Dia dos pais é dia da guarda compartilhada
Foto de Divulgação
Pediatra aproveita data para lançar campanha e divulgar para a população o projeto de lei que tramita no congressso
Pediatra lança campanha pela guarda compartilhada
Marcella Sobral – Globo Online
RIO – Para diminuir a distância entre pais e filhos, alguns casais têm adotado o sistema da guarda compartilhada. No Brasil, ainda não há lei que garanta direitos iguais entre pai e mãe após a separação, mas já há uma lei em tramitação no Congresso Nacional para instituir a lei no país. Neste domingo, dia dos pais, será lançada a Campanha Social de Valorização do Cuidado Paterno 2004. O evento acontece no Parque dos Patins, na Lagoa e tem como slogan “Pelo direito à paternidade!” Advogados e profissionais de saúde estarão no local explicando o projeto da lei.
O organizador da campanha é o pediatra e professor da UFRJ Marcus Renato de Carvalho. E engana-se quem pensa que ele defende a causa apenas por motivos profissionais. Pai de Clara, de 11 anos, e de Sophie, de 2 anos, o médico tem em casa exemplos distintos de como criar os filhos sendo pai separado.As duas separações aconteceram ainda com as meninas bebês. Com a mãe de Clara, Marcus tem um bom relacionamento e a guarda compartilhada começou imediatamente após o fim do relacionamento dos pais.
Já com Sophie, a situação foi diferente. Marcus teve que entrar na Justiça e demorou um ano para conseguir que a filha dormisse em sua casa.
– O nosso poder judiciário é matriarcal. Assim que um casal se separa, a guarda fica imediatamente com a mãe – diz.
Não há idade para que os pais adotem a guarda compartilhada. O ideal é que o sistema seja implantado logo após a separação.
– A única limitação é a fase de amamentação. Depois disso, os pais devem adotar a guarda compartilhada imediatamente – aconselha o médico.
Guarda compartilhada não quer dizer, necessariamente, que a criança tenha que passar metade de seu tempo na casa da mãe e a outra metade na casa do pai. A proposta é que nenhuma decisão em relação ao filho seja tomada unilateralmente.Os benefícios desta divisão de responsabilidade são bons para toda a família. A mãe – no caso da criança morar com ela, como acontece na maioria dos casos – passa a ter mais tempo disponível para suas atividades. O pai ganha mais confiança e intimidade com o filho e é aceito pela criança como parte de sua família e não como um estranho ou uma pessoa que ele visita a cada quinze dias. E os dois têm a mesma oportunidade de acompanhar o crescimento do filho.
Para a criança as vantagens são inúmeras. Com a mesma atuação do pai e da mãe na sua educação, ela recebe informações, valores e referências dos dois lados, abrindo horizontes e formando uma personalidade mais flexível, respeitando as diferenças entre o pai e a mãe.
A casa do papai passa a ser também a casa da criança e a insegurança da separação fica menor quando a presença dos dois pais é constante. Assim como o sentimento de culpa pelo rompimento do casal, comum entre filhos de pais separados, segundo os especialistas, também passa a ser menor. No lançamento da campanha também haverá recreação para as crianças, de 9h ao meio-dia. Às 11h, a Companhia Mímica em Trânsito fará uma homenagem aos pais com a encenação de “Isso é Pai!”.
Cuidados na hora da visita
Globo Online
Confira algumas dicas do doutor Marcus Renato de Carvalho para tornar mais próximo o relacionamento entre pais e filhos nos dias de visita:
Atividades: Não imponha os programas à criança. Proponha que ela elabore uma lista do que gostaria de fazer no dia de visita, como ir ao cinema ou assistir TV ao seu lado. E faça o mesmo. Depois, conversem sobre os desejos de cada um e decidam a programação.
Educação: Não hesite em desempenhar o seu papel de educador com receio de que isso possa afastar o filho.
Combinados: Esforce-se ao máximo para comparecer aos dias combinados de visita, estabelecendo, assim, uma rotina. Se tiver de faltar, avise com antecedência, explicando a razão.
Discrição: Evite perguntar sobre a vida pessoal da ex-mulher (ou do ex-marido). Não faça perguntas que deixem a criança sentindo como se estivesse traindo o outro adulto.
Intimidade: Se tiver mais de um filho, separe alguns momentos para ficar a sós com cada um, dando a eles a oportunidade de conversarem em particular com você e sem interrupções. Ocasionalmente, combine saídas individuais e faça passeios de que um gosta, mas que não interessam ao outro.
Leva-e-traz: Assuntos pertinentes ao divórcio devem ser discutidos pessoalmente pelos pais. Jamais use o filho como mensageiro.
Recusa: Se nos dias de visita a criança tiver outros planos -como festa de aniversário de colegas-, não se ofenda. Mas, se a recusa em visitá-lo for constante, seja claro ao dizer que aquele dia é importante para ficarem juntos.
Rotina: Não altere sua rotina nem abandone seu filho, integre-o às atividades do seu dia. Por exemplo: se você tem de arrumar a estante de livros, peça que ele participe, ajudando-o.
Foto de Fábio Seixo – Jornal O Globo