Pela primeira vez em 30 anos não foram observados incrementos nos indicadores de amamentação no Brasil.
Pesquisa acaba de ser publicada: Breastfeeding indicators trends in Brazil for three decades.
OBJETIVO:
Atualizar a tendência de indicadores de aleitamento materno no Brasil nas últimas três décadas, incorporando informações mais atualizadas da Pesquisa Nacional de Saúde.
MÉTODOS:
Utilizamos dados secundários de pesquisas nacionais com informações sobre aleitamento materno (1986, 1996, 2006 e 2013) para construir a série temporal de prevalência para os seguintes indicadores: amamentação exclusiva em crianças menores de seis meses (EBF6m), amamentação em crianças pequenas 2 anos de idade (BF), continuação do aleitamento materno em um ano de idade (BF1 ano) e continuação da amamentação aos dois anos de idade (BF2 anos).
RESULTADOS:
A prevalência de EBF6m, BF e BF1 ano aumentou até 2006 (aumentando de 4,7%, 37,4% e 25,5% em 1986 para 37,1%, 56,3% e 47,2% em 2006, respectivamente). Para esses três indicadores, houve estabilização relativa entre 2006 e 2013 (36,6%, 52,1% e 45,4%, respectivamente). O indicador BF2years teve um comportamento distinto – prevalência relativamente estável, cerca de 25% entre 1986 e 2006, e um aumento subsequente, atingindo 31,8% em 2013.
CONCLUSÕES:
A série temporal de indicadores de aleitamento materno no Brasil mostra uma tendência ascendente até 2006, estabilizando a partir dessa data em três dos quatro indicadores avaliados. Este resultado, que pode ser considerado como um sinal de alerta, requer avaliação e revisão de políticas e programas para promover, proteger e apoiar a amamentação, fortalecer as existentes e propor novas estratégias para que a prevalência de indicadores de amamentação volte para uma tendência ascendente.
Nossa Opinião:
Primeiramente parabenizamos @s autor@s Cristiano e Patricia Boccolini, Fernanda Monteiro, Sonia Venâncio e Elsa Giugliani pela pesquisa tão relevante e oportuna.
O que lamentamos é que o Brasil depois de ser elogiado no ano passado pela revista The Lancet como relatamos aqui no aleitamento.com, como um país que através de suas políticas conseguiu melhorar a prevalência do aleitamento. Agora, estagnados os indicadores de aleitamento que são uma forma de medição de impacto dessas ações.
Por acompanharmos a essa política desde que foi instituída em 1981, percebemos que nos últimos anos, embora bem formulada, essas ações pararam de serem efetivadas por falta de recursos. Com as medidas tomadas nos dois últimos anos que diminuíram ainda mais as verbas para saúde, educação, pesquisas e assistência social, prevemos a perda e involução de índices de amamentação já alcançados. Devemos cobrar dos governos, não só do Federal, mas dos estaduais e dos municipais para implementarem iniciativas de promoção, proteção e apoio que sabemos serem efetivas, designando recursos financeiros para que sejam concretizadas.
Exemplos de boas ações:
– Iniciativa Hospital Amigo da Criança; – cuidado mãe-canguru; cumprimento da NBCAL; comemoração do agosto dourado e semana mundial de aleitamento; Rede Alimenta/Amamenta Brasil; Unidades Básicas Amiga da Amamentação; Bancos de Leite Humano; capacitações, publicações; apoio à eventos como o ENAM – Encontro Nacional de Aleitamento Materno…
Prof. Marcus Renato de Carvalho, IBCLC.
No original
Rev Saude Publica. 2017;51:108. doi: 10.11606/S1518-8787.2017051000029. Epub 2017 Nov 17.
Breastfeeding indicators trends in Brazil for three decades.
Boccolini CS1, Boccolini PMM2, Monteiro FR3, Venâncio SI4, Giugliani ERJ5.
Abstract
OBJECTIVE:
Update breastfeeding indicators trend in Brazil for the last three decades, incorporating more up-to-date information from the National Health Survey.
METHODS:
We used secondary data from national surveys with information on breastfeeding (1986, 1996, 2006, and 2013) to construct the time series of prevalence for the following indicators: exclusive breastfeeding in children under six months of age (EBF6m), breastfeeding in toddlers under 2 years of age (BF), continued breastfeeding at one year of age (BF1year), and continued breastfeeding at two years of age (BF2years).
RESULTS:
The prevalence of EBF6m, BF, and BF1year increased until 2006 (rising from 4.7%, 37.4%, and 25.5% in 1986 to 37.1%, 56.3%, and 47.2% in 2006, respectively). For these three indicators, there was relative stabilization between 2006 and 2013 (36.6%, 52.1%, and 45.4%, respectively). The BF2years indicator had a distinct behavior – relatively stable prevalence, around 25% between 1986 and 2006, and a subsequent increase, reaching 31.8% in 2013.
CONCLUSIONS:
The time series of breastfeeding indicators in Brazil shows an upward trend until 2006, stabilizing from that date onwards on three of the four indicators evaluated. This result, which can be considered as a warning sign, requires evaluation and revision of policies and programs to promote, protect and support breastfeeding, strengthening existing ones and proposing new strategies so that the prevalence of breastfeeding indicators returns to an upwards trend.