Aconselhamento é recomendado para encorajar a amamentação
Autora: Laurie Barclay
O USPSTF (US Preventive Services Task Force) emitiu uma declaração atualizada recomendando intervenções para o aconselhamento durante a gravidez e o puerpério para promover e encorajar a amamentação. As diretrizes atualizadas e a análise de evidências estão publicadas na edição de 21 de outubro do Annals of Internal Medicine.
“Em crianças, a amamentação está associada à redução no risco de otite média aguda, gastroenterite inespecífica, infecções graves das vias aéreas inferiores, dermatite atópica, leucemia infantil e síndrome da morte súbita infantil”, escreveram Mei Chung, MPH, do Tufts-New England Medical Center Evidence-Based Practice Center em Boston, Massachusetts, e os co-autores da análise de evidências anexa. “Em mães, a história de amamentação tem sido associada a uma redução do risco de diabetes tipo 2 e câncer de mama e de ovário. De acordo com o American Academy of Pediatrics, alguns dos obstáculos ao início e continuação da amamentação incluem educação pré-natal insuficiente sobre a amamentação, práticas assistenciais maternas prejudiciais e falta de suporte familiar e social amplo”.
O objetivo da análise de evidência foi avaliar qual a eficácia das intervenções (para promover a amamentação) baseadas na atenção primária nas taxas de amamentação e nos desfechos da saúde infantil e materna.
Os revisores fizeram pesquisas eletrônicas na MEDLINE, no Cochrane Central Register of Controlled Trials e CINAHL de setembro de 2001 a fevereiro de 2008, bem como referências dos artigos selecionados. O critério de inclusão para a revisão foi publicação na língua inglesa que descrevesse estudos randomizados controlados das intervenções iniciadas no atendimento primário para promover a amamentação, primariamente em países desenvolvidos.
Os dados pertinentes revistos pelos autores incluíram características das intervenções e comparadores, contexto e desenho do estudo, características clínicas e demográficas da amostra do estudo, proporção dos neonatos que continuaram a ser amamentados por diferentes períodos e desfechos da saúde em crianças e mães.
Dos 38 estudos randomizados e controlados que foram identificados e preenchiam os critérios de inclusão, 36 ocorreram em países desenvolvidos. As intervenções promotoras da amamentação em países desenvolvidos foram associadas a taxas significativamente maiores de amamentação exclusiva de curta duração (1 – 3 meses) e longa duração (6 – 8 meses), baseadas em metanálises de efeitos aleatórios. As razões de taxa foram 1,28 para taxas de curta duração (intervalo de confiança [IC] de 95%, 1,11 – 1,48) e 1,44 para taxas de longa duração (IC de 95%, 1,13 – 1,84).
De acordo com os resultados de análises de subgrupo, a combinação de intervenções para amamentação no pré e pós-natal teve maior efeito no aumento da duração da amamentação quando comparada com a realização de intervenções pré-natais e pós-natais isoladas. Ao aumentar a taxa de amamentação de curta duração, as intervenções associadas a um componente de programa de apoio, tal como grupo de apoio ou de aconselhamento, foram mais eficazes do que o cuidado usual.
As limitações dessa revisão incluíram heterogeneidade clínica e metodológica o que eliminou metanálises amplas; e incapacidade de se obter estimativas confiáveis dos efeitos isolados de cada componente em intervenções com vários componentes.
“A evidência sugere que as intervenções para amamentação são mais eficazes em aumentar as taxas de amamentação de curta e longa duração em relação ao cuidado usual”, escreveram os autores da revisão. “Intervenções combinadas antes e depois do nascimento e inclusão de programa de apoio a uma intervenção com vários componentes pode ser benéfica”.
Com base na revisão sistemática de evidência descrita acima, o USPSTF avaliou a eficácia das intervenções para promover e encorajar a amamentação que foi iniciada, conduzida ou referida ao atendimento primário. As diretrizes resultantes são uma atualização das recomendações de 2003 da USPSTF sobre aconselhamento para promover a amamentação.
Devido à conclusão da USPSTF de que houve certeza razoável de que as intervenções para promover e encorajar a amamentação têm um benefício líquido moderado, a declaração atualizada recomenda intervenções para promover e encorajar a amamentação durante a gravidez e após o nascimento (recomendação nível B).
“Existe uma evidência convincente de que a amamentação fornece benefícios substanciais à saúde em crianças e evidência suficiente de que a amamentação promove benefícios razoáveis à saúde em mulheres”, escreveram Dr. Ned Calonge, médico, MPH, do Colorado Department of Public Health and Environment, em Denver, e colaboradores. “Evidência suficiente indica que as intervenções para promover e encorajar a amamentação aumentam as taxas de iniciação, duração e exclusividade da amamentação. Nenhum estudo publicado se concentra nos potenciais malefícios diretos das intervenções para promover e encorajar a amamentação”.
Embora a revisão não tenha incluído uma pesquisa para possíveis danos associados à amamentação por si só, o USPSTF concluiu que o dano potencial das intervenções para promover e encorajar a amamentação não foi nada além de pequeno.
A força-tarefa observou que as intervenções que incluíram os componentes pré e pós-natais podem ser mais eficazes em aumentar a duração da amamentação e recomendou considerar estratégias com várias intervenções. Essas podem incluir educação formal sobre a amamentação para mães e suas famílias, apoio direto às mães durante a amamentação, treinamento da equipe da atenção básica sobre amamentação e várias técnicas de apoio ao método, e grupo de apoio.
“Embora as atividades de um único médico para promover e encorajar a amamentação provavelmente sejam positivas, o benefício adicional pode resultar de esforços que estão integrados aos sistemas de saúde”, concluem os autores da declaração. “As intervenções em nível do sistema podem incluir o treinamento e a política de desenvolvimento de médicos e membros da equipe e, através do apoio de altos dirigentes e institucionalização, essas iniciativas podem ter maior probabilidade de se manter ao longo do tempo. Embora não seja a finalidade desta recomendação e revisão de evidência, as intervenções baseadas na comunidade para promover e encorajar a amamentação, tais como apoio direto de igual para igual, iniciativas de propaganda social, iniciativas na área de trabalho e ações de ordem pública podem oferecer benefícios adicionais mensuráveis”.
A Agency for Healthcare Research and Quality, o US Department of Health and Human Services sustentaram esta revisão de evidência e declaração. Os autores do estudo não relataram relações financeiras relevantes.
Ann Intern Med. 2008;149:560-564, 565-582.
Informação sobre a autora: A Dra. Laurie Barclay é revisora e escritora freelancer para o Medscape. Declaração de conflito de interesses: A autora declara não possuir conflito de interesses.
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