FARMÁCIA AMIGA do ALEITAMENTO MATERNO
Baby Friendly Pharmacy Initiative
Farmácia Amiga da Criança como os Hospitais/Maternidades
Vamos implantar no Brasil?
Marcus Renato de Carvalho
De acordo com a OMS e a Federação Farmacêutica Internacional, “farmacêuticos têm potencial e adequados recursos, para melhorar a demanda terapêutica e a qualidade de vida de pacientes e devem se colocar à frente, no sistema de cuidados com a saúde.” E mais, farmacêuticos devem ter importante papel na promoção à saúde, incluindo-se nisto a nutrição.
Ao invés de serem restritas à distribuição e venda de alimentos com propósitos médicos, as farmácias (e Drogarias) podem se tornar cenário de acolhimento aos princípios das políticas nacionais de proteção, promoção e apoio à alimentação infantil otimizada. Baseado nesses princípios, uma associação sem fins lucrativos italiana, a Il Melograno, que promove a prática de partos centrados na participação familiar, desde 1981, recentemente lançou a BFPI-Baby Friendly Pharmacy Initiative (Iniciativa da Farmácia Amiga da Criança).
A BFPI, foi concebida no início de 2007 e apresentada mais tarde nesse mesmo ano, num encontro organizado em Verona pela Associação Farmacêutica em colaboração com autoridades de saúde locais.
No final desse mesmo ano, a BFPI foi apresentada e discutida em Milão, no Congresso de Iniciativas da Comunidade Amiga da Criança, organizada pela UNICEF. As primeiras farmácias amigas da criança foram oficialmente aprovadas em Verona-2007 e Bassano-2008. Entre 2008 e 2009, 17 farmácias se inscreveram com o intuito de se tornarem Amigas da Criança e 63 farmacêuticos receberam treinamento específico baseado no material da Organização Mundial de Saúde e UNICEF. Outros profissionais de saúde, conselheiros e grupos de apoio às mães que amamentam, foram envolvidos nas atividades.
A BFPI, logo se espalhou para outras cidades e regiões da Itália. Em 25 de março de 2010, uma farmácia em Verona recebeu o título de “Amiga da Criança”, numa cerimônia onde estava presente o Ministro da Saúde italiano, que apoiou oficialmente a iniciativa. A BFPI recebeu apoio oficial também do Comitê Italiano para UNICEF, da Associação Cultural de Pediatras e da IBFAN italiana. Portugal também tem em andamento um projeto para incorporar essa iniciativa.
Para se tornar Amigo da Criança, a farmácia deve cumprir 9 passos:
1.Ter norma escrita sobre a alimentação de crianças de primeira infância, em concordância com a política nacional, com o Código Internacional de Comercialização de Produtos Substitutos do Leite Materno e subsequente relevância das resoluções WHA;
2.Treinamento de todo o pessoal envolvido ;
3.Informar todas as mães sobre os benefícios do aleitamento materno e os riscos da alimentação com fórmulas;
4.Apoiar e encorajar todas as mães a iniciar e manter o aleitamento materno;
5.Adequar local para acomodação de mães com seus bebês e seus filhos;
6.Promover o aleitamento materno como norma e evitar a representação da mamadeira;
7.Vender substitutos do leite materno apenas com prescrição específica e evitar quaisquer promoções destes;
8.Comprar e vender substitutos do leite materno pelo preço de custo, evitando campanhas que promovam desconto, bem como rejeitar promoções de brindes para as mães;
9.Promover ativamente iniciativas e apoiar o aleitamento materno. (projetos comunitários, associando-se a outros atores sociais interessados em promover o aleitamento materno).
Recomendo também um novo passo:
10. Informar as nutrizes os medicamentos que podem e que não devem ser tomados durante a amamentação.
Cada um dos 9 passos tem entre um e 4 critérios considerados pelos avaliadores, para checar o grau de obediência a cada um dos passos referidos. Muitos dos passos e critérios, foram obtidos daqueles contidos na Iniciativa Hospital Amigo da Criança e naqueles da Iniciativas Comunitárias, com os quais os leitores do Atualidades em Amamentação estão familiarizados. Interessante notar que os passos 7 e 8 são novos e específicos para farmácias.
O passo 7, requer da farmácia, a remoção de suas prateleiras, de todos os produtos que estão listados proibidos no Código Internacional e os disponha atrás do balcão ou em cômodo separado; fora da área destinada ao self-service. Os clientes devem fazer pedido específico pelo produto e o farmacêutico treinado deve perguntar a razão da demanda e ajudar a mãe a superar os problemas com o aleitamento, se houver algum.
O passo 8 implica na recusa da farmácia, em servir de intermediário ou promotor de campanhas designadas pelas indústrias e destinadas ao aumento das vendas. A farmácia deve rejeitar anúncios, brindes, material impresso ou audiovisual, descontos, cupons, prêmios, vendas casadas e outras formas de promoção, recusar-se a repassá-los aos clientes e ainda não aceitar exposição de produtos sob o escopo do Código.
Uma vez tendo recebido o título de Amiga da Criança, a farmácia será periodicamente submetida a uma avaliação externa para verificar se ainda se adéqua aos 9 passos e seus critérios.
A Iniciativa Farmácia Amiga da Criança, deve se estender às 17.000 farmácias e 70.000 farmacêuticos na Itália; as taxas de aleitamento materno exclusivo e a duração do aleitamento materno devem indubitavelmente se elevar aos parâmetros recomendados.
Para o cumprimento do Passo 10, as farmácias e drogarias deverão dispor do Manual do Ministério de Saúde
“Amamentação e uso de Medicamentos e Drogas”, e outras publicações e sites específicos de informação segura sobre o tema.
Agradecemos a colaboração de Adriano Cattaneo – Itália e Adriana Pereira – Portugal
Fonte: IBFAN – Atualidades em Amamentação, dezembro de 2010.
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FARMÁCIA AMIGA da AMAMENTAÇÃO