Convite à
paternidade
melhora a saúde do
homem
Rafael Amendola
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O I Seminário de Pesquisa e Vivência sobre Corpo e VII Fórum de Debates sobre Paternidade que ocorre no mês de agosto na Maternidade-Escola da UFRJ tem como abordagem principal o corpo do pai cuidador. O evento cria um espaço de reflexão sobre o trabalho com o corpo vivencial da clientela e busca entender como as pessoas sentem-se sobre seus próprios corpos.
Na sociedade capitalista, o fato de se esperar que o homem contribua financeiramente para o sustento da família e não se encarregue de atividades cuidadoras formou-se ao longo da história do nosso povo. No período da escravidão, os homens foram encarregados de atividades braçais, enquanto as mulheres ficavam responsáveis por cuidados domésticos e de seus filhos. Posteriormente, a busca por oportunidades de trabalhos fez com que homens de diversas partes do Brasil migrassem para os grandes centros urbanos e deixassem suas companheiras.
Transformar esta realidade é a meta de profissionais como a psicóloga Maria Luiza Mello de Carvalho, do Laboratório Interinstitucional de Pesquisa e Vivência sobre Corpo, da Graduação em Terapia Ocupacional, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela explica que questões como o pensamento do homem como contribuinte financeiro e o preconceito em relação à sexualidade são grandes responsáveis por alguns homens não exercerem as mesmas atividades que as mulheres.
“A sociedade desvaloriza atividades como o cuidado dos filhos, de creches e da saúde, e espera que os homens façam dinheiro. Se um pai não for trabalhar para cuidar dos filhos, o chefe dele não o compreenderá, e se um homem mostra interesse por atividades cuidadoras, sua sexualidade pode vir a ser questionada”,
afirma Maria Luiza.
A proposta de aumento da licença-paternidade para 15 dias, a Política Nacional de Saúde do Homem e as orientações que os profissionais da área estão recebendo vêm diminuindo o preconceito, desinteresse e falta de informação. Segundo a professora, pequenas atitudes contribuem para o aumento da presença masculina nas atividades cuidadoras.
“Convidar o pai para estar junto da mãe durante a ultrassonografia, alertá-lo que é direito da gestante ter um companheiro ao lado no momento do parto e até mesmo a reforma de salas de esperas e a criação de banheiros masculinos nas maternidades são atitudes que nós, profissionais, devemos instituir para incentivar os homens”,
alerta a psicóloga.
Devido à utilização desses métodos, a paternidade é a área que mais vem apresentando transformações e, como consequência, está modificando a masculinidade. Em sua tese de doutorado “Cuidado, sociedade e gênero”, Maria Luiza observou 16 homens de perfis socioeconômicos e histórias de vida diferentes durante o cuidado de seus filhos sem a presença das mães. O resultado foi surpreendente e mostrou que o homem é capaz de exercer atividades tidas como femininas. Ao longo do estudo, eles alegaram estar aprendendo com os filhos, mais felizes e estimulados a cuidar.
“Eles são totalmente capazes de cuidar. O cuidado é uma iniciativa afetiva e não é obrigatoriedade de um ou outro gênero. O amor demonstrado pelos filhos aumenta a autoestima dos pais e melhora bastante a saúde. Além disso, eles estão mais atentos para cuidar de si, dos filhos e de companheiras”,
diz a especialista.
Os profissionais da área da saúde devem se preparar para melhor atender ao novo perfil de pacientes e espaços para debates e reflexões como o do próximo seminário precisam cada vez mais ser discutidos. O cuidado com os filhos, que vem gerando a atenção masculina com a sua saúde, também pede uma reorganização do tempo de trabalho, a fim de que assim haja um apoio social para o cuidado com a saúde.
O evento
O I Seminário de Pesquisa e Vivência sobre Corpo e VII Fórum de Debates sobre Paternidade, que ocorre no dia 26 de agosto, promove a temática da paternidade no cuidado com os filhos e é iniciativa da graduação em Terapia Ocupacional da UFRJ.
O evento ocorre no Auditório Leopoldo Meis (ao lado da Farmácia Universitária), no Centro de Ciências da Saúde (CCS), que fica na Av. Carlos Chagas Filho, 373, na Cidade Universitária. As atividades se iniciam às 8h e terminam às 15h, e contarão com a presença de vários profissionais conceituados da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A forma de inscrição e a programação mais detalhada podem ser encontradas no site
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