Pai dá o peito para acalmar a filha e ignora críticas:
‘Amamentar vai além de produzir leite’
Fonte: Jornal Extra – Globo – Rio de Janeiro
Dizem por aí que nada se compara ao amor de mãe. Mas alguns homens não ficam para trás, e fazem valer o título de “Papai Herói” distribuído a torto e a direto em escolas e creches no Dia dos Pais. Rodolfo Marga entrou nesse grupo dos heróis – com louvor – há no mínimo 1 ano e 7 meses, quando abdicou de qualquer instinto machista e cedeu o peito para acalmar a filha, na época com 3 meses de vida.
Rodolfo, que trabalha na secretaria de uma escola na cidade de Mauá, em São Paulo, contou que estava sozinho em casa com a pequena Valentina, que dormia a soneca da tarde. A mulher dele tinha saído para fazer um exame rápido, mas acabou demorando mais que o planejado. Uma hora depois, a menina acordou e logo começou a chorar.
“Eu sabia que era o choro de fome (Tina sempre teve choros característicos). E aquele choro foi aumentando até que chegou ao ponto em que pensei: ‘E agora? O que eu faço?’”, contou ele, no Facebook.
Rodolfo tentou ligar para a mulher mais uma vez, sem sucesso.
“Pensei comigo: ‘às vezes não é fome, é carência’. Num súbito acesso, fiz o que me veio à cabeça, vou amamentar (Amamentar? Tá louco?). Sim, eu estava. Minha filha estava chorando, e a mãe estava longe. Ela pegou o peito, cerrou a gengiva (não, não doeu) e ficou lá, parada, sem sugar, nem nada. Mas o choro parou, ela ficou me olhando (devia estar pensando: minha mãe não tem barba… Mas é o que tem para hoje, né?). Isso durou 15 minutos e ela voltou a dormir”.
Quando a mãe de Valentina finalmente chegou em casa, três horas depois, nervosa por ter passado tanto tempo longe da filha, se espantou por encontrá-la dormindo, ainda. Perguntou se a criança ainda não tinha acordado, e Rodolfo respondeu, todo cheio de si, que sim, e havia chorando muito. “E o que você fez?”, perguntou ela.
“Eu, com aquela cara de Super-Homem (ou Super-Pai) falei: ‘Amamentei’. É lógico que tive que mostrar isso posteriormente, e aí ela tirou essa foto”.
“A maioria das pessoas foi a favor e achou bacana, mas uma pequena parcela me ofendeu. Me chamaram de nojento, de ‘desnecessária, essa atitude’. E algumas mulheres falaram que eu estava tentando roubar o papel da mãe. Uma outra que disse que eu estava fazendo aquilo porque me estimulava sexualmente e me chamou de pedófilo”, relatou ele. “Isso gerou uma certa revolta por meio das mães que estavam a favor, mas eu não liguei, sabe?! Hoje as pessoas estão mais preocupadas em apontar o dedo do que estender a mão pra ajudar ou agradecer alguém”, acrescentou.
“Eu sou homem, não produzo leite, mas acredito que o amamentar vai muito além disso. É um contato direto que você tem com o seu filho/filha, é como se você mostrasse pra ele o que é amor, carinho, atenção, mas em uma língua em que ambos entendam”, escreveu ele.
Valentina já está com 1 ano e 10 meses e é provável que já consiga perceber o que faz de Rodolfo “O melhor pai do mundo”: o fato de ser o dela.
“Não tem essa de melhor do mundo. Eu sou o melhor pai do mundo para a Valentina, até porque sou o único que ela tem”, diverte-se ele.
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Parabéns Rodolfo!
Nossa homenagem à todos os homens-pais!
Por estas e outras, criamos a
Campanha de Valorização do Cuidado Paterno e o slogan de 2002 foi
“Pai – dê o Peito para o seu filho!”
Dr. Marcus Renato de Carvalho, pai da Clara e da Sophie