Iniciação Atrasada da Amamentação Aumenta Risco de Mortalidade Neonatal
A promoção da amamentação é uma estratégia chave para a sobrevivência da criança. Embora haja uma base científica extensa sobre seu impacto na mortalidade pós-neonatal, evidências sobre seu impacto na mortalidade neonatal são escassas. Um grupo de pesquisadores da África e do Reino Unido realizaram um estudo, que acaba de ser publicado na revista Pediatrics, com o objetivo de avaliar a contribuição do tempo de iniciação da amamentação para qualquer impacto.
Este estudo ganhou vantagem do sistema de quatro vigilâncias semanais de um grande estudo contínuo de suplementação materna de vitamina A, na zona rural de Gana, envolvendo todas as mulheres em idade fértil e suas crianças. Foi delineado para avaliar se o tempo de iniciação da amamentação e o tipo (exclusiva, predominante ou parcial) estão associados com o risco de mortalidade neonatal. A análise foi baseada em 10947 crianças amamentadas, nascidas entre julho de 2003 e junho de 2004, que sobreviveram ao segundo dia e cujas mães foram visitadas no período neonatal.
A amamentação foi iniciada dentro do primeiro dia de nascimento em 71% das crianças e ao final do terceiro dia em todas, exceto e, 1,3% delas; 70% foram amamentadas exclusivamente durante o período neonatal. O risco de morte neonatal foi quatro vezes maior nas crianças em que foram dados líquidos ou sólidos com base no leite em adição ao leite do peito. Houve uma dose-resposta marcada de risco aumentado de mortalidade neonatal com um atraso aumentado na iniciação da amamentação de uma hora até sete dias; a iniciação tardia total (após o primeiro dia) foi associada com um aumento de 2,4 vezes no risco. O tamanho deste efeito foi semelhante quando o modelo foi reparado, excluindo as crianças com alto risco de morte (adoentado no primeiro dia de nascimento, anormalidades congênitas, prematuro, adoentado na hora da entrevista) ou quando as mortes durante a primeira semana (dias 2-7) foram excluídas.
Os autores concluíram que a promoção da iniciação precoce da amamentação tem o potencial de fazer uma maior contribuição para o alcance do objetivo de desenvolvimento do milênio para a sobrevivência da criança; 16% das mortes neonatais poderiam ser salvas se todas as crianças fossem amamentadas a partir do primeiro dia e 22% se a amamentação começou dentro da primeira hora.
Os autores afirmaram ainda que os programas de amamentação devem enfatizar a iniciação precoce e a amamentação exclusiva e que isto tem particular relevância para a África Subsaariana, onde as taxas de mortalidade neonatal e de crianças são altas, mas a maioria das mulheres já amamenta exclusivamente ou predominantemente suas crianças.
Uma resenha de Delayed Breastfeeding Initiation Increases Risk of Neonatal Mortality – Pediatrics; 2006; 117(3): e380-e386
Delayed Breastfeeding Initiation Increases Risk of Neonatal Mortality
Karen M. Edmond, MMSc, FRCPCHa,b, Charles Zandoh, MSca, Maria A. Quigleyc, Seeba Amenga-Etego, MSca, Seth Owusu-Agyei, PhDa and Betty R. Kirkwood, MSc, FMedScib
a Kintampo Health Research Centre, Ghana Health Service, Kintampo, Brong Ahafo Region, Ghana
b Department of Epidemiology and Population Health, London School of Hygiene and Tropical Medicine, London, United Kingdom
c National Perinatal Epidemiology Unit, Oxford University, Oxford, United Kingdom
BACKGROUND. Breastfeeding promotion is a key child survival strategy. Although there is an extensive scientific basis for its impact on postneonatal mortality, evidence is sparse for its impact on neonatal mortality.
OBJECTIVES. We sought to assess the contribution of the timing of initiation of breastfeeding to any impact.
METHODS. This study took advantage of the 4-weekly surveillance system from a large ongoing maternal vitamin A supplementation trial in rural Ghana involving all women of childbearing age and their infants. It was designed to evaluate whether timing of initiation of breastfeeding and type (exclusive, predominant, or partial) are associated with risk of neonatal mortality. The analysis is based on 10947 breastfed singleton infants born between July 2003 and June 2004 who survived to day 2 and whose mothers were visited in the neonatal period.
RESULTS. Breastfeeding was initiated within the first day of birth in 71% of infants and by the end of day 3 in all but 1.3% of them; 70% were exclusively breastfed during the neonatal period. The risk of neonatal death was fourfold higher in children given milk-based fluids or solids in addition to breast milk. There was a marked dose response of increasing risk of neonatal mortality with increasing delay in initiation of breastfeeding from 1 hour to day 7; overall late initiation (after day 1) was associated with a 2.4-fold increase in risk. The size of this effect was similar when the model was refitted excluding infants at high risk of death (unwell on the day of birth, congenital abnormalities, premature, unwell at the time of interview) or when deaths during the first week (days 2–7) were excluded.
CONCLUSIONS. Promotion of early initiation of breastfeeding has the potential to make a major contribution to the achievement of the child survival millennium development goal; 16% of neonatal deaths could be saved if all infants were breastfed from day 1 and 22% if breastfeeding started within the first hour. Breastfeeding-promotion programs should emphasize early initiation as well as exclusive breastfeeding. This has particular relevance for sub-Saharan Africa, where neonatal and infant mortality rates are high but most women already exclusively or predominantly breastfeed their infants.
Key Words: breastfeeding • neonatal care • neonatal survival
Abbreviations: OR—odds ratio • aOR—adjusted odds ratio • PAF—population-attributable fraction • CI—confidence interval