PRESEPADA s.f. Bras. Espetáculo ridículo, extravagante, bizarro. / Fanfarronada,…
“Presepada” homem querer ser pai de fato?
Espero que O Globo reflita sobre a inadequação do termo “presepada” desqualificando a iniciativa de um pai divorciado em Londres por estar mais presente na vida de seus filhos. Contraditoriamente, a Revista do Globo fez uma linda reportagem em agosto deste ano, com o Dr. Marcus Renato de Carvalho, sobre a luta dos pais separados pela guarda compartilhada.
A pesquisa que tenho desenvolvido sobre paternidade vem constatando a falta do apoio social para homens cuidarem dos filhos, sejam eles casados, divorciados ou solteiros. A mídia tem papel fundamental na legitimação do desejo dos homens que reivindicam guarda compartilhada, já que muitas mulheres afastam os pais das crianças, seja porque não os consideram competentes para o cuidado, seja por retaliação à separação conjugal. Além disso, muitos homens não se sentem no direito de reivindicar mais contato com as crianças por não acreditarem na sua capacidade de cuidar.
Há 3 anos temos realizado “Fóruns de Debates sobre Paternidade” na Maternidade-Escola da UFRJ, no Mês de Valorização da Paternidade, em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, aprofundando a reflexão científica sobre o tema. Esta uma questão que precisa da participação ativa dos meios de comunicação, pois está diretamente vinculada ao crescimento da violência, já que os homens são estimulados para serem fortes fisicamente, voltados para ganhar dinheiro e distantes da família e violentos. Homens e mulheres no nosso país vivem com cada vez menos tempo para ficar com a família. Quando grupos de homens se unem para reivindicar o direito de serem pais, estão na contramão dos interesses do capitalismo. Iniciativas como estas dos pais separados precisam ser valorizadas. É interessante notar que a matéria ressaltou o fato dele ter burlado a segurança no dia em que a rainha delineou prioridades para segurança contra criminalidade. Não seria o investimento social no envolvimento de homens e mulheres no cuidado com as crianças um importante fator na construção de um mundo de paz?
Um grande abraço,
Maria Luiza de Carvalho
Psicóloga da Maternidade-Escola da UFRJ
Pesquisadora e doutorando do EICOS – Estudos Interdisciplinares de Comunidades e Ecologia Social – UFRJ
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“P R E S E P A D A” ? !
A matéria publicada na página 36, do Globo de hoje, 24/11/2004, com foto e chamada de destaque na primeira página, me causou espanto pelo tom tendencioso e pejorativo utilizado através da palavra PRESEPADA, para definir uma ação pacífica e legítima: a de Pais que querem participar da vida, educação e crescimento de seus filhos !
Se o repórter que escreveu a matéria tinha a intenção de fazer um jogo de palavras, não atingiu seu objetivo. Em minha opinião perdeu-se o fato principal: a luta de pais que querem ser pais!
Mães do mundo inteiro se sacrificam tentando ser Pai e Mãe ao mesmo tempo porque a imensa maioria dos pais, após a separação, vão abandonando os filhos e não cumprem, nem mesmo, as visitas estabelecidas em juízo!
Os filhos, que moram com as mães, precisam mais que visitas de seus pais: PRECISAM DE PAIS PRESENTES, ATUANTES!
E é exatamente isso que a ONG, Fathers for Justice, vem fazendo na Inglaterra, sempre de forma pacífica, tentando buscar a atenção para a Guarda Compartilhada que é o que estamos tentando aqui no Brasil, também. A Guarda Compartilhada equilibra a convivência da criança com pai e mãe!
A matéria poderia dizer muita coisa sobre a manifestação, menos que tenha sido uma PRESEPADA!
Sem pensar muito, eu teria escrito no lugar de PRESEPADA: NATAL COM PAPAIS – O Noel e o seu!
Já pensaram quantas crianças, neste Natal, gostariam de poder estar com seus pais???? Vamos pensar nelas que não escolheram a separação- nós fizemos isso!!!!
Maria Bethania Villela – Advogada
(separada, mãe do Marcello-13 anos)
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DIREITO DOS FILHOS: PRESEPADA ?!
Os editores d’O Globo foram muito infelizes ao julgar de forma tão pejorativa mais uma ação da ONG inglesa “Fathers for Justice” que luta pelo direitos dos filhos de pais separados.
A lei da Guarda Compartilhada é avanço na legislação parental que em muitos países do mundo está se tornando uma realidade.
No Brasil também: a Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados aprovou um dispositivo de lei que não priva filhos e pais do convívio após a separação do casal.
Felizmente os atos pacíficos desta ONG inglesa tem chamado atenção da sociedade sobre como a Justiça não tem acompanhado as mudanças sociais, mas lamentavelmente há ainda preconceito e descaso sobre o
Direito pleno à Paternidade: pai não é visita !
Se este pai-manifestante da foto da 1a. página tivesse o direito de estar com o seu filho, certamente não estariam acorrentados no Palácio real.
E eu, se tivesse o direito de conviver com a minha filha não estaria agora escrevendo para o “Cartas dos leitores” e sim andando de bicicleta, lendo histórias, caminhando pela praia… que gostamos tanto.
Prof. Marcus Renato de Carvalho