Por @gabicbs
Olá, sou Gabrielle Gimenez, editora especial deste portal. Fiz minha estreia na maternidade há 10 anos, sou produtora de conteúdo digital com foco na amamentação há mais de cinco anos, lancei meu primeiro livro há um ano e recentemente recebi o título de puericultora.
Hoje é 21 de maio e estou celebrando meu 42° aniversário. Mas hoje também se comemora o 41° aniversário do Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno.
Desde 2021, o dia 21 de maio foi instituído como Dia Mundial de Proteção ao Aleitamento Materno em homenagem à data de aprovação do Código pela Assembleia Mundial da Saúde, 21/05/1981. Nessa ocasião, o Código foi aprovado como recomendação para que os governos o adotassem e aplicassem segundo as características próprias da legislação de cada país. No Brasil, ele foi transformado na Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras (NBCAL) em 2006, mas sua primeira versão é de 1988.
Por que precisamos de leis de proteção à amamentação e datas que nos recordem dessa necessidade?
Quando eu nasci, em 1980, o mundo presenciava o fechamento de uma década com o pior índice de amamentação da história. Diz-se que a amamentação esteve a ponto de desaparecer.
Fui amamentada por pouco tempo, como muitos bebês da minha geração. Havia pouca informação disponível para a população em geral (minha mãe procurou bastante e não achou). Os profissionais não sabiam muito mais que os leigos e as orientações de puericultura, de fazer chorar de tão absurdas. O “must have” do momento eram as novidades da indústria em latas bonitas, atraentes e com um marketing agressivo, abusivo e nada honesto. Ninguém controlava o que a indústria fazia ou dizia naquela época (hoje temos a NBCAL!). Prato cheio para desmames precoces em massa e o surgimento de muitos mitos que persistem até hoje.
Leis, programas e políticas públicas iniciadas mais adiante mudariam o panorama nas décadas seguintes. Mas ainda estamos longe do ideal.
Quando fui mãe há 10 anos, minha história de amamentação não foi muito diferente da de minha mãe. Falta de informação, má orientação profissional e desmame precoce.
Com os gêmeos, três anos mais tarde, a situação foi diferente porque o acesso que eu tive à informação e a grupos de apoio mudou tudo: Aleitamento materno exclusivo gemelar e amamentação continuada até o desmame natural.
Depois disso veio a vontade de contar ao mundo tudo o que eu ia aprendendo e estava funcionando para nós. Anos de trabalho voluntário nas redes sociais baseados no que eu estudava de forma autodidata. Então veio a oportunidade de formalizar conhecimentos pelo estudo de uma carreira e foi assim que me formei em Puericultura em dezembro do ano passado.
Fortalecer a Amamentação: Educando
O tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno deste ano é Fortalecer a Amamentação: Educando e Apoiando. E não poderia me sentir mais identificada com o tema. Foi graças ao acesso à informação fidedigna sobre amamentação e ao apoio de outras mães e profissionais dedicados a causa, que uma mãe que “não deu conta” de amamentar um bebê, conseguiu amamentar dois ao mesmo tempo depois.
Acredito tanto no poder de educar, que dedico a maior parte do meu trabalho à transmissão desse conhecimento a outras mulheres. Informação é poder! E isso não é apenas um jargão. Quanto antes essa informação chega, mais poderosa ela se torna.
A amamentação deveria ser um tema que estudamos na escola
Por que ela não aparece nos livros de ciências e biologia? A amamentação deveria ser uma cátedra obrigatória nas faculdades da área de saúde. Por que se passa tão por cima do assunto na graduação? A amamentação deveria ser algo tão corriqueiro a ponto de não chamar a atenção. Por que as pessoas se incomodam e acham estranho mulheres amamentando os seus bebês por aí?
Então a gente percebe o quanto temos para mudar no processo de resgatar uma cultura perdida da amamentação. Das crianças que brincam de boneca aos pais e mães de primeira viagem, da avó bem-intencionada ao Pediatra que acompanhará o bebê nos seus primeiros anos.
Todos precisam de educação em amamentação
Só de posse desse conhecimento, alcançaremos a dimensão da sua importância e da necessidade urgente de oferecer apoio para que ela aconteça dentro de um contexto propício e seguro.
E aqui estou eu, uma mãe que terminou transformando paixão em profissão. Uma quarentona que compartilha com um Código (também quarentão) não apenas uma data, como também uma missão: promover, apoiar e proteger a amamentação. Parabéns para nós!
Gabrielle Gimenez é Puericultora, mãe de três, editora convidada do portal aleitamento.com e autora do livro “Leite Fraco? – Guia prático para uma amamentação sem mitos”.
Gabrielle Gimenez será uma das Conferencistas do Seminário Fortalecer a Amamentação preparatório para a Semana Mundial de Aleitamento Materno desse ano cujo tema central é a educação. Programa e inscrições em www.agostodourado.com