Por que bebês nascem prematuros?
A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP está à frente de uma pesquisa que busca desvendar as causas dos nascimentos de prematuros.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aumento dos nascimentos antes das 37 semanas de gestação vem preocupando as autoridades em todo o mundo por tratar-se de condição associada a doenças e mortalidade significativas no início da vida e também em fase adulta.
Os pesquisadores explicam que por prematuro entende-se todo bebê nascido com menos de 37 semanas de gestação.
Análise da saliva
A pesquisa já está em andamento em Ribeirão Preto e em São Luiz, Maranhão, desde o começo de janeiro. Em Ribeirão Preto, o trabalho é coordenado pelos professores Marco Antonio Barbieri e Heloisa Bettiol, ambos do Departamento de Pediatria e Puericultura da FMRP, que contam com equipes de pesquisadores e outros profissionais de apoio em todas as maternidades da cidade.
Eles deverão entrevistar cerca de 7.500 mães e colher amostras de salivas dos bebês recém-nascidos para investigação laboratorial de possíveis problemas de saúde futuros. Segundo a professora Heloisa Bettiol, desse total, espera-se encontrar entre 12% e 15% de prematuros.
Além da pesquisa nas maternidades, outras equipes trabalham em Unidades Básicas de Saúde e Convênios Médicos com maior volume de pré-natais para identificar futuras mães que estejam no 5º mês de gestação. Esperam conseguir a adesão de 1.500 delas, as quais deverão passar por exames (ultrassom) e responder questionários específicos que avaliarão aspectos de saúde e vida das futuras mães.
Acompanhamento das gestantes
No Maranhão, a pesquisa está sendo coordenada pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) sob o comando do professor Antonio Augusto Moura da Silva. Da mesma forma que acontece em Ribeirão Preto a pesquisa se restringe às gestantes residentes na cidade onde se desenvolve a pesquisa, no caso, São Luiz.
Segundo os pesquisadores a metodologia usada no Maranhão será a mesma de Ribeirão Preto. Quanto ao número de gestantes, estima-se que seja o mesmo que o previsto pela FMRP. Os pesquisadores devem acompanhar as gestantes por um ano, não importando quanto tempo gestação elas possuam no início da pesquisa.
Pesquisa inédita no Brasil
Entre 1978 e 1979, a equipe da FMRP foi responsável pelo primeiro estudo epidemiológico mais abrangente feito no País. Cadastraram 6.750 crianças, acompanhando seus desenvolvimentos, possibilitando comparações e informações em diferentes etapas de suas vidas até a maioridade.
Em 1994, realizaram novo estudo. Desta vez com uma amostra de 2.846 indivíduos nascidos em Ribeirão Preto. Agora, reiniciaram a pesquisa e pretendem acompanhar todos os nascidos em Ribeirão Preto (cujas mães morem na cidade) em 2010.
Aumento dos partos prematuros
Apesar de a cesariana já ter sido identificada como um dos fatores de aumento da prematuridade, as pesquisas da equipe mostraram que entre 1978 e 1994 houve aumento de 30% neste tipo de parto, pouco ainda se sabe sobre as consequências da prematuridade.
“Com as mudanças dos últimos anos, verificamos a diminuição de infecções e diarreias nos bebês, com consequente diminuição da mortalidade; mas o aumento do parto prematuro, dos nascimentos com baixo peso e redução do crescimento intrauterino levou a um novo modelo epidemiológico. Hoje, vemos o aumento das doenças imunológicas”,
argumenta Barbieri.
Com as pesquisas em andamento, as equipes estão solicitando a colaboração de toda a comunidade. Elas contam com a atenção das mães ou futuras mães, moradoras em Ribeirão Preto, para o estudo.