Bebês se parecem mais com a mãe do que com o pai,
segundo estudo
Os bebês menores de um ano se parecem fisicamente mais com a mãe do que com o pai, segundo um estudo científico.
Quando a mãe diz que o neném se parece mais com o pai, trata-se de uma “manipulação social” destinada a reforçar no companheiro a crença que é o pai da criança, concluem os autores do estudo.
Um estudo de cientistas do francês CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica) revela que os bebês se parecem claramente com suas mães, ainda que a maioria delas diga que os recém-nascidos são a cara dos pais, em uma manipulação inconsciente que visa a proteger a criança.
Seja menino ou menina, os bebês com menos de um ano “lembram marcadamente sua mãe”, declararam os cientistas do Instituto de Ciências da Evolução de Montpellier, em um artigo publicado nesta semana no site da revista especializada Evolution and Human Behavior.
Segundo os cientistas, o rosto dos lactantes apresenta “um relativo anonimato paternal”, o que os deixa a salvo de eventuais dúvidas sobre a paternidade em uma idade em que a proteção paterna é essencial à sobrevivência.
Esta proteção é reforçada pelas mães, que vêem os traços do pai em seus filhos, levando os próprios pais a pensarem que seus bebês se parecem com eles.
Mas a observação de juízes neutros, sem vínculo com as famílias, a partir de fotos de 83 crianças, demonstra o contrário. Confrontando cada rosto de bebê com três fotos de homens e mulheres, eles identificaram na grande maioria a mãe, mas erraram o pai.
Além disso, a semelhança facial com a mãe a incita a se dedicar à relação com o filho, fonte em potencial de conflitos com o parceiro, sobretudo durante o aleitamento.
Esta semelhança, que se inverte na maioria dos meninos entre 2 e 3 anos, parece resultar de uma evolução genética da espécie, que permite ou impede a expressão dos traços do pai ou da mãe em função da idade da criança, concluíram Alexandra Alvergne, Charlotte Faurie e Michel Raymond.
Mas os cientistas não excluem que a morfologia mais marcada do rosto do homem (o queixo, o nariz e o maxilar mais acentuados) influencie esta percepção. Apenas as características mais suaves são visíveis nos bebês pequenos, reforçando sua semelhança com a mãe.
SERÁ MESMO MEU FILHO?!
Esta equipe de cientistas do Instituto de Ciências da Evolução de Montpellier (sul da França) analisou a semelhança das crianças no âmbito da “ecologia familiar”, pois consideram que alguns dos conflitos no lar são gerados pela falta de certeza do homem sobre a verdadeira paternidade de seus filhos.
De acordo com a edição de hoje do jornal francês “Le Monde”, cada vez mais homens franceses recorrem à análise genética no estrangeiro para tirar a dúvida sobre se são os pais biológicos de seus filhos.
Os testes genéticos não são permitidos na França, a não ser com uma autorização judicial.
O número de pedidos de testes de paternidade recebidas da França pela DNA Solutions, empresa que faz mais de 50.000 testes deste tipo por ano no mundo, aumentou 65% nos seis últimos anos, acrescenta o jornal.
Os pesquisadores de Montpellier pediram a algumas pessoas que não conheciam as famílias que determinassem a semelhança entre pais e filhos por meio de fotografias do rosto, indicou o Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) em comunicado.
Os resultados mostram que meninos e meninas se parecem mais com sua mãe no primeiro ano de vida, mas que as crianças começam a se assemelhar mais com seu pai a partir dessa idade.
Pelo contrário, as meninas continuam parecendo-se mais com sua mãe até completar seis anos, idade máxima das crianças analisadas no estudo.
A equipe pretende ampliar no futuro seu estudo para crianças maiores de seis anos e em outros contextos culturais.