Coronavírus e gravidez
O Covid-19 é muito agressivo na gestação?
Marcos Leite dos Santos, Obstetra, ReHuNa
Se você está grávida, naturalmente, está preocupada com o COVID-19 para a sua própria saúde e a do seu bebê. Quem não estaria? Somos inundados com uma consciência avassaladora sobre a rapidez com que ela está se espalhando e há muita incerteza sobre esta infecção. Embora uma pesquisa minuciosa da literatura médica e do site do CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA) para dados sobre COVID-19 e gravidez mostre quão pouco se sabe atualmente sobre o impacto do vírus sobre a gestante e seu bebê, a boa notícia é que o conhecimento adquirido até agora é tranquilizador sobre os riscos dessa infecção para mulheres grávidas saudáveis e seus bebês.
Nós do Espaço Binah, estamos monitorando continuamente a situação da pandemia do COVID-19 e nossa equipe de profissionais está examinando o que tem sido publicado nas melhores fontes de informações possível.
Aqui está o que podemos compartilhar com vocês hoje:
Saúde da mãe
Primeiro, queremos deixar algo bem claro: os grandes esforços que estão ocorrendo agora para conter o COVID-19 não indicam que seja um vírus horrível e mortal para a maioria das pessoas. Estamos contendo-o para que aqueles que possuem um maior risco de grave adoecimento tenham uma menor probabilidade de serem expostos por nós, que poderemos ser apenas portadores assintomáticos, ou por pessoas que o tenham apenas como ‘resfriado’ – é o nosso dever como cidadãos conscientes. A contenção agressiva (sair de casa só para o necessário, evitar aglomerações, evitar lugares fechados) é uma medida de saúde pública apropriada para impedir a propagação de uma doença que tem se expandido rapidamente em todo o mundo. Todos podemos fazer nossa parte nisso, em prol dos poucos que podem ficar muito, muito doentes. Então, onde as mulheres grávidas se encaixam nesse esquema? Quão doente esse vírus provavelmente a deixará?
Qual é o risco para as mulheres grávidas de contrair COVID-19?
É mais fácil para as mulheres grávidas ficarem doentes? Se elas ficarem infectadas, ficarão mais doentes do que outras pessoas?
Um artigo de revisão foi publicado no American Journal of Obstetrics and Gynecology em 24 de fevereiro (Rasmussen et al. 2020). Os autores resumem o resultado de vários pequenos estudos da China que seguiram as mulheres grávidas com COVID-19. Em um estudo com 9 gestações, os sintomas nessas mulheres foram semelhantes aos de pacientes não grávidas: febre, tosse, dores musculares, dor de garganta e fadiga.
Os dados científicos ainda são limitados, a infecção é muito nova. De um modo geral, as mulheres grávidas são consideradas mais suscetíveis a infecções respiratórias e ao desenvolvimento de pneumonia grave, especialmente se tiverem doenças crônicas ou complicações na gravidez: portanto, é essencial estar atento às medidas de prevenção e à identificação precoce de sintomas graves e se responsabilizar ainda mais pela própria saúde durante a gravidez.
Ao contrário da gripe, as mulheres grávidas não parecem estar em maior risco de doença grave por causa do COVID-19, de acordo com um relatório oficial da Organização Mundial da Saúde (março de 2020). Atualmente, há apenas um caso relatado de uma mulher com COVID-19 que necessitou de ventilação mecânica com 30 semanas de gestação, foi feita uma cesariana de emergência e teve uma boa recuperação. No entanto, há algum risco: em uma investigação de 147 mulheres grávidas na China desde o início do surto (64 confirmadas, 82 suspeitas e 1 assintomática), 8% tinham doenças graves preexistentes e 1% eram críticas.
O COVID-19 pode causar problemas durante a gravidez?
Atualmente, não existem evidências se o COVID-19 causaria problemas durante a gravidez ou afetaria a saúde do bebê após o nascimento.
O COVID-19 pode ser passado de uma mulher grávida para o feto ou recém-nascido?
Ainda não sabemos com certeza se uma mulher grávida com COVID-19 pode transmitir o vírus que causa COVID-19 ao feto ou ao bebê durante a gravidez ou o parto. Até agora, nenhum bebê nascido de mãe com COVID-19 apresentou resultado positivo para o vírus COVID-19. Nesses casos, que são um número pequeno, o vírus não foi encontrado em amostras de líquido amniótico ou leite materno.
Lactante (nutriz) com COVID-19 & Amamentação
Esta orientação destina-se a mulheres com COVID-19 confirmado ou que estejam sob investigação de COVID-19 e que estejam amamentando atualmente. Esta orientação é baseada no que atualmente se sabe sobre o COVID-19 e a transmissão de outras infecções respiratórias virais. Nós atualizaremos essas orientações provisórias conforme necessário, à medida em que informações adicionais estiverem disponíveis.
Transmissão de COVID-19 através do leite materno?
Em estudos limitados sobre mulheres com COVID-19 e outras infecções por corona vírus, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV), o vírus não foi detectado no leite materno.
CDC – Orientação sobre amamentação para mães com COVID-19 confirmado ou sob investigação para COVID-19
O leite materno é a melhor fonte de nutrição para a maioria dos bebês. No entanto, pouco se sabe sobre o COVID-19. Se, e como iniciar ou continuar a amamentação, deve ser determinado pela mãe em coordenação com sua família e profissionais de saúde. Uma mãe com COVID-19 confirmado ou que está sob investigação, mas está sintomática deve tomar todas as precauções possíveis para evitar espalhar o vírus para o bebê, inclusive lavar as mãos antes de tocar no bebê e usar uma máscara facial, se possível, enquanto estiver amamentando.
Se optar pela oferta do leite materno ordenhado com uma bomba manual ou elétrica, a mãe deve lavar as mãos antes de tocar em qualquer parte da bomba ou da mamadeira e seguir as recomendações para uma limpeza adequada da bomba após cada uso. Se possível, considere que alguém que esteja bem ofereça o leite ordenhado ao bebê.
A Sociedade Brasileira de Pediatria, apoiada em revisões sistemáticas do CDC e do Royal College of Obstetricians and Gynaecologists, conclui que caso a mãe queira manter o Aleitamento Materno, a mesma deve estar esclarecida e estar de acordo com as medidas preventivas necessárias, como as expostas acima.
Nossa posição, no momento, está em acordo com as evidências científicas disponíveis e pode ser resumida nas palavras do editor chefe do periódico Breastfeeding Medicine que afirma
“dada à realidade de que as mães infectadas pelo coronavírus provavelmente já colonizaram seus bebês, a amamentação continuada tem o potencial de transmitir anticorpos maternos protetores ao bebê através do leite materno. No entanto, a continuidade da amamentação pressupõe que a mãe pratique cuidadosamente a lavagem das mãos e o uso de máscara durante a amamentação, para minimizar a exposição viral ao bebê”.
As principais recomendações para as GESTANTES e NUTRIZES são as mesmas da população em geral:
• Evite contato próximo com outras pessoas, ou seja, evite reuniões onde não seja possível manter uma distância de 2 metros entre os indivíduos;
• Lavagem frequente ou desinfetante para as mãos (com concentração de álcool a 70%);
• Se for possível não ande de ônibus;
• Ao andar de táxi ou Uber mantenha as janelas abertas – Usar álcool gel quando sair;
• Não dê carona;
• Procure atendimento médico se tiver sintomas como febre alta e tosse seca.
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