Grupo reage a outra forma de opressão feminina
LONDRES
Não apenas o constrangimento impede que mais homens vítimas de violência doméstica venham a público relatar seu drama ou abandonem o lar. O medo de perder o contato com os filhos, por exemplo, é uma das principais justificativas em casos de maus-tratos regulares, sobretudo diante de um quadro pouco favorável aos pais em casos de separação em termos legais.
Pelo menos nesse quesito, há um forte lobby do Fathers 4 Justice, movimento criado em 2003 pelo consultor de marketing Matt O’Connor, que vivia às turras com a ex-mulher para ganhar acesso aos dois filhos do casal.
A solução de O’Connor para o problema foi se juntar a outros pais insatisfeitos e dar início a uma série de incomuns manifestações públicas, como a do sujeito que subiu na sacada do Palácio de Buckingham vestido de Batman ou da dupla que atacou o premier Tony Blair em pleno Parlamento com duas camisinhas recheadas com farinha de trigo.
— Sei que há gente que não gosta da maneira como protestamos. Mas campanhas provocativas são a única maneira de chamarmos atenção — afirma O’Connor.
Apesar das dificuldades, o grupo vem se expandindo. O Fathers 4 Justice conta hoje com filiais em EUA, Holanda, Itália, Canadá, Austrália e Suécia, e com o apoio de gente famosa, como Bob Geldof.
— Os integrantes desse grupo têm atitudes heróicas diante de uma legislação injusta — diz Geldof.
De acordo com estatísticas do governo britânico, cerca de 40% dos pais não tem contato direto com os filhos no Reino Unido.