“Não dei peito porque não tinha leite”: Bosco, vivências paternas em novo livro
“Não dei peito porque não tinha leite”*:
Francisco Bosco, sobre ser pai
MARIA FORTUNA para jornal O Globo
A experiência de ser pai no mundo contemporâneo virou livro pelas mãos do escritor Francisco Bosco. “É um relato de hoje em dia, em que os papéis de gênero têm sido desconstruídos”, diz ele, que lança “Orfeu de bicicleta: um pai no século XXI” (Ed. Foz), dia 30 de abril, na Livraria Travessa de Ipanema. O pai de Iolanda e Lourenço falou à coluna Gente Boa do Segundo Caderno.
Como acontece essa “desconstrução” dos gêneros?
A cada geração as fronteiras se esmaecem. O vínculo naturalizado entre mulher e maternidade, assim como a primazia da mãe na responsabilidade de cuidar dos filhos, é uma construção da dominação masculina. Isso está cada vez mais relativizado. Pai e mãe têm se tornado papéis mais igualitários.
Que tarefas são divididas hoje?
No meu caso, só não dei peito porque não tinha leite. Os pais contemporâneos fazem de tudo: trocam fraldas, vão ao pediatra, sabem as medicações de cor, levam e buscam na escola, conversam com os professores, fazem e dão a comida das crianças — e arcam com o prejuízo narcísico de dar limites, pois para educar é preciso suportar às vezes não ser amado.
E novas famílias?
Hoje, duas mulheres podem ser mãe e pai ao mesmo tempo, assim como dois homens, ou mesmo um coletivo de pessoas pode ter um filho. O decisivo é amar e se responsabilizar. Não há mais determinações rígidas sobre quem deve ou não deve fazer isso.
Francisco Bosco lança “Orfeu de Bicicleta – um pai no século XXI” (Foz editora), que apresenta um ensaio filosófico, trazendo um relato pessoal, bem humorado, sensível e autobiográfico sobre a paternidade no Brasil contemporâneo.
O autor fala da sua própria experiência, como pai de dois filhos pequemos, dos seus espantos, insights, suas indecisões e contradições, ao exercer as funções paternas no mundo atual. Na primeira parte do livro, faz um breve estudo sobre as transformações do papel social da criança, da Idade Média, aos tempos de hoje, quando os infantes são tratados como pequenos reis nos restaurantes. Assim, entre a criança brasileira que faz manha, e a paternidade que, hoje, não parece ser uma questão, o escritor conduz o leitor a uma reflexão muito saudável e original sobre essa condição masculina.
Francisco Bosco
Poeta, letrista, filósofo e escritor, Francisco Bosco nasceu no Rio de Janeiro, em 1976. Filho do cantor e compositor João Bosco, é doutor em Teoria Literária pela UFRJ. Dentre os seus livros estão Banalogias (2007) e E livre seja este infortúnio (2010). Sua obra mais recente, Alta ajuda (2012), reúne 35 ensaios publicados nos últimos sete anos no jornal O Globo e nas revistas Trip e Cult. Neles o autor compara seus textos a partidas de futebol de salão e reflete com perspicácia sobre o amor, o sexo, a inveja e a insônia, trazendo um olhar filosófico para temas extraídos do dia-a-dia.
Sinopse do livro:
É um livro sobre a figura do novo pai, neste novo século. Escrito pelo filósofo Francisco Bosco, o livro reúne reflexões divertidas, históricas e profundas, sobre a primazia das crianças nas famílias modernas. Pai de filhos pequenos, o autor comenta os impactos que o nascimento das crianças provocam na vida dos adultos, de forma poética e bem humorada, associando o contexto histórico às suas reflexões.
Ficha técnica:
título: ORFEU DE BICICLETA: UM PAI NO SECULO XXI
isbn: 9788566023237
idioma: Português
encadernação: Brochura
edição: 1ª
Foto: Leo Martins
* A expressão
“Não dei peito porque não tinha leite”
lembra aquela que utilizamos para incorporar o pai nas questões de amamentação e virou poster dp Ministério da Saúde:
“Quem tem peito, dá leite. Quem não tem, dá força”
O www.aleitamento.com recomenda.