRESCENTE NASCIMENTOS PREMATUROS
1. Os nascimentos pré-termo estão aumentando rapidamente em todo o Brasil. Na cidade de Pelotas, por exemplo, o percentual de prematuros aumentou de 6% em 1982 para 17% em 2009. Este aumento se verifica tanto para partos cesáreos quanto para partos vaginais, afetando todas as classes sociais, embora os prematuros sejam mais frequentes entre as mães mais pobres.
2. Diversos estudos recentes questionam a definição de parto a termo como sendo de 37 semanas ou mais. Crianças nascidas com 37 e 38 semanas apresentam morbi-mortalidade aumentada, em relação a crianças nascidas com 39–41 semanas. Há um movimento internacional para redefinir partos a termo como aqueles de 39 semanas ou mais, e não mais de 37 semanas ou mais.
3. São frequentes os erros na estimativa de idade gestacional, seja através da data da última menstruação ou seja através de ultrassom (mesmo quando realizado precocemente). Estudo realizado em Pelotas mostra que o ultrassom precoce superestima a idade gestacional, em média, em cerca de 10 dias. Estudos internacionais sugerem erros menores, de cerca de 3 dias.
4. Uma recente revisão sistemática da literatura (www.gapps.org) mostrou que há poucas intervenções com eficácia efetivamente comprovada para prevenir nascimentos pré-termo.
Estas são: a) Reduzir o tabagismo durante a gestação; b) Usar progesterona profilática para mães com pré-termo anterior; c) Uma terceira intervenção, com efeito comprovado sobre o baixo peso ao nascer e com possível efeito sobre nascimentos pré-termo é a detecção e tratamento da bacteriúria assintomática na gestação.
5. A mesma revisão identificou várias estratégias que – embora não previnam os nascimentos pré-termo – contribuem para melhorar o prognóstico destes recém-nascidos. Entre estas se destaca o uso de corticoides profiláticos em caso de ameaça de parto pré-termo. Estudo realizado em Pelotas mostrou que apenas uma de cada cinco pré-termos que vão a óbito receberam corticoides profiláticos.
6. Um estudo inglês sugere que o uso de corticoides profiláticos em cesarianas eletivas reduz a incidência de problemas respiratórios no recém-nascido, mesmo para idades gestacionais de 37 e 38 semanas. O estudo salienta, no entanto, que o ideal é esperar até as 39 semanas para realizar cesáreas eletivas. (http://www.bmj.com/content/331/7518/645.extract)
I . Evitar as cesarianas eletivas. II . Quando isso não for possível, aguardar o início do trabalho de parto, ou no mínimo marcá-las para idades gestacionais de 39 semanas ou mais (lembrando que os erros na estimativa da IG são frequentes, e normalmente superestimam a duração). III . Usar sistematicamente corticoides profiláticos para trabalho de parto iniciado com menos de 34 semanas para partos vaginais e com menos de 38 semanas para cesarianas eletivas. IV . Usar progesterona profilática em mães com pré-termo anterior: 100 a 200 mg/dia de progesterona natural, por via oral ou vaginal, das 24 às 34 semanas de gestação. V . Reforçar a importância da detecção e tratamento de bacteriúria assintomática durante a gestação. VI . Reforçar as ações de aconselhamento antitabaco durante a gestação.
Cesar Victora
Universidade Federal de Pelotas
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Publicado originalmente em 11/3/2011 |