UNIDADE BÁSICA Amiga da AMAMENTAÇÃO: aumento do Aleitamento e menos doenças
Unidade Básica Amiga da Amamentação
Estratégia eficaz
Pesquisa mostra que, em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município do Rio de Janeiro que recebeu o título da Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação (IUBAAM), houve aumento das taxas de aleitamento materno e diminuição de consultas devido a doenças entre bebês menores de um ano. O estudo foi realizado pela Prefeitura do Rio e pela Faculdade Bezerra de Araújo, com o apoio da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. Regulamentada pela Secretaria de Estado de Saúde, a IUBAAM visa promover, proteger e apoiar o aleitamento materno por meio da adoção dos Dez Passos para o Sucesso da Amamentação na Atenção Básica à Saúde.
Os resultados da pesquisa – que comparou informações de crianças atendidas na UBS antes e depois do título – foram publicados no Jornal de Pediatria, periódico científico da Sociedade Brasileira de Pediatria. “Apesar da promoção da amamentação ser alvo de políticas públicas, a prevalência de aleitamento ainda não corresponde à preconizada pela OMS, que recomenda esta prática como forma de alimentação exclusiva até os seis meses e associada a outros alimentos até os dois anos ou mais”, afirmam a doutoranda em Saúde Pública Letícia Cardoso e co-autoras.
De acordo com o artigo, foram incluídos no estudo todos os bebês menores de um ano atendidos na UBS pelo menos uma vez em dois períodos distintos: antes da certificação pela IUBAAM (entre 2001 e 2002) e depois (entre 2003 e 2004). O trabalho consistiu na análise dos prontuários de 321 crianças, sendo 121 no primeiro período e 200 no segundo. “Observou-se que houve aumento estatisticamente significativo da prevalência de amamentação exclusiva nos menores de seis meses quando comparados os períodos pré e pós-implantação da IUBAAM”, destacam as autoras. Entre as crianças menores de quatro meses, a prevalência de amamentação exclusiva subiu de 68% para 88%. Já entre as crianças entre quatro e seis meses, o crescimento foi de 41% para 82%.
Outro dado que chamou atenção das pesquisadoras foi a diminuição, entre menores de seis meses, da amamentação predominante (crianças que recebiam leite materno com água, chá e/ou sucos). Se, antes do título da IUBAAM, a prevalência de amamentação predominante era de 13% e 12%, ela caiu para 3% e 1% após a certificação, respectivamente entre menores de quatro meses e na faixa etária de quatro a seis meses. “A redução significativa da amamentação predominante sugere que a IUBAAM pode ser uma estratégia efetiva para o atendimento das recomendações internacionais que fomentam a amamentação exclusiva até o sexto mês de vida”, enfatizam no artigo.
As pesquisadoras compararam, ainda, os motivos pelos quais os bebês eram levados a consultas na UBS antes e depois do título da IUBAAM. Constataram que houve queda de consultas por razões como diarréia. Nas quatro faixas etárias estudadas – menores de quatro meses, entre quatro e seis meses, entre seis e nove meses, e entre nove e doze meses –, as freqüências de consultas devido à diarréia diminuíram, respectivamente, de 12% para 6%, de 28% para 6%, de 41% para 12% e de 38% para 11%.
Embora só tenham investigado prontuários de bebês menores de um ano, Letícia e co-autoras ressaltam a importância de que as crianças recebem o leite materno até o segundo ano de vida ou mais, sendo que este alimento só deve ser associado a outras formas de alimentação após os seis meses. As pesquisadoras lembram que a manutenção do aleitamento materno até os dois anos ou mais vem sendo apontada como “possível fator de proteção contra a obesidade na fase escolar, uma preocupação cada vez mais freqüente no campo da saúde coletiva”.
Dez Passos para o Sucesso da Amamentação na Atenção Básica à Saúde:
1) Ter uma norma escrita quanto à promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, que deverá ser rotineiramente transmitida a toda a equipe da unidade de saúde;
2) Treinar toda a equipe da unidade de saúde, capacitando-a para implementar esta norma;
3) Orientar as gestantes e mães sobre seus direitos e as vantagens do aleitamento materno, promovendo a amamentação exclusiva até os seis meses e complementada até os dois anos de vida ou mais;
4) Escutar as preocupações, vivências e dúvidas das gestantes e mães sobre a prática de amamentar, apoiando-as e fortalecendo sua autoconfiança;
5) Orientar as gestantes sobre a importância de iniciar a amamentação na primeira hora após o parto e de ficar com o bebê em alojamento conjunto;
6) Mostrar às gestantes e mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos;
7) Orientar as nutrizes sobre o método da amenorréia lactacional e outros métodos contraceptivos adequados à amamentação;
8) Encorajar a amamentação sob livre demanda;
9) Orientar gestantes e mães sobre os riscos do uso de fórmulas infantis, mamadeiras e chupetas, não permitindo propaganda e doações destes produtos na unidade de saúde;
10) Implementar grupos de apoio à amamentação acessíveis a todas as gestantes e mães, procurando envolver os familiares.
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