A primeira semana do recém nato pode ser um período critico para o desenvolvimento de obesidade no adulto.
LACTENTES que ganham peso rapidamente durante sua primeira semana de vida podem ter mais chances de serem obesos quando se tornam adultos jovens.
Pesquisadores do Children’s Hospital of Philadelphia, da University of Pennsylvania e da University of Iowa estudaram 653 adultos, na faixa etária de 20 a 32 anos. Os indivíduos, todos brancos, foram estudados quando recém natos, enquanto participavam de estudos sobre formulas infantis em Iowa. Os que ganharam peso mais rapidamente durante a primeira semana eram significativamente mais propícios a estarem acima de seu peso décadas depois.
A pesquisa aparece no exemplar de 19 de abril da revista Circulation, do American Heart Association.
“Nossa principal descoberta foi que o ganho de peso na primeira semana de vida nessa população saudável, americano-europeu, alimentada com formulas infantis foi associado com o sobrepeso 2 ou 3 décadas depois” disse o autor líder Nicolas Stettler, M.D., M.S.C.E., um especialista em nutrição pediátrica no Children’s Hospital of PhiladelPhia. “Foi sugerido que deve haver um período critico na primeira semana de vida, em que a fisiologia do organismo pode ser programada para o desenvolvimento de doenças ao longo da vida”.
“Nossas descobertas também apontam para alvos em potencial na prevenção da obesidade” ele adiciona. “Se esses resultados forem confirmados por outros estudos, poderá haver intervenções em recém natos a fim de ajudar a prevenir uma obesidade em longo prazo”. Dr. Stettler explicou, no entanto, que tais intervenções ainda não foram desenvolvidas, e que é necessário haver recomendações sobre os alvos específicos preventivos para otimizar o ganho de peso.
“O ganho de peso normal em crianças é muito desejado” ele adiciona. “Bebês têm seu peso dobrado ao longo de seus 4 a 6 primeiros meses. Durante a primeira semana de vida, entretanto, um ganho de peso muito rápido podem aumentar os riscos de problemas futuros de sobrepeso”. Após alguns ajustes, a equipe do Dr. Stettler descobriu que a cada 100 gramas de peso ganhas nos primeiros 8 dias de vida representa um aumento de 10% no risco de sobrepeso no adulto.
A atual pesquisa é formada por diversos estudos passados da equipe do Dr. Stettler e seus colaboradores, tendo como foco o rápido ganho de peso na infância. Foi descoberto que o rápido ganho de peso nos primeiros 4 meses de vida aumentou o risco de sobrepeso na idade de 7 anos. Também foi descoberta uma alta taxa de obesidade na idade de 20 anos em africano-americanos que ganharam peso rapidamente nos primeiros 4 meses de vida.
O atual estudo revelou uma associação entre o rápido ganho de peso nos primeiros 4 meses de vida (112 dias) e o problema de sobrepeso em adultos.
No entanto, a primeira semana de vida deve ser particularmente sensível. O porquê daquela primeira semana de vida dever ser tão critica na influência na fisiologia em tão longo prazo ainda é uma pergunta em aberto. “Estudos com animais mostraram que a alimentação em excesso nos primeiros dias de vida levou a obesidade em longo prazo, possivelmente por uma programação no cérebro em desenvolvimento ou do sistema endócrino”, disse Dr. Stettler. “Nós não sabemos como esse efeito pode ocorrer em humanos. Entretanto, a obesidade está aumentando em praticamente todas as regiões do mundo e nós esperamos que a nossa pesquisa contribua em meios de intervir em recém natos a fim de melhorar a saúde ao longo de suas vidas”.
Dado que os participantes do estudo foram alimentados com formulas infantis, Dr. Stettler diz ser relevante que a amamentação exclusiva durante a primeira infância é associada com a diminuição da taxa de sobrepeso em crianças e adolescentes.
“Por uma variedade de razões de saúde, a American Association of Pediatrics recomenda amamentação exclusiva durante os primeiros 6 meses de vida”, diz Dr. Stettler. “Mesmo que ainda não possamos fazer recomendações especificas em relação a sobrepeso para recém natos, certamente podemos indicar a amamentação”.
O instituto National Institute of Health e o conselho The Infant Formula Council (agora o International Formula Council) gerou fundos para esse estudo. Os co-autores do Dr. Stettler são Virginia A. Stallings, M.D., também da The Children’s Hospital of Philadelphia; Brian L. Strom, M.D., M.P.H., Andrea B. Troxel, Ph D., Jing Zhao, M.S.E., B.S., e Rita Schinnar, M.P.A., todos do Centro Center for Clinical Epidemiology and Biostatistics da University of Pennsylvania School of Medicine; e Steven E. Nelson, B.A., e Ekhard E. Ziegler, M.D., da
Fomon Infant Nutrition Unit of the University of Iowa. A unidade The Fomon Infant Nutrition Unit recebe fundos de: Ross Products Division, Nestle, e Mead Johnson Nutritional.
O Childrens Hospital of Philadelphia foi fundado em 1855 como o primeiro hospital pediátrico dos EUA. Ao longo de seu duradouro compromisso em fornecer atenção excepcional a pacientes, treinamento de novas gerações de profissionais da saúde em pediatria e grandes iniciativas pioneiras de pesquisa, Childrens Hospital sustentou muitas descobertas que tem beneficiado crianças de todo o mundo.
Este artigo foi traduzido pelas estudantes Fernanda Chuva e Monica Mello da Faculdade de Medicina – UFRJ – 3º período (I/2005), como uma das atividades da disciplina PINC – Programa de Iniciação Científica, sob supervisão do Prof. Marcus Renato de Carvalho