RECEITE um LIVRO
A importância de recomendar a leitura para crianças
“Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar.”
Rubem Alves (1933-2014)
Os primeiros anos da vida de uma criança são fundamentais para seu desenvolvimento. É nesse período que a formação de conexões cerebrais é mais propícia. Além disso, há cada vez mais evidências de que a arquitetura do cérebro é construída a partir das experiências vivenciadas. Por isso, é muito importante oferecer cuidado, afeto e estímulos o mais cedo possível à criança, até mesmo durante a gestação, para que ela possa desenvolver de forma plena habilidades como pensar, falar e aprender.
Um dos principais estímulos que pais e cuidadores podem oferecer à criança desde a gestação até os 6 anos é a leitura. Ela é tão importante que se tornou uma recomendação médica no exterior e no Brasil.
O objetivo da campanha “Receite um Livro” é mobilizar os médicos pediatras a estimularem a leitura parental para – e com – as crianças de zero a seis anos como forma de promover o desenvolvimento infantil integral.
Como parte da campanha serão distribuídas aos pediatras a publicação
“Receite um livro: Fortalecendo o desenvolvimento e o vínculo”,
que traz conteúdo atualizado e baseado em evidências científicas sobre os impactos da leitura no desenvolvimento infantil, bem como orientações de como incluir o estímulo à leitura na prática clínica.
“Mesmo que a criança não entenda o significado das palavras, ela compreende as expressões faciais, o gesto de carinho e a suavidade da voz.”
Ricardo Halpern – Presidente do Depto. de Pediatria do Desenvolvimento da SBP
Há cada vez mais evidências de que as experiências vivenciadas pela criança têm grande influência no seu desenvolvimento. Tudo o que a criança experimenta no mundo externo (vivências e estímulos cognitivos, sensoriais e afetivos) desempenha um papel em sua constituição como indivíduo.
Por isso, é muito importante dar afeto, cuidado e estímulos o mais cedo possível à criança, até mesmo dentro da barriga, na gestação, para ela desenvolver plenamente o pensar e o falar, além de aprender a conviver. E um dos principais estímulos é ler para elas, por isso “receitar livros” agora é uma recomendação médica no exterior e no Brasil.
LER para os BEBÊS PREMATUROS?!
Duas vezes por dia, uma equipe de voluntários entra na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Instituto Fernandes Figueira (IFF), no Rio de Janeiro, para ler histórias para bebês prematuros. O hospital é referência para doenças infantis crônicas. E a iniciativa faz parte do Núcleo de Apoio a Projetos Educacionais e Culturais (Napec), que desde 2001 desenvolve junto aos pacientes e familiares da instituição oito ações que têm como mola mestra a leitura de histórias. “O livro é a ligação do hospital com a realidade da qual as crianças estão afastadas em virtude do momento de internação”, explica a idealizadora e coordenadora do Napec, a pedagoga Magdalena Oliveira.
“Para os prematuros, os livros de contraste, aqueles de duas cores, principalmente em preto e branco, são muito importantes. Eles chamam a atenção dos bebês”, orienta a pedagoga. Segundo Madá, como é carinhosamente chamada pelas crianças do IFF, para os recém-nascidos a poesia, com a musicalidade das rimas e dos versos, é o gênero literário mais eficiente. A pediatra do IFF e diretora da SBP, Rachel Niskier, acrescenta que a leitura acalma: “As crianças às vezes dormem no meio da história, mas não é desinteresse, e sim porque há uma calma interna muito grande”.
O projeto conta com nove coordenadores, uma bibliotecária e 155 voluntários, divididos em dia e hora fixos (veja o quadro Multiplicadores do bem). A dedicação exigida é de 2,5 horas por semana. Eles estão aptos a colaborar depois de dois meses de treinamento para aprender a ler sem interromper a percepção da criança.
O trabalho dos leitores voluntários é feito em enfermarias, ambulatórios, salas de espera e, principalmente, na sala de leitura montada no segundo andar do IFF. No período de dezembro de 2013 a novembro de 2014, foram feitas 3.635 mediações pela equipe da pedagoga Madá.
A CIÊNCIA CONFIRMA
Ler para as crianças em voz alta ativa regiões do lado esquerdo do cérebro associadas, entre outras coisas, à compreensão narrativa. Essa é a conclusão de uma pesquisa recente intitulada “Home reading environment and brain activation in preschool children listening to stories”.
“Apesar de estudos comportamentais já terem demonstrado os benefícios para linguagem oral da leitura para crianças pequenas, os efeitos sobre o cérebro não haviam sido ainda quantificados”, observou o artigo, publicado em agosto de 2015 na Pediatrics, uma das principais revistas sobre pediatria do mundo.
A pesquisa quantificou, por meio de ressonância magnética funcional, os efeitos da leitura sobre a atividade cerebral de 19 crianças de 3 a 5 anos de idade. Crianças cujos pais reportaram ler mais para seus filhos e ter mais livros em casa apresentaram uma ativação significativamente maior de áreas do hemisfério esquerdo do cérebro.
Peça livros para seus filh@s aqui: www.itau.com.br/crianca.
Essa campanha é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Pediatria, em parceria com a
Fundação Itaú Social e a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.