O que é? Por que? Humanização do Nascimento
Apesar da palavra “Humanização” ser utilizada frequentemente quando tratamos da assistência à saúde, ainda existe muita confusão quanto ao que realmente se pretende com a utilização deste termo. Esta palavra virou um jargão muitas vezes esvaziado, pois que nos remete a lugares claramente distantes, e por vezes antagônicos. Mais do que uma abordagem menos agressiva no manejo dos pacientes, a idéia de humanizar o nascimento se vincula a um modelo filosófico renascentista, como está definido no dicionário de Aurélio B. de Hollanda, “Humanismo nos remete à doutrina ou atitude que se situa definitivamente numa perspectiva antropocêntrica, em domínios e níveis diversos, assumindo, com maior ou menor radicalismo, as conseqüências daí decorrentes”.
Na Renascença os Humanistas opunham-se ao teocentrismo pessimista que colocava o homem como o erro irrecuperável da criação e o disparate paradoxal do Todo Poderoso. Os que se opunham a esta visão glorificavam o homem, enxergando nele a representação do divino em potencialidade. Na medicina de hoje, a humanização vem cumprir uma tarefa semelhante ao do humanismo renascentista ao entender que toda a ciência deve ser voltada para o homem. Para o parto ela propõe uma nova abordagem da assistência, colocando a mulher como centro de qualquer ação. Assim, a Humanização do Nascimento trata da posição subjetiva em que a parturiente ocupa neste cenário. A atenção contemporânea ao parto se fundamenta numa visão negativa sobre mulher e suas capacidades, entendendo-a como defectiva e essencialmente incapaz, uma ideologia que desconsidera a aptidão feminina ancestral de parir e que confunde assistência com tutela.
O que tornará um parto verdadeiramente humanizado será o protagonismo (re)conquistado por esta mulher. A posição de cócoras, a presença do marido/acompanhante, a diminuição de algumas intervenções sabidamente desnecessárias e perigosas, etc. são descobertas importantes da ciência para nos mostrar o caminho mais seguro. Entretanto, é necessário muito mais do que isso. É preciso que a mulher possa escolher e se responsabilizar por suas escolhas.
Não existe humanização do nascimento com mulheres sem voz. É preciso que ela, consciente da sua posição como figura central no processo, faça valer seus direitos, sua autonomia e seu valor. Sem este delineamento do que concebemos por humanização ficaremos todos tratando por um mesmo termo conceitos completamente diversos.
Para divulgar o que entendemos por “humanizar o nascimento para mudar a sociedade”, estaremos realizando de 27 a 30 de novembro de 2010 a III Conferência Internacional de Humanização do Nascimento www.conferenciarehuna2010.com.br em Brasília-DF, com convidados nacionais e internacionais para que a partir de conceitos firmes e sólidos possamos construir um modelo mais justo, digno, seguro e adequado para as mulheres, suas famílias e seus filhos.
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