PRÁTICAS E ROTINAS EDUCATIVAS EM ALEITAMENTO MATERNO NO BANCO DE LEITE HUMANO DE UBERABA
PRACTICES AND EDUCATIVE ACTIVITIES OF BREAST FEEDING AT THE HUMAN MILK BANK IN UBERABA – BRAZIL
O aleitamento materno é considerado um dos pilares fundamentais para a promoção e proteção da saúde das crianças em todo o mundo. Contudo, a prática da amamentação está em declínio. Os dados apontam a necessidade de expansão das atividades de promoção ao aleitamento materno. Consideramos que os programas comunitários são um meio efetivo de prevenir este declínio. O objetivo deste trabalho é enfatizar a importância das práticas educativas em aleitamento materno realizadas no Banco de Leite Humano de Uberaba, através do relato das suas atividades educativas. O tema também foi estudado nas fontes de de bases de dados Scielo e Lilacs. Observou-se que a decisão sobre quanto tempo amamentar de forma exclusiva esteve relacionada às informações recebidas acerca do aleitamento materno antes e durante a gestação, bem como logo após o nascimento do bebê. Isto sugere que prover boa informação sobre a amamentação contribui para suscitar o desejo de amamentar.
Palavras-chave: Aleitamento materno, Banco de Leite Humano e Práticas educativas em aleitamento materno.
PRACTICES AND EDUCATIVE ACTIVITIES OF BREAST FEEDING AT THE HUMAN MILK BANK IN UBERABA – BRAZIL
ABSTRACT
The breast feeding is considered one of the fundamental bases to promote and protect the children health all over the world. Nevertheless, the practice of nursing is decreasing. Data have shown the necessity of expanding the divulgation of breast feeding. We believe the community programmers are na effective way of preventing this decline. The aim of this work is to stress the importance of educative practices of breast feeding accomplished at the Human Milk Bank in Uberaba – Brazil, through its educative activities report. The theme was also studied on the Scielo and Lilacs data. If was observed that the information received before and during the pregnancy as well as after the birth, was related to the decision of how long the women should nurse in an exclusive way. This suggests that the supply of good information about nursing contributes to raise its willingness.
Key-words: Breast feeding, Human Milk Bank and Educative Practices of Breast feeding.
INTRODUÇÃO
A amamentação, além de propiciar, pelo leite materno, a melhor fonte de nutrição para os lactentes e a proteção contra diversas doenças agudas e crônicas, também possibilita um melhor desenvolvimento psicológico (1). O padrão atual de amamentação caracteriza-se como de curta duração, com introdução precoce de alimentos, evidenciando-se a necessidade da continuidade de intervenções no sentido de promover o aumento do período de amamentação e de prevenir a suplementação alimentar precoce (2). Muitos são os fatores que afetam o modo como as mulheres alimentam seus filhos e o tempo durante o qual os amamentam. Esses fatores incluem: o meio em que vivem as mulheres, a situação econômica de suas famílias, o acesso das mesmas à educação e à inserção no mercado de trabalho, a propaganda das fórmulas infantis e a atuação dos serviços de saúde. Orientações e condutas equivocadas sobre alimentação infantil freqüentemente praticadas por serviços de saúde são consideradas importante fator para a erosão do aleitamento materno (1).
Ao longo dos anos, o Brasil estruturou programas e açöes de saúde, que visam à investigaçäo e soluçäo desses problemas (3) .
Não basta a mulher estar informada das vantagens do aleitamento materno e optar por esta prática. Para levar adiante sua opção, ela precisa estar inserida em um ambiente favorável à amamentação e contar com o apoio de um profissional habilitado a ajudá-la, se necessário (4).
Os programas comunitários são um meio efetivo de prevenir o declínio da amamentação (5), e, baseado nisto, o Banco de Leite Humano de Uberaba além de exercer funções de processamento, controle de qualidade, estocagem e distribuição do leite materno ordenhado, exerce também atividades educativas de produção e apoio ao aleitamento materno e é considerado centro de referência em amamentação para gestantes e nutrizes.
OBJETIVOS
Apresentar as rotinas e práticas educativas em aleitamento materno no Banco de Leite Humano de Uberaba;
Demonstrar a importância do aleitamento materno e da sua promoção, apoio e incentivo nos serviços de saúde.
METODOLOGIA
Foi realizado um relato das atividades e rotinas educativas do Banco de Leite Humano de Uberaba. O tema também foi estudado nas fontes de de bases de dados Scielo e Lilacs. As palavras-chave utilizadas foram: aleitamento materno, Banco de Leite Humano e práticas educativas em aleitamento materno. Os dados eram do período de 1991 a 2005.
O estudo inclui ainda checagem manual de dados referentes ao Banco de Leite Humano de Uberaba.
RESULTADOS
Os principais fatores de desmame precoce podem ser classificados em dificuldades circunstanciais (mamilos achatados, fissuras, etc.) e em dificuldades culturais (6).
O inquérito nacional realizado pelo INAN/IBGE, 1992, aponta que embora 97% das mulheres brasileiras iniciem a amamentação, a duração desta prática está longe do ideal, sendo que 50% delas amamentam apenas até 134 dias (mediana), e está em 72 dias a duração mediana do aleitamento materno quase exclusivo (também chamada amamentação predominante), ou seja, dar leite materno mais água ou chá. A duração é ainda mais baixa nas áreas urbanas (123 dias de mediana de aleitamento materno total) (7).
Diante destas dificuldades, é necessário propor estratégias centradas no aspecto educativo, abrangendo tanto a difusão de informações a respeito da importância e das vantagens do aleitamento materno, como também a instrução das mães a respeito da forma correta de amamentar, das técnicas específicas para superar as dificuldades circunstanciais que podem ocorrer principalmente no início da amamentação e das técnicas especiais para compatibilizar a amamentação com os outros papéis desempenhados pela mulher dentro da sociedade (8).
Muitos programas bem-sucedidos de incentivo ao aleitamento materno têm sido desenvolvidos nos últimos anos. O alojamento conjunto é um fator imprescindível para a promoção do aleitamento e para facilitação da adoção das práticas estabelecidas nos “dez passos” (1). A eficácia do papel dos Bancos de Leite no cenário das políticas públicas de promoção da amamentação, de certa forma pode ser evidenciada através da história da Iniciativa Hospital Amigo da Criança – IHAC no Brasil, que cujo início foi, em sua maioria, marcado pela implantação da IHAC em instituições que dispunham de um trabalho prévio de Banco de Leite.
Vale ressaltar que os Bancos de Leite Humano no Brasil se configuram num motivo de perplexidade e orgulho, cujo valor se faz reconhecido internacionalmente (9).
A Rede Nacional de Bancos de Leite Humano (REDEBLH) é um programa do Ministério da Saúde (MS) que tem ocupado importante espaço na área da saúde pública do Brasil. Dela fazem parte mais de 160 Bancos de Leite Humano (BLH), distribuídos por todo o país.
As evidências mostram que as taxas e o tempo de duração da amamentação aumentam quando a mulher recebe aconselhamento em amamentação. E é justamente nesta proposta de aconselhamento em amamentação que a Rede de Bancos de Leite Humano está apostando afim de prevenir o declínio do aleitamento materno.
O funcionamento do Banco de Leite Humano de Uberaba é baseado no tripé constituído pela assistência à gestante e nutriz, processamento de leite humano ordenhado e ensino teórico e prático para amamentação correta.
Todos os profissionais são capacitados e treinados para as funções que desempenham, dentre as quais avaliação, diagnóstico e tratamento de fissuras no bico do seio, ingurgitamento mamário, ducto bloqueado e mastite. Orientam , também, na correção de pega e postura do bebê na mama, técnicas provisórias de alimentação (copinho, dedo com a sonda, relactação e translactação), estímulo de sucção, e ordenha manual . Seguem a linha de acolhimento e maternagem com uma única linguagem de atendimento para que a paciente estabeleça um vínculo saudável de confiança com a equipe. É realizado assistência interdisciplinar no trinômio mãe-bebê-pai, contribuindo para o aprendizado do processo de amamentação correto, seguro e adequado, sem mitos e sofrimento para todas as pessoas envolvidas. Freqüentemente essa assistência se estende a todas as pessoas que coabitam com a gestante e nutriz, que são atendidas individualmente ou em grupo por profissionais de nível superior. As ações coletivas, educação para saúde, promoção preventiva e curativa correspondem a 75% das atividades do BLH: Curso para gestantes; Grupo de nutrizes; Sala de espera para gestantes; Fisioterapia para gestantes; Atendimento psicológico individual a gestante/nutriz; Participações em eventos; Atendimento multiprofissional: pediatria, ginecologia, enfermagem, fonoaudiologia, psicologia, fisioterapia, e odontologia para gestantes e bebês; Pronto-atendimento: manejo em aleitamento; Confecção e distribuição de folders informativos e educativos.
CONCLUSÃO
No presente estudo, observou-se que a decisão sobre quanto tempo amamentar de forma exclusiva esteve relacionada às informações recebidas acerca do aleitamento materno antes e durante a gestação, bem como logo após o nascimento do bebê.
Isto sugere que prover boa informação sobre a amamentação contribui para suscitar o desejo de amamentar, mesmo quando a gravidez ainda é um projeto, e auxilia a sedimentar esse sentimento no imaginário das mulheres.
Considerando em conjunto esse quadro de influências sobre as decisões relativas à amamentação, evidencia-se que, para que se consiga efetivamente produzir atitudes e práticas positivas, é necessário focalizar a sociedade como um todo – e não apenas as mulheres, visando a estabelecer o aleitamento materno como um valor social.
Sendo o Banco de Leite Humano de Uberaba um centro de referência em aleitamento materno, é imprescindível sua atuação na promoção e apoio à amamentação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Toma TS, Monteiro CA. Avaliação da promoção do aleitamento materno nas maternidades públicas e privadas do Município de São Paulo. Rev. Saúde Pública 2001 outubro; .35(5): 409-414.
2. Passos MC, Lamounier JÁ, Silva CAM et al. Práticas de amamentação no município de Ouro Preto, MG, Brasil. Rev. Saúde Pública 2000 dezembro; .34(6): 617-622.
3. Primo CC, Amorim MHC, Lima RCD. Aleitamento materno: um direito à saúde. Saúde Debate 2004 maio/agosto; 28(67): 112-117.
4. Giugliani ERJ, Lamounier JA. Aleitamento materno: uma contribuição científica para a prática do profissional de saúde. Jornal de Pediatria 2004 novembro; 80(5): 117-118.
5. Ciconi RCV, Venancio SI, Escuder MML. Avaliação dos conhecimentos de equipes do Programa de Saúde da Família sobre o manejo do aleitamento materno em um município da região metropolitana de São Paulo. Rev. Bras. Saude Mater. Infant 2004 junho; 4(2): 193-202.
6. Nascimento MBR, Issler H. Aleitamento materno em prematuros: manejo clínico hospitalar. Jornal de Pediatria 2004 novembro; 80(5): 163-172.
7. Rugolo LMSS, Bottino J, Scudeler SRM, Bentlin MR, Trindade CEP, Perosa GB, Junior AR. Sentimentos e percepções de puérperas com relação à assistência prestada pelo serviço materno-infantil de um hospital universitário. Rev. Bras. Saude Mater. Infant 2004 outubro/dezembro; 4(4): 423-433.
8. Montrone VG, Rose JC. Uma experiência educacional de incentivo ao aleitamento materno e estimulação do bebê, para mães de nível socioeconômico baixo: estudo preliminar. Acesso em 2005 maio 11. Disponível em: http://www.aleitamento.org.br/arquivos/
9. Fundação Oswaldo Cruz [página d internet]. Rede Nacional de Bancos de Leite Humano. Acesso em 2005 maio 05. Disponível em: http://www.redeblh.fiocruz.br/
Trabalho apresentado como pôster no II Congresso Internacional de Bancos de Leite Humano e IV Congresso Brasileiro de Bancos de Leite Humano e Aleitamento Materno / Local: Brasília / Data: Maio de 2005
Millena Prata Jammal 1, Maura Ribeiro Rodrigues da Costa 2
1 Fisioterapeuta do Banco de Leite Humano de Uberaba *, Especialista em Saúde Coletiva pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. [email protected]
2 Psicóloga, Especialista em Psicossomática, Responsável pelo Banco de Leite Humano de Uberaba *. [email protected]
* Prefeitura Municipal de Uberaba – Secretaria Municipal de Saúde – Departamento de Vigilância e Saúde – Aleitamento Materno e Banco de Leite Humano de Uberaba