Mãe-Canguru salva prematuros há 30 anos
O médico colombiano Héctor Martinez,
um dos criadores da metodologia, esteve no Brasil e conversou com a gente
Por Larissa Purvinni, mãe de Carol, Duda e Babi
O mais
importante para
uma criança
é sua mãe
Héctor Martinez
Responda rápido:
o que Rousseau, Napoleão
e Einstein têm em comum?
Além de terem definido os rumos da Humanidade, eles nasceram prematuros antes da invenção das incubadoras, que só aconteceu no final do século 19.
O neonatologista colombiano Héctor
Martinez inclui essa informação histórica em suas apresentações sobre a Metodologia Mãe-Canguru,
que ajudou a criar há 30 anos, para mostrar a importância da presença da mãe e do leite materno na recuperação das crianças nascidas antes de 37 semanas de gestação, quando ainda não
conseguem regular o calor do corpo.
Claro que as incubadoras salvaram, e ainda salvam, vidas, mas, antes delas, calor e leite maternos eram praticamente os únicos recursos disponíveis para garantir a sobrevivência dos bebês.
No final dos anos 70, começavam a surgir os primeiros estudos mostrando os benefícios do aleitamento materno. A partir desses dados, os doutores Edgar Rey Sanabria e Héctor Martinez,
do Instituto Materno-Infantil de Bogotá, começaram a desenvolver o método Mãe-Canguru, que leva este nome por ser inspirado nesses marsupiais abrigados na bolsa da mãe até que tenham condições de enfrentar a natureza.
“A tecnologia cria um grande paradoxo ao retirar a criança de perto da mãe. Na UTI, entravam o médico, as enfermeiras, o pessoal da limpeza, menos a mãe. Em Bogotá, fazíamos assim, era o que haviam
nos ensinado, e a mortalidade era enorme”,
lembra o dr. Héctor. Foi quando os médicos colombianos passaram a estimular a mãe a levar seu leite ao filho.
“A partir do momento em que permitimos que a mãe entrasse na UTI , aconteceu um milagre: os
bebês adoeciam menos”,
conta. As mães passaram
a ser estimuladas a manter os bebês junto ao corpo, peito com peito, na chamada posição canguru, o maior tempo possível. Assim que o estado geral da criança melhorava, e ela não precisava mais de oxigenação artificial, mãe e
filho eram mandados para casa e recebidos no hospital para consultas de acompanhamento. Segundo Martinez foi um escândalo. “O importante eram as estatísticas, não a criança. Ninguém pergunta ao bebê com quem quer estar. Uma violação de direitos humanos”, resume.
Trinta anos depois, a Metodologia é adotada com sucesso em vários países. Segundo a OMS (Organização
Mundial da Saúde), hoje nascem prematuros ou com baixo peso de 6% (países desenvolvidos) a 12% (nações pobres) dos bebês, que poderiam se beneficiar da metodologia.
Aqui no Brasil, comemoramos os dez anos da Conferência Nacional sobre o Método Mãe-Canguru (BNDES),
que marca o uso da metodologia como política pública no país. Apesar do nome, o método pode incluir outros familiares, como o pai, claro. Mas, confirmando a máxima de que pai não é mãe, ele
consegue aquecer o filho, mas não tem o mesmo “termostato” materno, que baixa a temperatura se o bebê fica superaquecido.
Saiba mais sobre o método e leia a
entrevista com o dr. Héctor Martinez: www.revistapaisefilhos.com.br
Agradecimento:
a Pais e Filhos assistiu às Conferências 30 Anos de Mãe-Canguru, idealizadas pelo website Aleitamento.com, a convite da
JOHNSON’S baby