Aleitamento materno ajuda a diminuir índice de cárie
Amamentar pelo menos até os 6 meses, como recomenda a OMS, reduz incidência
Pesquisa mostra que continuar a dar à criança o leite materno mesmo após essa idade também é um fator de proteção
FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dar de mamar no peito para o bebê pelo menos até os seis meses de idade, seguindo a recomendação da Organização Mundial da Saúde, ajuda a reduzir o índice de cárie dentária.
E se a criança continuar recebendo leite materno após essa idade também é um fator de proteção contra a cárie.
As conclusões são de uma pesquisa feita para uma tese de doutorado defendida no início do ano na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
“Os fatos comprovados não têm relação com outros hábitos ou fatores e independem de quanto açúcar as crianças passaram a consumir e em que época isso foi feito”, afirma Luciano Artioli Moreira, autor da tese e presidente da Associação Brasileira de Cirurgiões-Dentistas. Portanto, segundo ele, as vantagens do aleitamento materno vão ter reflexo na vida da pessoa mesmo após a infância.
Para o estudo, foram investigadas 158 crianças com até 12 anos de idade.
As razões para explicar essa relação Moreira espera encontrar numa nova pesquisa. “É sabido que os anticorpos da mãe presentes no leite são passados para a criança, o que beneficia a sua saúde de modo geral, inclusive a oral”, diz. Além disso, ele explica que o leite materno forma uma película protetora que imuniza a gengiva.
Um outro aspecto é que o ato de sucção feito pelo bebê na hora de mamar também ajuda a desenvolver e a fortalecer os músculos e ossos da face (incluindo os dentes).
O odontopediatra Danilo Antonio Duarte acrescenta outra explicação que pode influenciar na ocorrência de cárie. “Ao amamentar mais no peito, a mãe dá outros alimentos que podem provocar a cárie em menor quantidade”, analisa.
Dos três filhos já adultos da comerciante Maria Isabel Sciascia do Olival, 45, a filha do meio é a que menos cáries teve. “Não sei se é uma coincidência, mas ela foi a única que consegui amamentar até os seis meses de idade. O cuidado com a alimentação e higiene sempre foi o mesmo, mas pode ser que o leite tenha feito diferença”, diz.
Higiene
A pesquisa concluiu ainda que começar a fazer a limpeza oral durante o primeiro ano de vida do bebê também possibilita menor ocorrência de cárie.
Nos bebês ainda sem dentes, é importante passar uma gaze ou uma fralda, massageando a gengiva, o lábio e a língua, com cuidado para não tocar a garganta. Pode ser usada também uma dedeira de silicone.
Ao surgirem os primeiros dentes, a higienização precisa ser intensificada. Com mais de um ano, a criança pode começar a usar uma escova infantil sem pasta de dente, explica a cirurgiã-dentista Adriana Marzzoni, autora do “Guia Prático de Odontologia para Gestante e Bebê”, que deve ser lançado no próximo dia 27.
Pode ser usada pasta de dente desde que seja sem flúor. Segundo ela, a criança pequena acaba engolindo parte da pasta. “O excesso de flúor no organismo causa a fluorose, que provoca manchas brancas nos dentes permanentes que ainda nem nasceram.” Quando já souber cuspir, em geral com cerca de quatro anos, a pasta já pode ser trocada por uma com flúor, mas é importante que alguém supervisione a escovação.
Provar mamadeira e assoprar comida podem passar bactéria para a criança
Provar a mamadeira no bico para ver se o líquido está quente antes de dar para o bebê tomar, assoprar a comida da criança e beijar na boca do filho são práticas condenáveis por especialistas.
Ao fazer isso, as bactérias na saliva da pessoa passam para a criança, inclusive as causadoras de cáries dentárias.
“Tão importante quanto fazer a limpeza correta é modificar esses hábitos tão prejudiciais”, afirma a cirurgiã-dentista Adriana Mazzoni. “Pode até acontecer de os pais terem a boca saudável, mas a criança, não. Quando vamos ver, o problema está na boca da babá.”
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