Bancos de leite expandem o atendimento
Denise Almeida, JB Online
RIO – Os bancos de leite estão em expansão no Estado. Só o Instituto Fernandes Figueira (IFF), da Fundação Oswaldo Cruz, centro de referência nacional no setor, ampliou o atendimento em 10%, de janeiro até agosto deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. O serviço presta assistência gratuita à população, com a coleta e distribuição de leite humano. Os beneficiados são os bebês prematuros ou com pouco peso, internados em UTIs neonatais ou ainda aqueles cujas mães são soropositivas ou não podem de amamentar por estarem sob efeito de medicamentos ou tratamentos como quimioterapia e radioterapia.
De janeiro até agosto deste ano, o IFF, atendeu a 100 recém-nascidos e registrou 544 doadoras ativas. Foram realizadas 2.112 doações e coletados 1.446.700 ml de leite e foram distribuídos 1.448.980 ml. Franz Novak, engenheiro de alimentos, do IFF, esclarece que a quantidade de leite distribuída é maior que a coletado, em razão do leite já estocado. O produto pode ser preservado por até seis meses.
De acordo com Franz, o grande salto de qualidade do instituto ocorreu em 1987, quando a legislação brasileira proibiu a compra e a venda de leite materno.
– O instituto, além de interromper a comercialização, passou a funcionar como um pólo de incentivo de aleitamento – acrescentou o engenheiro.
A partir daí, o banco começou a atender às mães que não conseguiam amamentar. Depois de elas resolverem o problema com relação à lactação, tornam-se doadoras. O engenheiro explica que 30% das mulheres produzem um volume de leite superior ao que os filhos consomem. Esse excedente é que coletado.
O leite passa por um rigoroso processo para eliminar microorganismos, além de ser feita a triagem nas doadoras, para evitar risco de contaminação pelo vírus HIV.
– Não nos limitamos, como em outros países, a coletar e distribuir – enfatiza. – O leite materno é liberado com certificado de qualidade e pode ser prescrito como medicação, substituindo fórmulas importadas.
De acordo com o professor da UFRJ e especialista em amamentação, Marcus Renato de Carvalho, a iniciativa ajuda a reduzir a mortalidade infantil e a melhora a expectativa de vida de bebês hospitalizados. Marcus criou o site www.aleitamento.com
há 12 anos, que esclarece dúvidas e dá dicas sobre o aleitamento materno.
– O Ministério da Saúde, o Estado e o município têm desenvolvido programas que contribuem para aumentar a rede de bancos e o número de maternidades, que recebem o certificado de Hospitais Amigos da Criança – justifica Marcus.
Marcus Renato destaca o programa Bombeiro Amigo da Amamentação, da Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil, funciona desde 1999 em parceria com o Instituto Fernandes Figueira. Os bombeiros coletam o leite em domicílio e o levam para o IFF.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil este ano, os bombeiros já fizeram 3.562 visitas para ensinar às mães como retirar, armazenar e doar leite humano. Em agosto, 246 mulheres participaram da ação. Do início do ano até agora, foram recolhidos 2.792 litros de leite, beneficiando 255 recém-nascidos.
Iniciativas no Estado e no município
Desde o ano passado, funciona no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (Saracuruna), em Duque de Caxias, um banco de leite, para atender crianças nascidas ali.
Já no município, o banco de leite da Maternidade Municipal Leila Diniz, que começou a funcionar em janeiro comemora a marca de 700 doadoras e a coleta 192 litros. Deste total, 77 litros foram distribuídos diretamente para os recém-nascidos internados na UTI neonatal e os outros 115 litros foram distribuídos a bebês cujas mães tinham ausência ou redução da produção de leite. A Secretaria Municipal de Saúde possui seis bancos de leite humano.
As mães interessadas em doar o excesso de leite ou receber qualquer tipo de orientação em relação à amamentação, podem ligar gratuitamente para o SOS Amamentação, pelo telefone:
0800-268877