Nova lei que obriga amamentação na Indonésia gera muita controvérsia
By Karishma Vaswani – Notícia da BBC, em Jacarta
Na Indonésia, uma nova lei foi aprovada estipula que todos os bebês devem ser exclusivamente amamentados durante os seis primeiros meses de vida. A partir do ano que vem, a nutriz (lactante) que não cumprir esta determinação pode ser multada em até 100 rúpias (£ 7.000; U$ 11.000) e condenada a até um ano de prisão.
Trabalhadores voluntários de saúde dizem que a área Cilincing de Jacarta tem uma das maiores taxas de mortalidade infantil na cidade. Quando você entra na favela de Cilincing ao norte de Jacarta, a primeira coisa que se percebe é o mau cheiro, uma curiosa mistura de mariscos e de lixo.
As pessoas vivem uma em cima das outras aqui, em barracos de lata empilhados contra a parede.
Cilincing é um lugar típico como muitas outras áreas pobres
Tudo isso contribui para as condições já insalubres e anti-higiênicas.
As crianças aqui ficam doentes, muitas vezes, motivo pelo qual a instituição de caridade “Mercy Corps” financiada pelos EUA começou a ensinar as mães sobre as vantagens da amamentação, há alguns anos.
Os trabalhadores da saúde dizem que uma das maneiras mais fáceis e mais eficazes para criar imunidade em crianças pequenas é a amamentar exclusivamente nos primeiros seis meses. O programa tem agora ações educativas ampliadas para mais de 30 favelas na região.
Em um seminário mensal, jovens mães com seus bebês se reunirem em uma sala apertada, para aprender sobre os benefícios do aleitamento materno exclusivo.
As mães jovens foram céticas no início sobre os benefícios do leite materno. Cucu Alowiya, o líder do grupo, disse-me o quão difícil foi inicialmente convencer as mulheres a amamentar exclusivamente seus filhos.
“No começo eles não acreditaram em mim”, disse ela.
“Eles me disseram que tinham visto os comerciais na TV dizendo que o leite da fórmula era melhor. Mas eu disse-lhes o leite materno é mais barato e mais prático e melhor para seus filhos”.
Os méritos de aleitamento materno exclusivo por seis meses têm sido defendidos pela Organização Mundial de Saúde e Unicef.
Ambas as organizações dizem que se as crianças indonésias fossem mais amamentadas, isto poderia ajudar a resolver altos índices de desnutrição no país.
Em uma pesquisa do governo de 2007, quase 40% das crianças menores de cinco anos que foram entrevistados relataram o crescimento prejudicado devido à desnutrição.
Quase todas as mulheres indonésias tradicionalmente amamentam seus filhos em algum momento após o nascimento, mas o problema reside no fato de que muitos não o fazem exclusivamente.
De fato, dados recentes têm demonstrado que as taxas de aleitamento materno exclusivo na Indonésia caíram 10% entre 2006 e 2008.
De volta ao trabalho
Mas a amamentação exclusiva para a maioria das mulheres – especialmente aqueles que precisam voltar a trabalhar para sustentar suas famílias – é um desafio muito real.
A Indonésia proporciona às mulheres uma licença de três meses de licença-maternidade remunerada.
Diana, 22 anos, adiou o retorno ao trabalho para que ela pudesse amamentar seu filho por mais tempo Diana viu os benefícios de amamentar seu filho. Quando ele nasceu, ela lhe dava leite materno, mas depois passou para o leite artificial quando ela pensou em voltar ao trabalho.
Diana diz que ele ficou muito doente, e perdeu peso. Ela voltou ao leite materno, e atrasou o seu regresso ao trabalho – mas ela não pode dar ao luxo de não trabalhar por mais tempo – ela precisa do dinheiro.
“É muito difícil que uma mulher trabalhadora amamentar seu filho por seis meses”, ela me disse quando nos sentamos em sua casa na favela.
“A fábrica onde eu trabalho não tem as facilidades necessárias, e eles não se preocupam conosco, para ser honesta.”
“Algumas de minhas amigas que têm voltado a trabalhar não tiveram escolha senão dar o seu leite infantil (fórmula) para as crianças.”
Mas o governo da Indonésia diz que a nova lei vai ajudar jovens mães como Diana, impondo regras que as empresas devem fornecer aos funcionários do sexo feminino com instalações de amamentação.
“A lei terá etapas detalhadas sobre como as empresas devem proporcionar os meios de apoio às mães a amamentarem, bem como a bomba para retirar o leite e lugar para armazená-lo”, afirmou Tari Tritarayati do Ministério da Saúde da Indonésia.
“Também vai regular as companhias de leite, para garantir que eles não dêem incentivos para os profissionais de saúde para empurrar seus produtos.”
Estes são passos significativos em um país que tem sido criticado por não fazer o suficiente para proteger os direitos das mães trabalhadoras.
MARKETING das Fórmulas infantis precisa ser regulado
Indonésia também ainda não adotou o Código Internacional de Comercialização dos Substitutos do Leite Materno, que regulamenta a publicidade de leites em pó, garantindo que seus produtos não sejam livremente comercializados para as novas mães que são facilmente influenciáveis.
Mas enquanto a nova lei da Indonésia tem sido aplaudida por ser um passo na direção certa – alguns profissionais na comunidade médica pensam que estas medidas não terão muito alcance.
Dr Fransiska Erna Mardiananingsih diz que o governo deve concentrar seus esforços no poderoso mercado multi-milionário, da indústria de leite da fórmula.
Um milhão de bebês nascem, em média, na Indonésia, a cada ano.
“As mãos das empresas de leites infantis modificados para lactentes estão por toda parte,” diz o Dr. Mardiananingsih.
“A informação destas indústrias é realmente enganosa. Alguns anúncios dizem que seus produtos estão muito próximos da composição do leite materno, ou ter conteúdos adicionais de determinados nutrientes, o que torna seus bebês mais inteligentes ou mais saudáveis, ou mais nutridos. Este tipo de informações confunde as mães.”
…
Resumido e traduzido por Dr.
COMENTÁRIO:
Mães não devem ser OBRIGADAS a amamentar:
não funciona.
As mulheres não podem ser compelidas a dar o peito, além do que não “funcionaria” já que o aleitamento materno é um ato psicossomático.
A nutriz deve se sentir apoiada e bem para dar o seio com prazer.
Esta lei que pune a mulher que não amamentar é um ABSURDO.
O que as mulheres precisam é de informação, apoio, de uma carga de trabalho menor e serem protegidas do marketing não ético das indústrias e comerciantes de alimentos infantis, mamadeiras e bicos.
Prof.
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New Indonesia breastfeeding law stokes controversy
By Karishma Vaswani BBC News,
New
Aid workers say the Cilincing area of Jakarta has one of the highest infant mortality rates in the cityWhen you enter the slum of Cilincing in north Jakarta, the first thing that hits you is the stench; a curious mixture of shellfish and rubbish.
Cilincing overlooks the sea. Children play in its dark alleyways as fishermen weave through, selling their wares. People live on top of one another here, in tin shacks stacked up against the walls.
Cilincing is typical of many impoverished areas in
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Breast milk
Children here get sick often, which is why US-funded charity group Mercy Corps began teaching mothers about the merits of breastfeeding a few years ago.
Health workers say one of the easiest and most effective ways to build up immunity in young children is to breastfeed them exclusively for the first six months. The programme has now extended to more than 30 slums in the area.
At a monthly seminar, young mums with their babies gather in a cramped room, to learn about the benefits.
The young mothers were sceptical at first about the benefits of breastfeedingCucu Alowiya, the groups leader, told me how difficult it was initially to convince the women to exclusively breastfeed their children.
“In the beginning they didnt believe me,” she said.
“They told me they had seen commercials on TV saying formula milk was better. But I told them breast milk is cheaper and more practical, and better for their children.”
The merits of exclusive breast-feeding for six months have been espoused by the World Health Organization and Unicef.
Both these organisations say that if Indonesian children get this kind of care, it could help to address high malnutrition rates in the country.
In a 2007 government survey, almost 40% of the children under five who were surveyed reported stunted growth due to malnutrition.
Almost all Indonesian women traditionally breastfeed their children at some point after birth, but the problem lies in the fact that many dont do it exclusively.
In fact, recent data has shown that exclusive breastfeeding rates in
Back to workBut exclusive breastfeeding for most women – especially those who need to go back to work to support their families – is a very real challenge.
Diana, 22, works in a garment factory, and took time off after she gave birth to her son.
Diana, 22, put off returning to work so that she could breastfeed her son for longerDiana has seen the merits of breastfeeding her son. When he was first born, she fed him breast milk but then switched to formula milk when she thought about going back to work.
Diana says he became very sick, and lost weight. She switched back to breast milk, and delayed her return to work – but she cant afford to put it off any longer – she needs the money.
“Its very difficult as a working woman to breastfeed my child for six months,” she told me as we sat in her house in the slum.
“The factory where I work doesnt have the necessary facilities, and they dont care about us to be honest.
“Some of my friends who have gone back to work have had no choice but to give their children formula milk.”
But the Indonesian government says the new law will help young mothers like Diana by enforcing rules that companies must provide female employees with breastfeeding facilities.
“The law will have detailed steps on how companies must provide facilities for nursing mothers to breastfeed as well as to pump and store their breast milk,” said Tari Tritarayati of Indonesias Ministry of Health.
“It will also regulate milk companies, to ensure they dont give incentives to health care workers to push their products.”
These are significant steps in a country which has been criticised for not doing enough to protect the rights of working mothers.
Formula milk debateIndonesia has also yet to adopt the International Code of Marketing of Breast Milk Substitutes, which regulates the milk formula industry by ensuring that its products arent freely marketed to new and easily influenced mothers.
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Nestle believes that breast milk is best for babies, and we support exclusive breastfeeding for six months from the babys birth?
Statement from NestleBut while Indonesias new law has been applauded for being a step in the right direction – some in the medical community feel it doesnt go far enough.
Dr Fransiska Erna Mardiananingsih says the government should focus its efforts on the powerful, multi-million dollar formula milk industry.
A million babies on average are born in
“The hands of the formula companies are everywhere,” says Dr Mardiananingsih.
“These companies host promotional events… The information is really misleading. Some adverts say their products are very close in composition to breast milk, or have certain additional nutritional content, which makes your babies smarter or healthier, or fatter. This kind of information confuses mothers.”
But milk formula companies say thats not true.
Nestle, one of the biggest players in
“Nestle believes that breast milk is best for babies, and we support exclusive breastfeeding for six months from the babys birth.”
The statement goes on to say that Nestle also provides breastfeeding rooms in their offices, and breastfeeding posters to health institutions.
It is a debate that will likely continue as the officials try and figure out how best to implement the new law.
There are still many unanswered questions – how will the law be enforced? What sorts of checks will there be to ensure companies build facilities for working mothers? How realistic is it that milk formula companies will be prosecuted for breaking the new law?
Ensuring that this law is properly implemented is critical.
Malnutrition has been the cause of death of millions of young Indonesian children. The new law is a well-intentioned attempt to address the crisis.
The government needs to ensure it targets those who stand in the way of its efforts for the sake of the next generation.
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