Aleitamento Materno
FEBRASGO – Manual de Orientação
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia
Direitos reservados à FEBRASGO – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia – São Paulo – 2006 (Há uma nova edição 2010)
Aleitamento materno : manual de orientação / editor:
Corintio Mariani Neto. – São Paulo : Ponto, 2006. 162 p. ; 21 cm.
1. Aleitamento materno – Manuais, guias, etc. Mariani Neto, Corintio.
CDD- 649.3
Comissão Nacional de Aleitamento Materno: Corintio Mariani Neto
Antonio Fernandes Lages (MG) Ariani Impieri de Souza (PE) Arnaldo Ferreira Filho (ES) Daniel Klotzel (SP) Geci Labras de Souza Júnior (PR) Ivo de Oliveira Lopes (MG) Leonardo d’Almeida Rezende (BA) Luiz Fernando de Pádua Oliveira (GO) Marcos Augusto Bastos Dias (RJ) Maria da Glória de Medeiros Garcia (RN) Maria Ilva Gonçalves (PA) Rosa Maria de Souza Aveiro Ruocco (SP) Vander Guimarães (RJ) Vera Therezinha Medeiros Borges (SP) Sonia Salviano (DF) – Pediatra – Coordenadora do Programa de Aleitamento Materno – DF Ana Cristina V. Abrão (SP) – Enfermeira UNIFESP/EPM Elsa Giugliani (RS) – Pediatra – Comissão de Aleitamento Materno da SBP Maria José Guardia Mattar (SP) – Pediatra – Coordenadora dos BLH Reg. Metropolitana SP Rui de Paiva (SP) – Pediatra – Instituto de Saúde (SES)
Convidados
Ana Cristina F. de Vilhena Abrão
Ana Júlia Colameo
Ana Márcia Correa Gomes
Ariani Impieri de Souza
Cristina Aparecida Falbo Guazzelli
Evanguelia Kotzias Atherino dos Santos
Fátima Maria Bessa Lafayette
Geisy Maria de Souza Lima
Gláucia Virgínia de Queiroz L. Guerra
Joana Watanabe Kuzuhara
Joel Alves Lamounier
José Eduardo Nestarez
Keiko Teruya
Kelly Pereira Coca
Laís Graci dos Santos Bueno
Leonardo d’Almeida Monteiro Rezende
Margarida Nascimento
Maria da Guia de Medeiros Garcia
Maria Isabel A. L. Nestarez Maria José Guardia Mattar
Nilson Roberto de Melo
Patrícia Daniela Paranhos Batista Soares
Roberto Gomes Chaves
Rui de Paiva
Sonia Isoyama Venancio
Teresa Cristina Semer
Tereza Toma
Vander Guimarães Vilneide Braga Serve
CONTEÚDO
1. A glândula mamária. Fisiologia da mama |
1 |
2. Benefícios do aleitamento materno |
20 |
3. O papel do obstetra no incentivo ao aleitamento materno |
2 |
4. O aleitamento materno exclusivo |
27 |
5. Técnicas de aleitamento |
34 |
6. Principais intercorrências maternas locais |
41 |
7. Principais intercorrências maternas gerais |
52 |
8. Principais intercorrências neonatais |
56 |
9. Queixas comuns das nutrizes |
64 |
10. Práticas comuns que prejudicam a amamentação |
80 |
1. Uso de medicamentos durante a lactação |
90 |
12. Anticoncepção durante o aleitamento |
9 |
13. Amamentação e sexualidade |
105 |
14. Inibição da lactação: indicações e esquemas |
109 |
16. Método Mãe Canguru |
122 |
|
17. Banco de Leite Humano |
130 |
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18. Iniciativa Hospital Amigo da Criança |
139 |
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19. Legislação e NBCAL. Proteção legal à maternidade e à amamentação no Brasil |
148 |
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20. Resumo das principais evidências científicas disponíveis até o momento sobre o sucesso do aleitamento materno … |
160 | |
O PAPEL DO OBSTETRA NO INCENTIVO AO ALEITAMENTO MATERNO
Corintio Mariani Neto, Leonardo d´Almeida Monteiro Rezende, Maria da Guia de Medeiros Garcia, Patrícia Daniela Paranhos Batista Soares
Ao contrário do que ocorre com todos os demais mamíferos, a mulher não amamenta como um ato instintivo, por isso ela deve aprender como realizar o aleitamento e compete ao obstetra, que é o primeiro profissional de saúde a lidar com a gestante, participar ativamente deste ensinamento.
O obstetra tem várias oportunidades de atuação desde o início do pré-natal até o final do puerpério, de modo que as suas condutas podem se constituir em poderosas armas a favor do aleitamento materno. Como chefe de equipe que naturalmente é, deveria inclusive se posicionar contra as rotinas institucionais contrárias ao sucesso da amamentação.
Anamnese Dirigida
Para as primigestas, investigar quais os conceitos próprios sobre o aleitamento, se ela já se decidiu sobre o assunto e quais os medos a respeito. Para as multíparas, perguntar sobre tempo de amamentação de seus filhos e motivo de complementação ou interrupção.
Exame Físico das Mamas
Objetivando detectar quaisquer alterações, em especial das papilas. Durante o exame, mostrar a saída do colostro. É uma ótima oportunidade para explicar a função das mamas, a finalidade do colostro e a importância do aleitamento materno.
– Aconselhamento
Orientar quanto às atitudes contrárias à amamentação e conscientizar os familiares sobre a necessidade de apoiar a mulher que amamenta.
Deve-se dar atenção especial às primigestas e às gestantes com história de insucesso na amamentação. O obstetra deve lembrar que os seus conselhos, desde o início do pré-natal, terão uma influência decisiva na postura da futura mãe, como, por exemplo, na opção pelo alojamento conjunto.
Resumindo a atuação durante a assistência pré-natal:
1.Examinar as mamas, explicar sua função e a importância do aleitamento materno.
2.Mostrar a saída do colostro e explicar sua finalidade.
3.Informar as gestantes das eventuais dificuldades no aleitamento materno e as maneiras de superá-las, como nos casos de variações anatômicas dos mamilos e mamoplastias.
4.Alertar para os procedimentos ou atitudes contrárias à amamentação.
5.Conscientizar os familiares sobre a necessidade de apoiar a mulher que amamenta.
Lembrar que o uso indiscriminado de analgésicos sistêmicos e sedativos diminui as chances do parto normal, pode induzir sonolência e, após o parto, impedir um contato íntimo entre a mãe e o RN e, ainda, diminui a capacidade de sucção do RN. Por outro lado, o seu uso cuidadoso reduz o desconforto físico e a ansiedade da parturiente.
-Manter o ambiente tranquilo para a parturiente (incentivar a presença de acompanhante)
-Utilizar todos os recursos disponíveis para alívio da dor, evitando substâncias entorpecentes que possam prejudicar a emoção do primeiro contato mãe-filho.
NO PARTO
1.Promover a integração da equipe para que todos ajudem mãe e filho a iniciar a amamentação o mais precocemente possível. Do ponto de vista obstétrico, este início precoce do aleitamento traz as seguintes vantagens para a mãe: maior produção e liberação de ocitocina; maior vínculo com seu filho e maior chance de aleitar por tempo prolongado.
2.Evitar o uso de anestesia geral ou de entorpecentes que prejudiquem a emoção do primeiro encontro mãe-filho.
3.Colocar o recém-nascido com boa vitalidade sobre o ventre da mãe e assim mantê-lo pelo maior tempo possível. Estimular o contato físico e visual entre a mãe e o RN.
4.Estimular a mamada ainda na sala de partos. A sucção mamária promove liberação de ocitocina endógena que acelera a dequitação e o mio tamponamento.
5.Proceder à episiotomia de tal modo que a mãe possa sentar e caminhar sem dor. 6.Estimular a presença do pai na sala de parto.
7.Lembrar a equipe que os procedimentos rotineiros com o RN sadio como identificação, medição, pesagem e profilaxia da oftalmia gonocócica podem ser postergados.
NA CESÁREA
1.Optar por anestesia peridural e, como segunda escolha, a raquianestesia, ficando a anestesia geral restrita a situações excepcionais.
2.Administrar soro de hidratação no menor tempo possível e, se necessário, deixar scalp heparinizado para eventuais medicações intravenosas.
3.Aliviar a dor com analgésicos não entorpecentes para que a mãe seja capaz de cuidar do recém-nascido.
4.Usar ocitocina preferencialmente aos ergóticos, quando necessário, para aumentar a contratilidade uterina.
NO PUERPÉRIO
1.Estimular as mães a permanecerem junto de seus filhos 24 horas por dia em alojamento conjunto desde o pós-parto imediato, inclusive durante a recuperação pós-anestésica.
2.Orientar as mães para os cuidados com as mamas e os mamilos.
3.Observar e corrigir posicionamento e/ou pega inadequados.
4.Tratar as intercorrências locais sem interromper a lactação.
5.Estimular as mães a amamentar seus bebês sob livre demanda, sem horário estabelecido. Caso seus bebês não possam sugar, ensinar a ordenha e como armazenar o leite, mantendo a lactação.
6.Orientar e apoiar as mães trabalhadoras no que se refere às leis que protegem a amamentação.
7.Apoiar e divulgar as “Normas para Comercialização de Alimentos para Lactentes”, desestimulando o uso de mamadeiras e chupetas em serviços hospitalares e impedindo a livre propaganda de “substitutos” do leite materno, bem como sua distribuição gratuita ou a baixo custo em maternidades.
8.Acompanhar ou referir o binômio mãe-filho para acompanhamento, desde a 1a semana, para evitar desmame precoce.
9.Aproveitar consultas médicas por quaisquer motivos para avaliar a prática da amamentação.
10.Prescrever método anticoncepcional que não interfira com a lactação.