Preferência natural
Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz revela que as futuras mamães não têm medo das dores das contrações.
Grávida de sete meses de Rafael, Jeane não tem dúvidas quanto ao tipo de parto que quer ter.
“Parto normal, porque a recuperação é mais rápida, não tem cicatriz”, argumenta ela.
Parto normal é a mesma opção da grávida Patrícia, apesar das dores que as contrações podem provocar.
“Eu acho que você está ali, fazendo força, ajudando o seu filho a nascer… Eu acho que deve ser uma experiência muito legal e é uma experiência que eu não quero me furtar”, comenta ela.
A preferência das futuras mamães pelo parto normal, em vez da cesariana, reflete a opinião de 75% das mulheres, segundo uma pesquisa feita pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.
Porém os resultados do estudo vão de encontro às estatísticas, que mostram que aqui no Rio, 46% dos partos são cesarianas, um número bem acima dos 15% recomendados pela Organização Mundial de Saúde.
Das 909 mulheres que participaram da pesquisa, metade havia feito cesariana e a outra metade, parto normal. Cerca de 39% acham a recuperação da cesariana mais difícil; 26,8% mais dolorosa; e de todas as entrevistadas que fizeram cesariana, 82,9% disseram que não pediram o procedimento.
Para a autora do estudo, os resultados demonstram a falta de treinamento específico dos médicos para o parto normal, e a opção freqüente dos obstetras pelas cesárias.
“Para o médico é mais fácil intervir, resolver a questão parto através de uma operação, A cesariana. Então, muitos casos que poderiam se resolver em um parto normal, terminam em uma cesária, sem uma indicação clínica forte para isso”, observa Gisele Barbosa, pesquisadora.
“Internacionalmente, a gente percebeu que o avanço da cesariana salva muito mais vidas do que a falta da cesariana. Então a gente não pode colocar a cirurgia como sendo alguma coisa muito ruim. Eu acho que o procedimento adequado é um diálogo inteligente entre a gestante e o seu obstetra para um parto mais humano, e, principalmente, mais natural possível”, finalizou Abdu Kexfe, do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro.