Bebês prematuros e de baixo peso se beneficiam com os
Bancos de Leite
Não recorra a outra nutriz para amamentar a criança a fim de evitar o perigo de contrair doenças
Letícia Oliveira do ClickBebê
Embora o leite faça parte da natureza da parturiente, algumas não conseguem alimentar o bebê. Mães que realizaram cirurgias mamárias com lesão de ductos podem apresentar dificuldade para amamentar. Outras que precisam usar medicamentos contraindicados durante o aleitamento, incluindo quimioterápicos e as que possuem infecção pelo HIV (vírus da aids). E até usuárias de drogas ilícitas e álcool não devem amamentar.
Como o leite humano é de extrema importância ao recém-nascido, – e também para combater a mortalidade infantil – foram criados os Bancos de Leite Humano. No Brasil, a Rede Brasileira de Leite Humano (Rede BLH), fruto de uma parceria do Ministério da Saúde com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), faz esse importante papel. A rede é sustentada por 220 BLHs e 170 postos de coletas, fazendo com que o país seja um dos maiores doadores de leite no mundo. Em 2016, de janeiro desse ano até o mês de julho, 82.986 mulheres doaram leite e 81.158 crianças foram beneficiadas.
Para doar, a mulher precisa estar amamentando, ser saudável e ter leite em excesso para ordenhar e ofertar. O leite humano cru permanece bom por até 15 dias conservado adequadamente no congelador. Em seguida, é processado, tratado e pasteurizado, portanto, é isento de qualquer possibilidade de transmissão de doenças, segundo Marcus Renato, docente de Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro e especialista em amamentação pelo International Board of Lactation Consultant Examiners.
No banco de leite, a nutriz precisa apresentar os exames de pré-natal e estar clinicamente bem. Em seguida, ela recebe um kit com touca, máscara e vidros, entre outros itens hospitalares para retirar o leite com segurança. Após enviado para os BLHs, o leite será analisado e tratado. Se estiver em bom estado, estará pronto para alimentar recém-nascidos.
Esta é a melhor maneira da criança ser alimentada quando a genitora não está apta a isso, pois o aleitamento cruzado – quando o bebê é amamentado por outra lactante que não seja sua mãe – é desaconselhado pelo Ministério da Saúde e OMS- Organização Mundial da Saúde.
“Não deixe outra mãe amamentar seu filho, nem amamente outras crianças, pois inúmeras doenças, como hepatites, CMV (Citomegalovírus), HIV (Vírus da Aids), HTLV (Human T lymphotropic vírus), Mononucleose infecciosa, e muitas outras podem ser transmitidas”, alerta Marcus.
Os benefícios do leite materno também são incomparavelmente superiores à fórmula infantil em pó. O leite da mulher contém todos os nutrientes necessários e uma flora bacteriana que combate as bactérias. É um alimento funcional que promove a saúde do bebê, protegendo-o contra infecções respiratórias, intestinais e evita alergias. Além disso, crianças alimentadas com leite humano têm menos risco de alergia, apresentam pressões arteriais mais baixas, menores níveis de colesterol e uma redução do risco de desenvolver obesidade e diabetes tipo 2.
O aleitamento também traz vantagens para a nutriz na proteção contra o câncer de mama e de ovários, facilidade para perder peso, reduz o sangramento e risco de hemorragia pós-parto, além da diminuição dos riscos de artrite reumatoide. E o melhor de tudo: doar leite é um ato de amor.
Saiba onde doar e receber leite materno aqui.
Fonte:
Marcus Renato de Carvalho, docente de Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro e especialista em amamentação pelo International Board of Lactation Consultant Examiners. (CRM 52 39.677-0)