Pesquisa enfatiza a participação do pai durante o aleitamento materno
O tempo de duração da amamentação é tido como uma decisão quase que exclusivamente da mãe no acompanhamento da saúde da criança. Tanto que as campanhas que visam estimular o hábito e os benefícios da amamentação são quase que exclusivamente dirigidas às mulheres. Ao pai do bebê é colocado um papel secundário, muitas vezes coadjuvante, reduzindo o envolvimento dos homens quanto à adoção e ao tempo de duração do aleitamento materno. Uma pesquisa que avaliou os fatores associados à duração do aleitamento, contudo, indicou que a influência do pai pode ser muito maior do que se imaginava.
Leite materno também é coisa de pai
O tempo de duração do aleitamento infantil é tido como uma decisão quase que exclusivamente da mãe no acompanhamento da saúde da criança. Tanto que as campanhas que visam estimular o hábito e os benefícios da amamentação são quase que exclusivamente dirigidas às mulheres. Ao pai do bebê é colocado um papel secundário, muitas vezes coadjuvante, reduzindo o envolvimento dos homens quanto à adoção e ao tempo de duração do aleitamento materno. Uma pesquisa que avaliou os fatores associados à duração do aleitamento, contudo, indicou que a influência do pai pode ser muito maior do que se imaginava.
A partir de dados de 450 crianças com até 24 meses de idade, uma pesquisa realizada em três municípios da região do Alto do Jequitinhonha, em Minas Gerais, indicou que a maior escolaridade paterna e o fato de o pai não morar com a criança foram fatores associados à menor duração do aleitamento materno entre as crianças estudadas. Nos casos de crianças que não residiam com o pai, o risco de interrupção do aleitamento foi 1,62 maior em relação aos que bebês que viviam junto com o pai e a mãe. A maior escolaridade, por sua vez, representou um risco 1,47 maior para o abandono do aleitamento. Ou seja, em casa com pais mais instruídos os bebês tiveram um risco maior de interromper a amamentação com leite materno.
Para os autores do estudo, Francisco Silveira e Joel Lamounier, respectivamente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, os resultados encontrados sugerem a necessidade de um maior envolvimento do pai, e não somente da mãe, no acompanhamento da saúde da criança desde a gestação até as consultas depois do nascimento do bebê.
A pesquisa foi publicada em recente edição dos Cadernos de Saúde Pública (www.ensp.fiocruz.br/csp), editado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp) da Fiocruz. O artigo também recuperou em outros autores alguns dos fatores que distanciam o pai no acompanhamento da saúde das crianças. Um desses fatores indica que apenas 25% dos futuros país estavam presentes nas consultas de pré-natal. Alguns dos motivos alegados pelos pais para não comparecerem às consultas: impossibilidade de irem ao serviço de saúde, não solicitação pelo profissional de saúde (embora o pai estivesse no local da consulta de pré-natal) e sentimento de que o médico podia não gostar da presença do pai no momento da consulta de pré-natal.
“Nos programas formulados para incentivo e apoio ao aleitamento materno devem estar incluídas ações específicas para os pais, o que poderá contribuir para uma melhoria dos hábitos alimentares de recém-nascidos e lactentes”, defenderam os autores no artigo.
O estudo foi realizado nos municípios de Carbonita, São Gonçalo do Rio Preto e Datas, locais em que a população tem baixo poder aquisitivo. Além do papel do pai no tempo de aleitamento, o estudo indicou o uso da chupeta pela criança como outro fator ligado à menor duração do aleitamento materno. O risco de interrupção do aleitamento materno nas crianças que usaram chupeta foi 3,16 vezes maior em relação às que não a usaram. Alterações na arcada dentária, maior risco de asma, febre, diarréia e parasitoses intestinais são outros dos riscos associados ao o uso da chupeta.
Considerado o alimento ideal para o crescimento e o desenvolvimento adequados de crianças, o leite materno é indicado de forma exclusiva até o sexto mês e complementado com outros alimentos até, pelo menos, os 24 meses de idade.
Abril/2006
Foto: Ana Limp/Fiocruz
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Prof. Marcus Renato de Carvalho